7 de mai. de 2011

O EVANGELHO DO JAGUAR


O EVANGELHO DO JAGUAR



APRESENTAÇÃO



         Quando planejamos a elaboração deste trabalho, objetivando visão mais ampla dos Evangelhos sob o ponto-de-vista da Doutrina do Amanhecer, verificamos que a estrutura principal – o Evangelho segundo João – poderia ser acrescida por trechos de outros Evangelhos, complementando o que encontramos nos versículos 24 e 25 do Capítulo 21, de João: 24 Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas, e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. 25 Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.” E por que nos basearmos no texto de João?
         Segundo os estudiosos, João, filho de Zebedeu e Salomé, irmão de Tiago Maior, era pescador e tornou-se um dos primeiros discípulos de Jesus. Foi  “o discípulo que Jesus amava”, como escreveu em algumas passagens, não citando seu próprio nome. Acompanhando o Mestre, sempre muito próximo, fez a sua obra evangélica em Éfeso, onde chefiava as igrejas da Ásia Menor, cidade para a qual levara Maria, mãe de Jesus, após a crucificação.  Escreveu em grego, o que diminuiu as alterações de uma tradução do aramaico, língua corrente na Palestina do tempo de Cristo, e conseguiu um texto simples mas cheio de vida, que leva o leitor a um saudável questionamento. Tem algumas coisas que entram em desacordo com os outros Evangelistas, tais como a referência a duas Páscoas e a quatro viagens de Jesus a Jerusalém, bem como relata a última Ceia como sendo na data da morte do Cristo e não faz menção à instituição da Eucaristia. Além disso, João ressalta a liturgia e, dispensando o relato de numerosos fenômenos que encontramos nos outros Evangelhos, nos dá uma visão pessoal de Cristo e de suas obras e, especialmente, se dedica ao testemunho de que Jesus é o Filho de Deus enviado à Terra por amor, com a missão de desvendar aos homens a vida eterna. João não se preocupou com o relato dos milagres mas, sim, com a filosofia de Jesus, que supera os fenômenos ocorridos para se projetar como a grande Luz que chega aos nossos corações, distantes há dois mil anos da presença física do Senhor.
         Foi deportado para a ilha grega de Patmos, onde realizou muitos fenômenos, entre eles o de ter saído ileso quando, por ordem de César, foi jogado em um caldeirão de azeite fervente. Durante sua prisão na ilha, teve uma terrível visão e descreveu-a no Apocalipse. Depois de liberto, voltou a Éfeso, onde morreu.
         Mas, na verdade, o que nos levou a dar esta estrutura ao trabalho foi o fato de que João Evangelista era uma reencarnação do grandioso Espírito de Pai Seta Branca, mais uma vez presente naquele momento em que a Terra passava por grande transformação. Junto a Jesus – de quem é irmão espiritual – João fez o despertar das consciências para uma nova era que se iniciava, um novo ciclo na história do nosso planeta, e até hoje suas palavras nos dão forte e profundo conhecimento da natureza e da missão do Cristo.
         Se acompanharmos a história do desenvolvimento do espírito humano na Terra, vamos encontrar a presença do Espírito de Pai Seta Branca naqueles momentos críticos, de transição global, fazendo a ligação transcendental da humanidade com seus destinos cármicos, a conjunção das nossas raízes e a pacificação e iluminação dos espíritos encarnados e desencarnados, reunindo, sempre, a Tribo dos Jaguares.                               João Evangelista
         Hoje, essa missão se faz presente pela Doutrina do Amanhecer, e a projeção de Luz e Amor de Pai Seta Branca nos envolve, harmonizando nossas mentes e nossos corações, energizando nosso Sol Interior e nos dando condições de resgatar nossas faltas centenárias, reajustando com nossas vítimas do passado, espíritos encarnados e desencarnados, e, o que é muito importante, conscientizando o Jaguar para o bom cumprimento de sua missão na Nova Era. Em sua mensagem de 31 de dezembro de 1980, Pai Seta Branca foi incisivo: “O processo para se voltar ao Supremo é um ramo de conhecimento diferente, e é preciso aprendê-lo no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.”

Salve Deus!

José Carlos do Nascimento Silva
Trino Regente Triada TUMARÃ

Vale do Amanhecer, 24 de junho de 2001


PARTE I - O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO


1 - A ENCARNAÇÃO DO VERBO (1; 1-18)

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele e, sem ele, nada do que foi feito se fez.  A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.  A luz resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João.  Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele.  Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz.  A saber: a verdadeira luz que vinda ao mundo ilumina a todo homem.  Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu.  Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.  Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome;  os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: O que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim.  Porque todos nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.  Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.

Este princípio da jornada da vida na Terra está simplificado, baseado na história hebraica, sendo os seres e coisas denominados tão somente como “Verbo”. Trata da formação geológica do planeta e do surgimento da vida, forma aperfeiçoada de vibração energética, que deu origem aos minerais, aos vegetais e aos animais. Na linguagem comum, verbo é a palavra que exprime uma ação, uma modificação de estado, uma afirmação. Na Psicologia, é a palavra interior, mental, constituída por conjunto de imagens auditivas, visuais, motoras e outras, que se sucedem na mente humana como se fossem intermediárias entre o pensamento mudo e a palavra exterior, expressa. Temos o Verbo Divino, segunda pessoa da Santíssima Trindade, que, segundo o Evangelho, fez-se Homem na figura de Jesus Cristo. Na Doutrina do Amanhecer, o Verbo é uma classificação espiritual em SETE níveis vibracionais, em que se determinam as diversas condições de atendimento na projeção de forças. Do Segundo ao Terceiro são uma condição exclusiva das Ninfas do Amanhecer: as Ninfas Sol são do Terceiro Verbo e as Ninfas Luas do Segundo Verbo, porque estas não fazem elevações dos espíritos Inluz, o que só é permitido às ninfas do Terceiro Verbo. Os mestres atingem do Quarto ao Quinto - os Ajanãs - e os Doutrinadores do Sexto ao Sétimo. Isso só vale para aqueles que têm os plexos iniciáticos. Antes da Iniciação, quando ainda não receberam a projeção do Raio de Eridan, os médiuns em desenvolvimento são todos – tanto Lua como Sol –  do Primeiro Verbo. Pelo Verbo – ou seja, pela Palavra (emissão ectoplasmática) – eles atingem diferentes planos espirituais na força de seus trabalhos. Por isso, não há como um Mestre ou uma Ninfa Lua fazer uma entrega, porque ela não tem o Verbo – a emissão – com a força necessária àquela elevação. Quando deixamos Capela e chegamos à Terra, com a missão de trazer ao Homem, um animal que evoluíra e já estava em condições de ser espiritualizado, o terceiro plexo, éramos portadores da Luz que iria afastar as trevas da ignorância do Homem. Em duas mensagens Koatay 108 nos falou dessas origens:

·        “Dizem os nossos antigos que, ainda na era em que o vento uivava e as frondosas raízes, como tentáculos de um polvo feroz, se salientavam da terra e, na vida, reclamava o Homem o seu calor, foi-lhe concedido o Sol Simétrico da Vida do raciocínio! Deus atravessou o primeiro raio do raciocínio, formando o plexo primeiro e o segundo, onde a alma se acomodava. O primeiro sustentava o centro nervoso físico - o corpo - que é o poder do prana. O segundo - o PLEXO PRANA - é a vida no centro nervoso, conforme o seu amor ou comportamento, alimentando-se pela Presença Divina, enquanto o plexo etérico rompe o neutrom e sustenta o corpo, a carne. O Homem vindo de Capela chegou a viver em corpo fluídico, a ponto de fecundação, e nas grandes amacês nasceram os primeiros Homens com o Terceiro Plexo, formando o Sol Interior, que é a formação total do Homem, que forma o elo entre o Céu e a Terra, que é o mais importante: o microcosmo ou microplexo. Por Deus, formou-se o terceiro plexo! Deus e seus Grandes Iniciados formaram, na Terra, o poderoso Helios, que quer dizer Sol Simétrico, onde o Homem cresceu e se organizou na santa Centelha Divina. E como tudo é completo neste Universo de Deus, seguiu-se o plexo da vida na natureza, do animal e da planta. Foi colocado o plexo animal. Surgiu o poderoso ERON, que quer dizer “Sol do Prana”.  Eron, conduzido pelo prana, conduz as forças da Natureza, em uma só obediência, para Deus. Vieram, então, as grandes inteligências. Formaram-se, também, os poderosos sacerdócios. Saindo o mundo da somente Natureza, veio a necessidade da Contagem das Tribos, e elas recebiam o Raio pertencente à sua evolução e sobre suas origens.”  (19.9.80)
·        “Houve uma era em que o Sol e a Lua apareciam mas ainda não se entendiam: nem era dia, nem era noite. A Terra era uma grande formação e seus habitantes não surgiam... A Terra passou a gerar muitos animais, mas ainda não sabia gerar o Homem! Porém, tudo era Deus! Deus pintando lindas aquarelas, plantando e fazendo nascer árvores - plantou e viu nascer, crescer. Abriu as cachoeiras, os regatos... Emitia em canto a sua Luz silenciosa... e ficava hieroglificamente a sua harmonia luminosa, até que uma grande nave chegou a este maravilhoso planeta e seus tripulantes se comprometeram a voltar para formar seus habitantes. Subiram, subiram, e desapareceram no resplendor das estrelas. A Terra era inluz. Cumpriram o que disseram: voltaram... voltaram, porém aqui não poderiam ficar. O aroma das matas frondosas, das rosas... tudo o que Deus, tão seguro, já havia plantado, eles não podiam, não conseguiriam respirar se não criassem o plexo físico! Criaram, modificaram, engrossaram a sua estrutura, e estes deuses se fizeram homens, ficando claro que o espírito como Homem poderia viver na Terra. E, assim, puderam voltar, puderam ficar. Porém, o contato com outros mundos, outras matérias... Salve Deus! A partir de então, o Homem começou a se promover, esfera sobre esfera, em ritmo de luz e sombras, paz e guerras, amor e ódios... Veio o grande perigo: a falta de contato, a solidão... Largavam-se do seu plexo físico e caminhavam sem harmonia, sem consciência, e com isso começaram a se perder, desaninharam-se, pois o espírito encarnado depende do plexo físico, da pressão sangüínea... ectolítero, ectolítrio, ectoplasma... Por que este desajuste tão grande se eram seres divinos? O plexo físico orgânico desajusta o plexo etérico, principalmente quando vivemos na baixa individualidade.” (11.6.84).

         Já nesta fase inicial vemos a atuação de Pai Seta Branca, que foi o espírito nosso condutor, fazendo com que tudo evoluísse de acordo com a vontade de Jesus, a quem está entregue a regência do nosso planeta. Jesus e Pai Seta Branca estruturaram o início da nossa missão. A criação, porém, foi de Deus Pai Todo Poderoso. Definida a missão de Jesus pelo poder de constituir o nosso mundo, passou Ele a guiar a existência humana, esclarecendo as civilizações pela presença dos Espíritos Iluminados. Há cerca de trinta dois mil anos antes de Cristo, chegou à Terra um grupo de espíritos missionários originários de Capela Estavam plenos de Deus e da Eternidade, pois sua constituição era de pura luz e sua individualidade era conhecida apenas de Deus e dos Grandes Mestres. Para poderem cumprir sua missão, passaram a habitar corpos densos e, para operá-los, tiveram necessidade de criar corpos intermediários - as almas. Os Capelinos vieram em chalanas, desembarcando em sete pontos do nosso planeta – nos Himalaias (região atual do Tibet); na Mesopotâmia (atual Iraque); nos Hiperbóreos (atual região ártica, incluindo a Groenlândia e o Alasca), na Atlântida (atualmente submersa pelo oceano Atlântico); na Egea (civilização que foi submersa na região do mar Mediterrâneo, dando origem às ilhas gregas do mar Egeu); no Planalto Central Africano (entre o lago Vitória e nascentes do rio Congo, no Zimbabwe); e na cordilheira dos Andes (na faixa oriental da América do Sul, atuais Peru, Bolívia e Colômbia), onde foram formados portais de integração com forças cósmicas e extracósmicas, constituindo-se em raízes. Nestes pontos – as sete raízes - os Capelinos foram padronizando a exploração das energias vitais com vistas à energização da Terra, enquanto utilizavam energias das usinas solares contrabalançadas pelas geradas por usinas lunares. Cada uma das regiões ocupadas tinha seus planos evolutivos, sendo controladas suas alterações na crosta terrestre e dispondo de aparelhos específicos para os trabalhos. Com as quedas sofridas por estes espíritos Capelinos, as raízes foram sendo perdidas pelo Homem, permanecendo em contínuo funcionamento a dos Himalaias. Tia Neiva, missionária que foi incumbida da renovação dos espíritos Capelinos na Terra, através do estabelecimento da Doutrina do Amanhecer, com base em duas raízes – a dos Himalaias e a Andina - teve, também, que reavivar as forças adormecidas das outras cinco, preparando a humanidade para o III Milênio. Isso foi obtido no 1º de Maio de 1980, quando a Grande Consagração reuniu as sete raízes, propiciando ao Jaguar a sua verdadeira condição de trabalhador da última hora. “A Luz resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram contra ela” nos diz da ignorância em que estavam os grupos humanos quando aqui chegamos. Esse trecho do Evangelho relata os esforços da Espiritualidade Maior para aprimoramento das mentes humanas, com conhecimento e compreensão de seus caminhos cármicos, e para lhes dar a visão da Luz. Nos versículos 6 e 7, João nos fala de João Batista, o precursor de Jesus, com a missão de abrir as mentes e os corações dos homens para que entendessem a chegada do Messias, preparando o caminho para o Cristo naquela difícil passagem de ciclo, alertando o povo de Israel para a presença de Jesus entre eles. Era um espírito tão superior que, segundo Lucas (7,28): “De entre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João”. Seu nascimento foi anunciado pelo Arcanjo Gabriel a Isabel e Zacarias, e contam que, ainda em gestação, se movimentou energicamente de alegria quando Isabel se encontrou com a prima Maria, grávida de Jesus. Teve sua educação religiosa com os Essênios, e iniciou sua missão pregando a penitência e atacando os maus costumes e a falsa religiosidade dos fariseus e Saduceus. Alguns de seus discípulos foram os primeiros discípulos de Jesus. Nos versículos 8 e 9, nos revela a missão de Jesus como enviado de Deus, isto é, Cristo não era a Luz, mas vinha dar o testemunho da existência da Luz. Por seu intermédio, a Luz alcançaria cada um dessa humanidade, pondo o homem em situação de poder evoluir sua inteligência, sua sensibilidade e seu espírito pela iluminação interior. É a base do que aparece mais à frente, quando Jesus diz: “... ninguém vai ao Pai senão por mim!”. É preciso, pois, despertar a força da partícula divina que cada um de nós traz dentro de si, pois significa Jesus dentro de nós, confiando nos nossos Mentores, sabendo usar as forças que nos foram confiadas para auxiliar nossos irmãos encarnados e desencarnados, nos dando condições de podermos ser iluminados por esta Luz divina. João afirma que Jesus fez o mundo, o que significa que Ele já existia antes de nossa criação, e que por força das leis da evolução, nossas mentes não alcançavam essa tarefa nem os benefícios que os nossos espíritos colheriam em suas reencarnações na Terra. “O mundo não o conheceu...” e, assim como no passado longínquo, temos até hoje milhões de espíritos que não conhecem Jesus, nem sentem a grande missão que o Mestre desempenha junto a nós. Seu amor, projetado em cada coração que aprendeu a amar seus semelhantes, pode ser sentido nos nossos trabalhos e rituais, através de Pai Seta Branca e de nossos queridos Mentores, e o Jaguar que estiver equilibrado, dentro da correta conduta doutrinária, dedicando-se à Lei do Auxílio, sabendo perdoar e praticar a misericórdia, será considerado um filho de Deus. Seguimos o Caminheiro pela Nova Estrada que nos ensinou, observando seus mandamentos e obedecendo às leis que nos regem neste Amanhecer, podendo, assim, nos tornarmos filhos de Deus, conforme diz João: “... a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber, os que crêem em seu nome...” É importante saber, também, que existem espíritos iluminados distribuídos pelos vários segmentos da humanidade e em diversas seitas e religiões, agindo dentro de suas respetivas missões, levando a Luz e a misericórdia divina a inúmeros irmãos, e que são verdadeiros filhos de Deus. Quando João diz que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade...” está se referindo à presença de Jesus, que se revestiu de um corpo visível para todos, composto por carne verdadeira, mas com invólucro só relativamente material, sendo seu corpo fluídico de natureza celestial, sem mácula e isento da corrupção, por isso mesmo cheio da verdade. A própria natureza de sua gestação é a prova de que, embora matéria, Jesus teve condições especiais para viver aqui na Terra, ser visto por todos e sofrer o martírio da crucificação. Jesus mesmo se denominava Filho do homem, pois foi concebido por obra do Espírito Santo, não sendo gerado por um casal humano, como manda a lei biológica, mas, sim, pela projeção da Luz, condensação de energia do Pai Celestial, pura e cristalina, que lhe deu o invólucro biogênico e fez com que Ele pudesse ser concebido aparentemente como todas as crianças, apenas para não escandalizar o mundo da época. Assim, nasceu, cresceu e teve uma vida aparentemente igual à de todos os homens, sob o ponto-de-vista físico.        A seguir, o Evangelista narra a afirmativa de João Batista: “...O que vem depois de mim tem, contudo a primazia, porquanto já existia antes de mim”, assim confirmando a presença de Jesus desde a formação do mundo. Disse, ainda, que a lei nos fora dada por Moisés, mas que a graça e a verdade nos eram trazidas por Jesus, demonstrando a necessidade de, naquela época, quando os homens estavam em estágios ainda primitivos de sua evolução, serem regidos por ordens imperiosas – os mandamentos -, pelos quais eram contidos os baixos instintos, estimulados o amor e a obediência tradicional e a tendência à adoração de múltiplos deuses. Estava a humanidade trilhando a Velha Estrada, do “olho por olho, dente por dente”. Cristo veio ensinar o homem a amar, a ser humilde e a perdoar, e sem anular os mandamentos, fez com que todos entendessem que o Pai estava pronto a ajudar àqueles que buscam o caminho da paz e da caridade, perdoando aqueles que se arrependessem de suas faltas cometidas, concedendo-lhes a graça da clemência e o esclarecimento da verdade para os espíritos que buscam sua evolução. A Nova Estrada! Pelo Cristo foi possível conhecer o Pai, pois Jesus sempre testemunhou Sua existência nas diversas passagens em que sempre afirmou que era, apenas, instrumento de Deus. Cristo é um título que, desde o antigo Egito, era usado para indicar um Grande Iniciado, um espírito de tal magnitude que poderia ser, para nosso entendimento, um co-responsável pelo Universo. É uma palavra que vem do Egito - Knery’secheta - e da Grécia - Christos. Em Hebreu, Jesus (Jehoshuá) quer dizer “Deus Salva”, e a Jesus foi concedido o título Cristo, o “Ungido”, no entender dos Evangelistas. Todavia, Cristo é muito mais significativo do que simplesmente o Ungido. É um título concedido apenas àqueles Grandes Espíritos que têm marcante missão na Terra. Quando esteve entre os Essênios, quando recebeu sua primeira Iniciação, Jesus já era reconhecido como o Filho de Deus, enviado para sofrer e dar o exemplo de tolerância, humildade e amor a todos os que conviveram com Ele e àqueles que viriam depois, através dos séculos

2 – O TESTEMUNHO DE JOÃO BATISTA (1; 19-34)

Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu?  Ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. Então lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Declara-nos que és para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo?  Então ele respondeu: Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. Ora, os que haviam sido enviados eram de entre os fariseus. E perguntaram-lhe: Então porque batizas se não és o Cristo nem Elias, nem o profeta? Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas no meio de vós está quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. Estas coisas de passaram em Betânia, do outro lado do rio Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte, João viu Jesus que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!  É este a favor de quem eu disse: Após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água. E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água, me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espirito Santo.  Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus.

         É interessante ver como os espíritos de Luz se submetem às leis, como no caso de João Batista, em que a passagem pelo sono cultural lhe deixou esquecido de suas vidas anteriores, pois, na realidade, ele fora Elias. Também era preciso não revelar este fato, embora os hebreus tivessem uma tradição que dizia poder um homem retornar à vida na Terra para completar uma obra interrompida pela morte. Mas os espíritos que assistiam o profeta consideraram mais prudente manter o segredo, porque os sacerdotes e os levitas duvidariam, embora esperassem a volta de Elias. João Batista usava a água para batizar aqueles que haviam se arrependido de suas faltas e, pelo gesto simbólico do batismo, lavavam seus corpos e limpavam seus corações. Diante do profeta, pediam a purificação de seus plexos físicos, que se refletiria em seus espíritos, levando-os ao amor e à caridade. Quando João Batista encontrou Jesus, viu que estava ante aquele a quem havia anunciado – o Filho de Deus – porque teve a visão do Espírito Santo, como uma pomba, descendo sobre Ele. E chamou Jesus de “Cordeiro de Deus” porque, entre os hebreus, o cordeiro imaculado era oferecido em sacrifício, na cerimônia de propiciação. O profeta                   João Batista
sabia que Jesus representava o cordeiro a ser sacrificado na cruz, propiciando à humanidade condições para resgatar suas vidas e fatos transcendentais que conduziriam à evolução dos espíritos. Evolução é o desenvolvimento progressivo que se faz nos três reinos da Natureza, na Terra. O processo evolutivo terrestre foi alterado em algumas eras, e continua sofrendo interferências, sempre que isso for necessário para a Humanidade, por parte dos Grandes Mestres. Na era dos Equitumans, por exemplo, houve um súbito desaparecimento dos grandes animais, como mastodontes e dinossauros, causado por ações dos Capelinos. Na atualidade, segundo Amanto, há muitas regiões da Terra, distantes da civilização, onde estão acontecendo fatos extraordinários ligados à modificações da vida animal. Em cada plano de vida – revela Amanto – existe sempre uma interferência dos planos espirituais, sempre visando o aperfeiçoamento das condições do planeta, de acordo com a predominância de seus respectivos planos –  físico, psíquico e espiritual. O Vale do Amanhecer é a presença da mão de Deus, possível numa região onde existe a hegemonia psíquica, com tendência à espiritual, o que torna possível a ação dos Grandes Mestres dos Planos Divinos.  A evolução de um espírito se faz  através dos milênios, onde, por sucessivas encarnações, consegue sua espiritualização crescente, agindo, reagindo e interagindo com o Universo, buscando o retorno à sua origem. O Homem evolui de duas maneiras: por meio de seus próprios infortúnios – a mais eficaz – ou através dos alheios – a mais penosa. O Jaguar procura chegar a Capela, e numa jornada de mais de trinta mil anos, caindo, levantando, vibrando, chega, finalmente, ao limiar da Nova Era, numa marcha evolutiva que teve que enfrentar guerras, lutas, ódios, perseguições, para se conscientizar de suas forças, para aprimorar seus conhecimentos e, entendendo melhor a si mesmo e ao mundo que o envolve, enfrentar seus reajustes e cobranças, sempre atuando plenamente com amor, tolerância e humildade. Aprendeu a usar sua mediunidade para trabalhar na Lei do Auxílio, mas sabe que, pelo seu trabalho espiritual, apenas tem merecimento e alívio cármico. Sua evolução vai depender de sua expansão para planos mais elevados, despertando suas qualidades inatas e liberando suas latentes potencialidades, fazendo com que se modifique internamente, naturalmente dominando seus impulsos para cometer erros. Por isso, nossa evolução não depende de nossas ações, mas sim de nossas reações – especialmente de nossa humildade - diante de atos e fatos proporcionados por nossos irmãos encarnados e desencarnados, destacando-se os casais e as famílias físicas, onde os choques são comuns e profundos. Desde aquele remoto momento em que recebeu seu plexo iniciático, o médium do Amanhecer evolui, em sua passada irregular, mas sempre confiando que, com suas ações, pode mudar seu destino cármico e evoluir.

3 – OS PRIMEIROS DISCÍPULOS DE JESUS
(1; 35-51)

No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos, e vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus! Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, seguiram Jesus. E Jesus voltando-se e vendo que o seguiam disse-lhes: Que buscais? Disseram-lhe: Rabi (Mestre), onde assistes? Respondeu-lhes: Vinde e vede! Foram, pois, e viram onde Jesus estava morando; e ficaram com ele aquele dia, sendo mais ou menos a hora décima. Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele achou, primeiro, o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias! E o levou a Jesus. Olhando para ele, Jesus disse: Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro). No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e encontrou Filipe, a quem disse: Segue-me! Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro. Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas, Jesus, o Nazareno, filho, de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê! Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo! Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi quando estavas debaixo da figueira. Então exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és Rei de Israel! Ao que Jesus lhe respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás! E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.

         O trabalho de João Batista envolvia alguns discípulos e, pela preparação feita pelo profeta, todos já esperavam ansiosamente a presença do Filho de Deus. Logo que Jesus se apresentou a João Batista, ficaram maravilhados e curiosos. A serenidade e o amor radiantes do Mestre envolveram todos que ali estavam. E os dois primeiros a se apresentarem a Jesus foram André e Simão. A este Jesus chamou de Pedro, e, como relatam os outros Evangelistas, lhe disse que sobre ele ergueria sua Igreja. Ora, temos que tornar claro que esta Igreja se refere à idéia de sua tradução do termo hebreu – qâhâl Yahweh – que significa “Povo de Deus”, não sendo essa classificação no plano físico, mas sim no espiritual. Simão Pedro tinha mediunidade extremamente aflorada, já reencarnando para a gloriosa missão que lhe foi destinada na expansão do Cristianismo. Todavia, pela influência de políticos e sacerdotes, esta passagem foi declarada como o marco de fundação da Igreja Católica, Apostólica, Romana, que consagrou Simão Pedro como seu primeiro Papa. Na verdade, a Igreja de Jesus é a união universal de todos aqueles que seguem os passos do Caminheiro, seja onde for ou onde estiverem. Não é propriedade de nenhuma seita ou religião, que têm suas leis e ações, em sua maioria, voltadas para as atividades horizontais. Na Doutrina do Amanhecer, pelo exemplo de Tia Neiva, nossa Mãe Clarividente, Koatay 108, temos a oportunidade de participar dessa Igreja de Jesus, baseando nossas atividades no amor, na tolerância e na humildade. E todo aquele que assim vive, esteja em que religião estiver, estará dentro desta Igreja, que não é do plano físico, mas, sim, erigida no coração de cada um. Disto temos o testemunho de Francisco de Assis, outra reencarnação de Pai Seta Branca, quando, preocupado com o tipo de templo que Jesus lhe pedia para construir – de pedra, de barro, etc. – foi orar e ouviu o Mestre dizer-lhe: “Nada disso, filho. Quero que construas um templo no interior do coração de cada homem!” Essa idéia deve ser compreendida por todos. Vemos, na Doutrina do Amanhecer, mestres que assumem a responsabilidade de constituir um Templo em lugares os mais variados. Alguns só têm a preocupação em construir um grande Templo, de enchê-lo de mestres e pacientes, buscando saciar a sede da vaidade e do reconhecimento dos Trinos Triada e do corpo mediúnico. Frustrados, vêem desmoronar os seus sonhos e, como tem acontecido, entregam a presidência do Templo a outro mestre. O prudente, que sabe os caminhos da Espiritualidade, busca, primeiro, a formação de seu povo, conduzindo mestres e ninfas dentro da conduta doutrinária, propiciando-lhes condições de fazerem corretamente as consagrações e se preocupando com o bem estar e a realização de cada componente, obedecendo às leis do Amanhecer e sem pressa das grandes realizações no plano físico. Tudo tem seu tempo, principalmente quando temos a responsabilidade de lidar com Jaguares, espíritos aguerridos e sofredores, cuja caminhada é longa e precisa do cuidado crístico para vencer seus obstáculos transcendentais, que se projetam em suas mentes e em seus corações, e poder, de verdade, incorporar-se à Igreja de Jesus. Uma das maiores preocupações do Jaguar deve ser com o seu comportamento, isto é, o conjunto de atitudes e reações do indivíduo em face do meio em que vive, devendo buscar dentro de si e do conhecimento da Doutrina as regras básicas que irão orientar suas ações, seus gestos e suas palavras, de maneira a não afrontar seus semelhantes nem as leis sociais do nosso mundo, procurando seu autoconhecimento e a convivência consigo mesmo. Deve cuidar, conscientemente, de ter um comportamento dentro da conduta doutrinária. Seus pensamentos devem ser positivos; suaves os seus gestos; verdadeiras as suas palavras; mansa a sua voz e firmes as suas atitudes. Cada um de nós sabe o que é bom e o que é mau, diferenciadamente de outras pessoas que não conhecem a Doutrina. De acordo com a vida que cada um de nós leva, com o conhecimento doutrinário, determinamos nosso comportamento. Não estabelecemos, na Doutrina, limites de comportamento nem é pretendido estabelecê-los, pois todos e cada um sabem que são donos de sua razão. Dentro das metas cármicas de cada um, dependendo de nossa sintonia com a Espiritualidade Maior, aprendemos que a vida é um caminho difícil, mas que podemos cumpri-la mais facilmente com amor, humildade e tolerância, na certeza de que tudo vai depender muito de nosso comportamento diante dos Homens e dos acontecimentos que forem colocados em nosso caminho. Praticando a conduta doutrinária iremos aprendendo a passar os bons e os maus momentos, harmonizando nosso comportamento, sem ilusões nem mentiras. Temos que cultivar a simplicidade e a autenticidade. Não é preciso demonstrar ao mundo nossos sentimentos, bons ou maus. Nem fingir alegria ou tristeza, mantendo o controle dos sentimentos e atos que repercutem no nosso comportamento. Uma passagem evangélica de que nos fala Mateus (8; 24 a 27): “E, subindo numa barca, seguiram Jesus e seus discípulos. E eis que sobreveio no mar uma grande agitação, de modo a cobrir-se a barca de ondas. Jesus, porém, dormia. Então, chegaram-se a Ele os seus discípulos e O acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos que pereceremos! E Jesus lhes disse: de que estais receosos, oh, homens de pouca fé? E levantando-se, imperou aos ventos e ao mar, e logo seguiu-se uma grande bonança. E os homens se admiraram, dizendo: quem é este, ao qual os ventos e o mar obedecem?” O barco é nossa vida, e a tempestade são os acontecimentos que nela estamos enfrentando. Para que não tenhamos comportamento de pânico, vamos acordar Jesus dentro de nossos corações, e teremos a calma e a paz necessárias ao cumprimento de nossa jornada cármica. Koatay 108 sempre teve o maior cuidado e a maior preocupação com o comportamento dos mestres e ninfas, principalmente nos trabalhos dentro do Templo. Ela nos advertia para que tivéssemos rigor no nosso comportamento, pois muitos eram os que nos observavam, tanto no plano físico como nos planos espirituais. E pelo comportamento muitos têm se perdido em suas jornadas, esquecidos de que, nas 24 horas do dia, somos Jaguares, temos compromisso com nossa Corrente, temos que estar alertas com nossa conduta doutrinária. Quando vestimos qualquer indumentária que seja, devemos estar atentos aos nossos gestos e às nossas palavras, principalmente se estivermos no Templo. A área entre a porta do Templo e a Fonte da Estrela é uma região onde se movimentam grandes forças espirituais, pois ali são recebidos os pacientes, e muitos dos obsessores se deixam ficar naquela parte, apenas esperando sua vítima retornar, sem entrarem no Templo. É um local onde se deve ter maior respeito, pois não sabemos o que está nos rodeando. Em nosso comportamento devemos nos preocupar, sempre, em não sermos displicentes, especialmente com a Doutrina. Muitas coisas fazemos erradas, por não termos conhecimento. Isso a Espiritualidade Maior releva, pela nossa ignorância. Mas, quando sabemos e não agimos corretamente, por preguiça ou displicência, nosso mal é agravado e teremos que pagar, pela Lei de Causa e Efeito, pelo mal que causarmos. Assim, estejamos sempre alertas com nosso comportamento! Falando a Natanael, Jesus maravilhou-o relatando que o tinha visto sob a figueira, lugar onde estava escondido dos olhares humanos. Não sabiam, ainda, os discípulos, do grandioso poder do Mestre, que podia ver além do plano físico, penetrando nas mentes e nos corações, desdobrando-se para outros planos e realizando grandes fenômenos na sua condição de Filho de Deus. Mas Jesus fala das maravilhas que ainda seriam vistas, inclusive com a abertura do neutrom, propiciando a visão de anjos descendo do céu, espíritos de Luz interpenetrando planos.

4 - AS BODAS EM CANÁ DA GALILÉIA (2; 1-12)


Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus.  Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento. E tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho!  Mas Jesus lhe respondeu: Mulher, que tenho eu com isso? Ainda não é chegada a minha hora!  Então ela falou aos serviçais: Fazei tudo o que ele vos disser.  Estavam ali seis talhas de pedra que os judeus usavam para as purificações, e cada uma levava duas ou três metretas. Jesus lhes disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmente. Então lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram. Tendo o mestre-sala aprovado a água transformada em vinho, não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serviçais que haviam colocado a água, chamou o noivo, e lhe disse: Todos costumam servir primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora. Com este deu Jesus princípio a seus sinais, em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. Depois disso desceu ele para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.

         Nesta oportunidade, Jesus, sabendo que não havia chegado o momento propício, ainda queria manter segredo sobre seus poderes. A transmutação da água em vinho foi o primeiro milagre de Jesus, nas bodas de Caná,  passagem onde se registra o amor e o respeito de Jesus por Sua Mãe, atendendo ao pedido de Maria e realizando um milagre antes da hora prevista pelo Pai Celestial, conforme nos relata João. Vale observar que uma metreta eqüivale a 29 litros e o tratamento de “Mulher”, na resposta de Jesus à Sua Mãe, era, na época, uma forma de afetuoso respeito. Neste primeiro fenômeno, Jesus simplesmente aplicou seu poder de transmutação, que é a modificação provocada pela alteração do padrão vibratório, para mais ou para menos elevado, na estrutura de um ser, em qualquer dos três reinos da Natureza, modificando sua composição atômica. Foi pela ciência da transmutação que se erigiram os grandes monumentos de pedra, até hoje contemplados em sua magnificência e com técnica não desvendada pelos pesquisadores: os Tumuchy conheciam profundamente a transmutação, e faziam a areia virar água e virar pedra, bem como transmutavam o metal comum em ouro e em prata. A tão ambicionada Pedra Filosofal, procurada por cientistas e magos devido a seus efeitos de transmutar metais comuns em preciosos, nada mais é do que a Ciência da Transmutação. Atualmente, em nossa Corrente, a correta manipulação de forças gera efeitos de transmutação, causando a ocorrência de grandes fenômenos curadores pela alteração da composição química do organismo humano, levando ao equilíbrio, no plexo físico, da área vibracional, acertando cada uma das células que já estavam desorganizadas por agentes desestabilizadores, causadores da doença.

5 - JESUS PURIFICA O TEMPLO (2; 13-25)

Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém. E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas assentados;  tendo feito um azorrague de cordas, expulsou a todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, e derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.  Lembraram-se os seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa me consumirá!  Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal nos mostras para fazeres estas coisas? Jesus lhes respondeu: Destrui este santuário, e em três dias o reconstruirei! Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário e tu, em três dias, o levantarás?  Ele porém se referia ao santuário do seu corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus. Estando ele em Jerusalém, durante a festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que ele fazia, creram no seu nome. Mas o próprio Jesus não se confiava a eles porque os conhecia a todos. E não precisava que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana.

         A ambição tem levado os espíritos a tenebrosos abismos e conduzido seitas e religiões para sendas do obscurantismo. Todas as formas de exploração conduzem ao desastre. Quando uma corrente espiritual se envolve com problemas materiais, principalmente dinheiro, começa a declinar e a perder suas ligações com os planos espirituais. Tem sido assim com grandes organizações religiosas. Voltamos a Francisco de Assis, na sua simplicidade, pregando a renúncia aos bens materiais, não se deixando vencer pelo ouro e pela pompa do Vaticano, despertando no Papa os valores adormecidos ou esquecidos da Igreja de Jesus. A ganância destruiu imensas concentrações de devotos, e não há como conciliar o poder espiritual com o poder financeiro. Essa experiência deve ser cuidadosamente observada pelos Presidentes dos Templos do Amanhecer, evitando as contribuições compulsórias de dinheiro, para manutenção das instalações, pois isso está fora das Leis do Amanhecer. Nossa obrigação é com a Espiritualidade Maior, e não com a arrecadação de bens materiais. É certo que existem problemas a serem resolvidos no plano material, tais como limpeza, contas de luz e de água, etc. Mas têm que ser equacionados de forma expontânea, com a participação de quem puder, com o que puder. No momento em que se fizerem taxas e cobranças sem considerar as condições de cada componente, entra-se num perigoso desvio, cujas conseqüências podem ser terríveis para os dirigentes. Deve ser evitada a exploração na revenda de material doutrinário, com os preços sendo duplicados para o fornecimento de fitas, coletes e outros artigos. Tem que haver critério e um mínimo de repasse dos custos, buscando-se auxiliar àqueles que, na maioria dos casos, se sacrificam para poder manter em ordem suas indumentárias. Na Doutrina do Amanhecer não há como conseguir nada com ouro – nem perdão, nem ajuda, nem uma simples bênção. Ilusão, sim. Mas pobre daquele que se deixar levar pela ambição e transformar seu Templo em uma empresa. Não terá descanso, não terá harmonia nem equilíbrio, porque, mesmo que não perceba, Pai Seta Branca, embora lhe dando preciosas oportunidades de rever seu comportamento, estará providenciando sua expulsão, tal como Jesus o fez no templo de Jerusalém. O Templo do Amanhecer é uma casa de Deus, o Jaguar é parte da Igreja de Jesus, e, por isso, “não façais da casa de meu Pai casa de negócios”! João ainda nos fala que Jesus conhecia os homens e o que era a natureza humana, e isso era verdade, porque Ele possuía grandes poderes, base dos extraordinários fenômenos que maravilharam o povo de Jerusalém, e, por sua natureza celestial, podia ver o que se passava no íntimo de cada um. Por isso, não confiava nos homens. Sabia que aqueles espíritos encarnados, ainda a meio de suas evoluções, seriam, em sua maioria, cegos, surdos e incompreendidos para toda a Luz que Jesus vinha trazer. Aquela humanidade se prendia a preconceitos, julgamentos e sentimentos materiais, esquecida de sua essência espiritual e, dessa forma, resistiria aos ensinamentos do Mestre.

6 - NICODEMOS VISITA JESUS (3; 1-15)

Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele.  A isto respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. Então lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isso? Acudiu Jesus: Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho. Em se tratando de coisas terrenas não me credes, como crereis se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem. E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.

         Jesus revela a Nicodemos a marcha evolutiva do espírito através das reencarnações, em que busca seu aperfeiçoamento para poder chegar ao reino de Deus, isto é, à vida luminosa e pura que lhe permitirá a harmonia perfeita com nosso Pai Celestial. Nicodemos, profundo conhecedor das profecias hebraicas, sabia da missão de Jesus, mas vendo que a maioria dos sacerdotes e dos judeus questionavam as ações do Mestre, temia cair em ridículo testemunhando a natureza celestial do Cristo. Isso acontece com muitos, até hoje, que sentem vergonha de pertencer a um grupo como o nosso, achando que a Corrente do Amanhecer é composta somente por gente humilde, sem instrução, que se realiza com suas indumentárias vistosas e não tem pregadores nem oradores deslumbrantes. Não sabem, não entendem o que é nossa Doutrina. Não percebem a grandeza do espírito do Jaguar, pessoa que, na maioria dos casos, luta com muita dificuldade no plano material, mas tem consciência de sua marcha evolutiva e enfrenta graves situações, no físico, protegido pelas forças que aprende a manipular, na Lei do Auxílio, envergando seu uniforme ou sua indumentária como parte do trabalho desobsessivo, plenamente consciente das emanações de que dispõe, geradas pelas formas e pelas cores dos recintos dos diversos locais iniciáticos e evangélicos. Para os que se deixam levar pela vaidade e orgulho de suas posições sociais, já é difícil aceitar o caminho da ciência do Espiritismo; mais difícil, então, aceitar a Doutrina do Amanhecer, que reduz os preconceitos e transmite os ensinamentos de Jesus, com plena simplicidade, tal como foram dados pelo Divino e Amado Mestre em sua passagem na Terra. Há muitas pessoas que sentem a verdadeira Luz em nossa Corrente, mas são abafadas pelas trevas desses preconceitos, tornando-se vítimas de si próprias, desperdiçando uma reencarnação. Pior, ainda, são aqueles que entram na Doutrina, fazem suas consagrações, e continuam escravos dos preconceitos, o que os leva a não absorver os ensinamentos e, mais cedo ou mais tarde, a deixar a Corrente. Existem inúmeros Nicodemos, que sabem mas, por vergonha dos outros, questionam a verdade da missão de Jesus. Para ele não era provável que o esperado Messias, o Rei dos reis, se apresentasse de forma humilde, vindo do lar de um carpinteiro de Nazaré. Aceitá-Lo seria ridículo – pensava. O nascer de novo não se refere somente à reencarnação, pois, na consagração de Iniciação, na Doutrina do Amanhecer, vinda da Iniciação de Osiris, no Egito antigo, há um verdadeiro renascer em Deus, pois o iniciante ali se despoja de seus preconceitos, de suas paixões, da sua ignorância e do seu egoísmo, para se tornar um Jaguar, nascido do espírito, com a segurança do seu conhecimento e da sua consciência. É a prevalência da individualidade sobre a personalidade. Ele troca, naquele Castelo de Iniciação, a condição de carne para a de espírito. Antes era um Homem, a carne, os instintos, comandando seu corpo; Iniciado, passa a ser um Jaguar, o espírito comandando suas ações, seus pensamentos e suas palavras. Nascido da água – o líquido seminal, que gera o corpo – e do espírito, através das reencarnações o homem tem a oportunidade de evoluir e conseguir o reino de Deus, isto é, a comunhão com os Espíritos de Luz, onde se sentirá feliz e realizado, pleno da sua consciência com o Pai Celestial. Quando Jesus fala da serpente alçada por Moisés, se refere ao ponto de concentração de energia que o patriarca utilizava para conduzir o povo hebreu. Em Números (21; 4-9) encontramos a passagem da Serpente de Bronze: “Então partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom; porém o povo se tornou impaciente no caminho e falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água? E a nossa alma tem fastio deste pão vil. Então o Senhor mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel. Veio o povo a Moisés e disse: Havemos pecado, porque temos falado contra o Senhor e contra ti; ora ao Senhor para que tire de nós as serpentes. Então Moisés orou pelo povo. Disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar, viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste. Sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava.” Então Jesus nos fala da Cruz quando se refere a ser erguido para salvar os espíritos que estavam mordidos pelo Mal e teriam, assim, sua atenção concentrada no Mestre e em sua palavra. A cruz, tal como a serpente de Moisés, iria impedir a morte do espírito que a visse e acreditasse na palavra do Mestre. Na nossa Corrente adotamos a cruz, como recomendou o Cristo. A visão da cruz leva nosso pensamento ao Divino e Amado Mestre. No Vale do Amanhecer a cruz  marca um ponto cabalístico da Força Universal, sendo usada uma cruz preta com o sudário branco, representando a trajetória do Homem Jaguar, onde se trava a contínua e feroz luta entre a personalidade e a individualidade. A cruz representa o Homem e o sudário a purificação de sua mente, sua evangelização, enfim, seu progresso espiritual. Na nossa Doutrina, pois, não representa a cruz o sofrimento de Cristo. Para nós, Jesus é o Caminheiro, que nos apresenta a Nova Estrada com amor e luz, o Caminho da Vida, e quem o seguir, sem erros ou enganos, trabalhando na caridade e se preocupando com sua conduta doutrinária, aperfeiçoando e aprimorando seu espírito, poderá alcançar a vida eterna.

7 - A MISSÃO DE JESUS (3; 16-21)

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.  Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. O julgamento é este: Que a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras. Quem pratica a verdade aproxima-se da luz a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.

         Eis a missão do Filho de Deus: revelar à humanidade a Nova Estrada, o caminho para desenvolver o espírito através da jornada de amor, tolerância e humildade. Um guia e Mestre Divino, não um juiz, porque aqueles que se afastam da Luz já se condenaram a si mesmos ao sofrimento e ao desequilíbrio. Não existe um juízo mais correto do que o da própria consciência e, por ela, nós mesmos julgamos nossos atos, nossas palavras e nossos sentimentos. Jesus veio para nos trazer a compreensão da nossa existência e da existência de nosso Pai Celestial. Por estas revelações, pelos profundos ensinamentos, devemos conduzir nossos passos por uma estrada de passagens difíceis, mas esclarecedoras, evitando as veredas floridas e sedutoras que nos conduzem a sombrios abismos. Aquele que está escravo de seus instintos e de suas paixões, com sentimentos de inveja, ciúme, ambições e egoísmo, agindo e falando com violência, não se chega para a Luz porque não quer reconhecer seus erros. Há, também, os que ainda estão em baixos planos da evolução e não entendem as palavras de Jesus, porque, em suas estruturas sentimental e mental pouco desenvolvidas, não alcançam os ensinamentos simples do Mestre e se acomodam em situações intermediárias entre a Luz e as trevas. Mas o Jaguar, com todos os ensinamentos de Koatay 108 e dos grandiosos Mentores de nossa Doutrina, não pode se acomodar nem vacilar, e se lança na Nova Estrada, com consciência e sabedoria, praticando a Lei do Auxílio em todos os momentos de sua vida, caminhando com a Luz do seu amor e da sua dedicação, porque se tornou instrumento da Espiritualidade Maior. Pelo seu amor e pelo seu conhecimento, aproxima-se da Luz. Tem conhecimento de que, na realidade, o Mal é apenas ausência do Bem, como as Trevas são ausência de Luz. Por seu merecimento terá a vida eterna, isto é, alcançará os planos luminosos, beneficiando-se de sua confiança nas palavras do Mestre, que nos chegam nesta Doutrina do Amanhecer em nossa luta diária pelo desenvolvimento de nossos espíritos.

8 - OUTRO TESTEMUNHO DE JOÃO BATISTA
(3; 22-36)

Depois disso foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia: ali permaneceu com eles, e batizava. Ora, João estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas e para lá concorria o povo e era batizado. Pois João ainda não tinha sido encarcerado. Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação. E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando e todos lhe saem ao encontro. Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor.  O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo, que está presente e o ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua. Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de todos e testifica o que tem visto e ouvido; contudo ninguém aceita o seu testemunho. Quem, todavia, lhe aceita o testemunho, por sua vez certifica que Deus é verdadeiro, pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida. O Pai ama o Filho e todas as coisas tem confiado às suas mãos. Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá
a vida, pois sobre ele permanece a ira de Deus.

         Os discípulos batizavam com água, instruídos por Jesus, mantendo a tradição da purificação. Como muitos dos discípulos de João não tinham ainda percebido a natureza divina de Jesus, estranharam o fato. Por isso João lhes esclareceu sobre o trabalho que vinha fazendo para preparar o caminho do Divino Mestre. O noivo, nos Hebreus, era uma figura de honra, e João coloca Jesus nesta condição, tendo a humanidade como noiva e o próprio João como o amigo do noivo, figurando a situação que estava sendo vivida naquele momento, em que os judeus aceitavam João como profeta mas achavam que Jesus era um impostor. Por sua condição de profeta, João atesta a natureza de Jesus, o Filho do Pai Celestial, afirmando que Ele veio das alturas e está acima de todos, encarnados e desencarnados, tendo o poder grandioso de ter todas as coisas, por Deus, confiadas às suas mãos. E João adverte sobre aqueles que seguem suas jornadas terrestres: quem crê em Jesus, quem segue a Nova Estrada, pautando sua existência pela prática do bem e da caridade, dedicando-se à Lei do Auxílio, obtém o merecimento e terá a vida eterna, isto é, estará se livrando, a cada reencarnação, de seus compromissos cármicos e se aproximando de Deus; mas aquele que contraria a própria consciência e de distancia dos ensinamentos de Jesus estará ele mesmo se condenando às trevas, às dores e à existência sofrida, e não verá Deus. Quando João fala da ira de Deus, na verdade revela a tristeza que um espírito de baixo padrão vibratório causa na Espiritualidade Superior. Deus enviou Jesus, seu Filho, ser puro e de Luz, no qual jamais existiria um sentimento de ira. Na verdade, Jesus é nosso Pai, é nossa esperança, é amor e sabedoria, incapaz de vibrar qualquer sentimento menos nobre.

9. A MULHER DE SAMARIA (4; 1-30)

Quando, pois, o Senhor veio a saber que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos do que João, se bem que Jesus mesmo não batizava, e, sim os seus discípulos, deixou a Judéia, retirando-se outra vez para a Galiléia. E era-lhe necessário atravessar a província de Samaria. Chegou, pois, a uma cidade samaritana, chamada Sicar, perto das terras que Jacó dera a seu filho José. Estava ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, assentara-se Jesus junto à fonte, por volta da hora Sexta. Nisto veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Então lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)? Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: Dá-me de beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva. Respondeu-lhe ela: Senhor, tu não tens com que a tirar e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?  És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu e, bem assim, seus filhos e seu gado? Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me desta água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la. Acudiu-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e vem cá. Ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. Senhor, disse-lhe a mulher: Vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.  Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.  Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros  adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade  Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier nos anunciará todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo. Nesse ponto chegaram os seus discípulos e se admiraram de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? Ou: Por que falas com ela? Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo? Saíram da cidade e vieram ter com ele.

         Para evitar choques com os fariseus, atiçados em seu ódio ao saberem que Jesus e seus discípulos estavam atraindo multidões para o batismo, além do grande número de seguidores que crescia dia a dia, o Divino Mestre decidiu  voltar para a Galiléia. Passou por Samaria, onde o povo sempre estivera em luta com os reis judeus, discordando da religião ortodoxa, motivo pelo qual eram desprezados e perseguidos, e então Jesus, naquela região de espíritos encarnados e desencarnados ainda em estágio de grandes conflitos, decidiu que ali estava uma boa oportunidade para levar um pouco de Luz àqueles irmãos sofridos e se deixou ficar à beira do Poço de Jacó, aguardando a chegada da samaritana, enquanto seus discípulos iam até a cidade. A samaritana estranhou o fato de Jesus se dirigir a ela, pois os judeus desprezavam os samaritanos por considerá-los heréticos. Então Jesus revela à samaritana que sua missão é a de dar a água viva àquele que quiser, independentemente de ser judeu, samaritano ou de qualquer outra origem. Essa universalidade do bem e do amor é que está contida no dom de Deus, que permite à Espiritualidade Superior atender e ajudar os espíritos a caminho que se harmonizam com os ensinamentos de Jesus. Proteção, esperança, atendimento e intuição, tudo o Jaguar tem quando se mantém na sua conduta doutrinária, agindo com amor e tolerância, buscando paz e harmonia com aqueles que estão ao seu redor, evitando conflitos e violências. Em cada ato de compreensão e de amor, ele recebe a água viva, o dom de Deus. Jesus nos revela, em seu diálogo com a samaritana, a profunda diferença entre a água do poço – a força material, que mata a sede do corpo somente – e a água viva, que torna fonte de luz aquele que a recebe e que, por estar na Nova Estrada, jamais terá sede novamente, isto é, estará livre da escravidão da matéria e das fraquezas do espírito. Ensina, também, Jesus, que o lugar real de adoração de Deus não é no plano físico – num monte ou em um templo –  e sim no coração de cada um, livre das pompas ritualísticas das diversas seitas e religiões. O Jaguar aprende a construir seu templo em seu íntimo, e reverencia a Espiritualidade Maior no silêncio de sua mente e na projeção de suas forças mental e magnética animal, cruzadas com as vibrações de seu Sol Interior e de seu ectolítrio. Diante do conhecimento de Jesus de sua vida privada, a samaritana se convenceu de que estava diante de um profeta, e Jesus lhe revelou que Ele era o Messias. Maravilhada, a mulher correu à cidade, contando que o Messias estava no Poço de Jacó, e muitos foram ter com Ele. A cada dia tornava-se mais clara a missão do Mestre e sua atuação perante os povos.

10. A CEIFA E OS CEIFEIROS (4; 31-38)

Neste ínterim, os discípulos lhe rogavam, dizendo: Mestre, come! Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer que vós não conheceis. Diziam então os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia porventura alguém trazido o que comer? Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. Não dizeis vós que ainda há quatro meses até a ceifa? Eu, porém vos digo: Erguei os vossos olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa. O ceifeiro recebe desde já a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna; e, destarte se alegram tanto o semeador como o ceifeiro  Pois no caso é verdadeiro o ditado: Um é o semeador, e outro é o ceifeiro. Eu vos enviei para ceifar o que não semeastes; outros trabalharam e vós entrastes no seu trabalho.

         Jesus revela aos discípulos sua natureza divina, livre das necessidades materiais, pois não necessitava alimentar-se como os humanos. Demonstra que estava saciado pela força luminosa do Pai Celestial, como o Jaguar tem experimentado quando voltado para a Lei do Auxílio. Quando em um ritual ou no trabalho doutrinário, raramente o médium do Amanhecer sente sede ou fome. A força gerada pela manipulação penetra em seus chakras e se distribui pelo plexo físico, eliminando suas necessidades materiais. Nem o cansaço é sentido. Quando entregue ao trabalho, o Jaguar tem a sensação de bem-estar, até mesmo de euforia, que eleva seu padrão vibratório e o mantém harmonizado, feliz por sentir, vindo dos planos espirituais,  o verdadeiro alimento de sua alma. Aos discípulos, Jesus expõe a natureza da missão deles: a humanidade é o campo, onde Jesus e seus precursores haviam semeado o amor e ensinamentos para que os espíritos pudessem evoluir, entendendo o dom de Jesus que viera através dos profetas e dos missionários, preparando os homens para o conhecimento das coisas de Deus. Assim, seus discípulos iam colher frutos que os profetas haviam plantado, embora tendo a responsabilidade de semear as palavras de Jesus para que, também, outros colhessem os frutos. O Jaguar semeia, com seu trabalho e exemplo, as palavras do Divino Mestre, recebendo seus bônus, entesourados para a vida eterna. Se faz do seu lar um foco de amor e compreensão, abrigando aqueles que lhe foram confiados por missão ou expiação, usando em sua máxima capacidade o amor, a tolerância e a humildade, estará plantando um grande campo. Mas deve lembrar que é preciso plantar boas sementes, pois não é obrigado a plantar, mas será obrigado a colher tudo o que plantar. Colhemos, hoje, o que foi plantado por outros que nos antecederam, não podendo nos esquecer, em nenhum momento, das sementes que nossa querida Mãe Clarividente, Koatay 108, plantou em nossos corações. Exemplo de amor e dedicação, de humildade e tolerância, Koatay 108 formou este imenso grupo de semeadores – os Jaguares – que vão ampliando seu campo de ação neste plano físico, com a disseminação dos Templos do Amanhecer, alcançando espíritos encarnados em regiões remotas que, com isso, terão oportunidade de se evoluir e conseguir, também, colher belos frutos da nossa Doutrina. Muitos plantando, muitos ceifando, mas todos em harmonia e evoluindo na Nova Estrada, seguindo os passos do Caminheiro. Podemos sentir, em nossa Corrente, que estamos preparando os caminhos para aqueles que estão chegando e que irão ceifar o que estamos plantando. Vale lembrar o trabalho dos Instrutores de Centúria, grandes missionários e poderosos semeadores da Doutrina do Amanhecer, no trabalho incessante para o preparo do corpo mediúnico, onde quer que se faça necessária a preparação de um Centurião, e a grande obra dos Subcoordenadores na harmonização e acompanhamento dos diversos templos em suas respectivas áreas de atuação, zelando, assim, pela uniformidade da Doutrina praticada nas mais longínquas regiões.

11 - OS SAMARITANOS CRÊEM EM JESUS
 (4; 39-42)

Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher que anunciara: Ele me disse tudo quanto tenho feito. Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias. Muitos outros creram nele por causa da sua palavra, e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.

         Vemos a necessidade que muitos homens têm de ver para crer, até hoje presente nas diversas doutrinas, seitas e religiões, baseando-se em fenômenos e, especialmente, em adivinhações. Muitos dos samaritanos aceitaram as palavras da samaritana porque Jesus havia revelado sua vida particular, sem conhecê-la anteriormente. Os puros de coração, porém, perceberam a grandeza do Divino Mestre e o reverenciaram como o Messias. Nos dois dias que ficou na Samaria, Jesus abrandou aqueles corações, deu condições para que muitos daqueles espíritos evoluíssem. Falando com suavidade e brandura àqueles espíritos agressivos e perturbadores, não foram necessários fenômenos para que as palavras de fé e esperança fossem compreendidas e penetrassem naquelas mentes e naqueles corações, convencendo muitos da verdadeira figura do Messias. O preconceito é uma das mais graves deformações da energia mental, pois forma uma idéia ou conceito por antecipação, sem avaliação ou conhecimento dos fatos ou ações, envolvendo um julgamento falso porque baseado na ignorância de qualquer contestação ou esclarecimento que contrarie a opinião formada. São os preconceitos implantados na mente do Homem por uma série de fatores, principalmente pela educação do lar e o meio social em que vive a pessoa. Os preconceitos levam à intolerância, ao ódio irracional, à aversão a idéias, filosofias, outras raças, doutrinas, enfim embasando o fanatismo, tão prejudicial ao Homem e à sociedade pelas perturbações que provocou, sempre, na nossa jornada na Terra. Não existem preconceitos na nossa jornada, e Jesus deu o exemplo ao se deixar ficar na Samaria, cujo povo era execrado pelos judeus, levando suas vibrações e sua palavra em benefício daqueles espíritos a caminho. Temos que seguir esse exemplo, pois muitos casos nos chegam para nos testar, verificando a espiritualidade como reagimos diante de irmãos desequilibrados, aflitos ou mesquinhos, especialmente se temos o comando de um trabalho. Esse teste pode ser através de um paciente ou até mesmo de um mestre ou ninfa que esteja ali, participando do trabalho. Muito amor, tolerância e humildade – foi o que sempre nossa Mãe Clarividente nos pediu, a única maneira de atendermos aos ensinamentos do Divino Mestre. Mesmo nos momentos que exigem uma correção, por deficiência ou ignorância do médium que se desempenha problematicamente de sua conduta doutrinária, devemos agir brandamente, com todo o amor e humildade, para resolver a situação. Quando for corrigir alguém – dizia Koatay 108 – lembre-se de que, entre você e este alguém, estarei eu!

12 - JESUS CURA O FILHO DE UM OFICIAL
 (4; 43-54)

Passados dois dias, partiu dali para a Galiléia. Porque o mesmo Jesus testemunhou que um profeta não tem honras na sua própria terra. Assim, quando chegou à Galiléia, os galileus o receberam porque viram todas as coisas que ele fizera em Jerusalém, por ocasião da festa à qual eles também tinham comparecido.  Dirigiu-se de novo a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. Ora, havia um oficial do rei, cujo filho estava doente em Cafarnaum. Tendo ouvido dizer que Jesus viera da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e lhe rogou que descesse para curar seu filho, que estava à morte. Então Jesus lhe disse: Se porventura não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis. Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra. Vai, disse-lhe Jesus, teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus, e partiu. Já ele descia quando os seus servos vieram ao seu encontro, anunciando-lhe que seu filho vivia. Então indagou deles a que hora o seu filho se sentira melhor. Informaram: Ontem, à hora sétima, a febre o deixou. Com isso reconheceu o pai ser aquela precisamente a hora em que Jesus lhe dissera: Teu filho vive! E creu ele e toda a sua casa. Foi este o segundo sinal que fez Jesus depois de vir da Judéia para a Galiléia.

         Esse o testemunho do grande poder de cura do Divino e Amado Mestre Jesus, que não era limitado pela sua presença física, onde aplicava a força do seu magnetismo na cura vibracional e desobsessiva. A doença é a perda do estado saudável de um organismo ou de parte dele, por ação de causas diversas, que podem ter origem tanto no plano físico como no espiritual, provocando maior ou menor desequilíbrio energético nas células onde incide. Quando ingerimos alguma coisa que agride nosso padrão vibratório, adoecemos.  A doença acomete, de alguma forma, todos os três reinos da Natureza, mas é no Homem que encontramos mais desenvolvida a Etiologia, parte da Ciência que estuda as causas das doenças, mas que, com todo o progresso desenvolvido, está ainda muito distante da realidade, pois, apesar de já conhecer aquelas produzidas por agentes biológicos, por condições de insalubridade, por deficiências de proteção em diversos trabalhos materiais, atribui a fatores desconhecidos uma grande gama de males. A única aproximação foi definir estados psicológicos que podem produzir doenças. No espiritismo e por nossa vivência nos trabalhos desobsessivos, aprendemos que todas as doenças têm sua origem no plano extrafísico, originadas de cargas cármicas ou produzidas por cobradores ou obsessores - os elítrios -, que agem no nosso corpo etérico e são projetadas no nosso corpo físico. A própria Ciência já desvendou, com a Engenharia Genética, uma parte desse sistema, observando a ação de genes causadores de sérias doenças em células que demoram, inexplicavelmente para os pesquisadores, a apresentar seus efeitos. Para nós, tudo se enquadra no plano reencarnatório, e um ser humano terá ou não uma doença dependendo de sua atuação na encarnação, pois, trabalhando na Lei do Auxílio, poderá, pelo seu próprio merecimento, evitar doenças que estavam programadas para sofrer. Dessa mesma forma, o ser encarnado que se desvia de seus caminhos cármicos para causar desarmonias e desatinos, que transgride as leis da conduta doutrinária, pode ser acometido não só por doenças cármicas, que são mais potencializadas, como tornar-se vítima de doenças adquiridas pelo seu mal comportamento. Além disso, o potencial mediúnico mal conduzido, sem ser desenvolvido, produz um acúmulo de fluido magnético que atinge os plexos nervosos, tornando-os hipersensíveis e irradiando desequilíbrio aos respectivos órgãos, provocando distúrbios físicos e uma constante perda de força vital. A ação de espíritos sem Luz e de elítrios provocam inúmeras doenças, confundindo os médicos que pensam tratar um mal físico e ficam intrigados por verem a ineficácia de seus tratamentos. Para isso temos os trabalhos de cura desobsessiva. Existe uma importante ligação entre a energia mental  e o plexo físico, que determina condições físicas a partir de moléculas geradas no cérebro e que atuam no nosso sistema imunológico. Estas substâncias são conhecidas cientificamente como peptídios, já tendo sido classificadas mais de sessenta tipos, inclusive as endorfinas, interleucinas e interferon, que agem como transformadores de sentimentos em matéria ativa, fazendo a ligação entre a alma e o corpo. Isso faz com que a vontade de viver se sobreponha à doença, fazendo com que o Homem consiga vencer doenças graves ou consideradas incuráveis ou terminais com a força de seu pensamento positivo e de sua vontade de viver. A vida está cheia de ameaças e desafios, mas com o conhecimento e a fé podemos passar por tudo de forma tranqüila e segura. Esta força faz com que algumas substâncias que, segundo a Ciência, não têm qualquer valor ou ação farmacêutica, chamadas placebos, passem a ter uma ação inexplicável em diversas situações. Na verdade, elas são simples agentes de nossa energia mental, impregnadas pelas vibrações positivas, que agem efetivamente na redução e cura de numerosas doenças, sem que a Medicina saiba como funcionam. Pela energia mental, acionamos nosso sistema imunológico e geramos substâncias que levam à cura, da mesma forma com que cicatrizam ferimentos e confinam a ação de bactérias e vírus diversos, que ficam incubados, aguardando uma fraqueza orgânica - ou vibracional - para atuarem. Temos que nos amar, amar a vida, sentir a beleza do Universo, nos harmonizarmos com ele, fazer a prática da caridade, com o que melhor temos em nós, para ajudar aos nossos irmãos, tanto encarnados como desencarnados, para podermos ter o merecimento de receber a ajuda de nossos grandiosos Mentores através de nossos chakras, potencializando em nossa mente toda essa força e projetando em nosso corpo a cura vibracional. Quando nos revoltamos ou nos desequilibramos quando nos é dado um diagnóstico de um mal grave, temos ampliada a gravidade da doença pela nossa postura mental. Temos que reagir, temos que mandar uma mensagem de vida e resistência a cada célula de nosso corpo. Sem isso, nosso sistema imunológico fica debilitado, causando desde resfriados prolongados, alergias, asma, lúpus, artrite reumatóide, diabetes e esclerose múltipla, à dificuldade de se defender de células cancerosas e de AIDS. Não podemos abrir a guarda de nosso corpo pela debilidade da nossa energia mental. Temos que manter a nossa vontade de viver, de resistir, ampliando o nosso padrão vibracional, de modo que, se manifestada alguma doença, possamos atacá-la com todo o poder de recuperação de que dispomos. Todo esse poder, toda a esperança de nossa vida melhorar, está dentro de nós, e a Doutrina nos ensina como desenvolvê-lo, na dedicação na Lei do Auxílio. Entre os fenômenos bem descritos nos Evangelhos, muitos se referem à cura à distância. Como missionários de Jesus, aprendemos, na Doutrina do Amanhecer, a manipular as forças em benefício de irmãos que necessitam auxílio, em seus leitos de dor, em suas enfermidades. Esse poder é uma das grandes armas do Jaguar, que o receberam da Espiritualidade Maior e dele dispõem de conformidade com seu merecimento e sua concentração. Não trabalhamos por alguém – sim para alguém. Não temos como transferir bônus de nossos trabalhos para outra pessoa, porque os bônus são exclusivamente nossos. O que podemos e devemos fazer é emitir, pelo nosso poder magnético, as vibrações de nossos trabalhos em beneficio de quem esteja precisando. Por isso não há como assumir uma prisão em nome de alguém, nem como pedir que nossos bônus sejam transferidos para outra pessoa. Temos condições plenas de ajudar a quem quisermos pela força de nossa mentalização nos diferentes setores de trabalho do Templo. Este o motivo para não nos preocuparmos com os comandos e, sim, com nossa plena participação nos trabalhos. Quando no comando, o mestre está preocupado com a execução das leis e comportamento dos médiuns que participam daquele trabalho. Sua mente se concentra na sua responsabilidade e sua energia mental é direcionada para a perfeita realização de seu comando. Quando apenas está participando do trabalho, o médium pode usar todo o seu potencial e levar aquela força onde quiser, beneficiando doentes, hospitais, presídios, etc. Este o motivo porque o Mestre Luz recebe a incumbência dos comandos, formando sua bagagem espiritual, enquanto o Mestre Sol, já completo, tem o privilégio de participar dos diversos trabalhos e rituais, manipulando toda a sua força. Recebemos, em nossas heranças, o poder dessa manipulação e devemos aprender a usá-lo, aplicando nossa força magnética não apenas naqueles pacientes que estão à nossa frente, mas buscando direcioná-lo àqueles que, mesmo distantes, estão precisando daquele auxílio. Esses foram exemplos que o Mestre nos deu em suas curas à distância. No momento em que o pai aflito pediu auxílio a Jesus, fez-se a ligação e o menino ficou curado. O Evangelista não revela a natureza da cura – se vibracional ou desobsessiva – mas isso, na verdade não importa. O fato é que o menino recuperou a saúde e isso que dá o testemunho do poder da fé e da manipulação vibracional.

13 - A CURA DE UM PARALÍTICO (5; 1-18)

Passadas estas coisas, havia uma festa dos judeus e Jesus subiu para Jerusalém. Ora, existe ali, junto à Porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco pavilhões. Nestes jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos e paralíticos. (esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse) Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque quando a água é agitada; pois enquanto eu vou, desce outro antes de mim! Então lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda! Imediatamente o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado. Por isso disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado e não te é lícito carregar o leito. Ao que ele lhes respondeu: O mesmo que me curou me disse: Toma o teu leito e anda. Perguntaram-lhe eles: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda? Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retirado, por haver muita gente naquele lugar. Mais  tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior. O homem retirou-se e disse aos judeus que fora Jesus quem o havia curado.. E os judeus perseguiam Jesus porque fazia estas coisas no sábado. Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.

         Repetia-se, na piscina de Betesda, um fenômeno que já ocorrera em muitos lugares e ainda iria ocorrer, no futuro, em locais onde as amacês trazem a emissão de forças extracósmicas, com grande poder regenerativo para os seres humanos, como acontecia no Yucatã e em Machu Picchu. Cientes de que um poder maior trazia a ondulação para as águas da piscina, atribuíam isso à obra de um ser celestial. Na verdade, a amacê passava e projetava nas águas um raio de força, provocando as ondulações. Os doentes buscavam se jogar nas águas, desesperados para serem os primeiros, porque somente estes receberiam o benefício da cura. Nada viam, porque a amacê se deslocava em outra dimensão. Mas, também, era um teste para eles, pois o egoísmo de querer ser beneficiado, propiciava, a cada um, a oportunidade de ajudar ou não àquele que estivesse em pior situação. Por isso, muitos não recebiam suas curas. Nunca a receberiam por não atenderem ao princípio da caridade e da misericórdia, colocando-se violentamente à frente dos fracos e indefesos para serem os primeiros a mergulhar. O egoísmo criava uma resistência àquela força, e não tinham a cura ambicionada. Jesus, vendo o desespero do paralítico, sempre deixado para trás, e percebendo que ele já muito sofrera por viver aquela situação, vendo que não havia mais revolta naquele coração, tendo, assim, adquirido o merecimento da ajuda divina, ministrou-lhe a cura. Aconteceu isso em um sábado, e os judeus não admitiam qualquer trabalho neste dia da semana, que consagravam apenas aos cultos religiosos. Era mais uma heresia, para eles, Jesus violar o sábado. O Divino Mestre argumentava que o homem não tinha sido feito para o sábado, e, sim, este fora feito para o homem. Deus trabalhava todos os dias. Portanto, o Filho de Deus também assim o faria. Não existe momento, nem hora, nem dia específico para a prática do Bem. Deus está pronto, sempre, para ajudar. Essa tem que ser a disposição do Jaguar: trabalhar, trabalhar e trabalhar. Praticar o Bem, manipular forças, atender a quem precisa, jamais pensar em parar. É claro que tem a obrigação de conciliar sua vida material, social e física com a espiritual. Deste equilíbrio é que resulta sua potencialidade. Mas não pode se deixar levar por acomodações, achando que já realizou muitas coisas e, alegando cansaço, deixar de participar de trabalhos e rituais. O Jaguar está recuperando muito tempo perdido em outras encarnações, está sendo exigida a sua presença nas transformações por que estamos passando, e não pode mais perder tempo. Tudo o que vier ao seu encontro – trabalhos, cobranças, reajustes, consagrações, etc. – é para ser cuidadosamente avaliado e manipulado, em seu próprio benefício ou para ajudar aos nossos irmãos encarnados e desencarnados. Não há dia, nem hora, nem lugar específico para manipular suas forças. Tem que estar sempre pronto e ligado aos seus Mentores – a verdadeira sintonia – para a prática do Bem e no perfeito cumprimento de sua conduta doutrinária. A atividade do espírito é permanente, tanto no mundo material como no espiritual. Há que se ter muito cuidado com a condução dos Retiros e Trabalhos Oficiais, porque nunca sabemos quem vai surgir para desafiar a Doutrina que temos em nossos corações. Quantos são impedidos de passar num trono porque já passou a hora de ser encerrado o trabalho? Vamos nos lembrar de que quem assume a responsabilidade por um fato desses é o comandante, que deveria dar o exemplo de amor, tolerância e humildade. Temos que ter o maior cuidado com qualquer pessoa que se coloque diante de nós, à espera de uma ajuda. É o momento de um reencontro, de um reajuste, muitas vezes uma oportunidade por nós mesmos pedida para nossa própria evolução. Não vamos desperdiçá-la porque estamos com pressa ou por estarmos cansados. Pelo nosso amor, pela nossa vontade de servir, sempre conseguiremos fazer prevalecer a caridade e a misericórdia que habitam em nosso íntimo.

14 - JESUS EXPLICA SUA MISSÃO (5; 19-41)

Então lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz. Porque o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis. Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim  também o Filho vivifica aqueles a quem quer. E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento, a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou. Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus: e os que a ouvirem, viverão. Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do homem. Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo. Eu nada posso fazer de mim mesmo: na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo porque não procuro a minha própria vontade e, sim, a daquele que me enviou. Se eu testifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim. Mandastes mensageiros a João e ele deu testemunho da verdade. Eu, porém, não aceito humano testemunho; digo-vos, entretanto, estas coisas para que sejais salvos. Ele era a lâmpada que ardia e iluminava e vós quisestes por algum tempo alegrar-vos com a sua luz. Mas eu tenho maior testemunho do que o de João, porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu respeito, de que meu Pai me enviou. O Pai que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz , nem visto a sua forma. Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque não credes naquele a quem ele enviou. Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo não quereis vir a mim para terdes vida. Eu não aceito glória que vem dos homens; sei, entretanto, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente o recebereis. Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros, e contudo não procurais a glória que vem do Deus único? Não penseis que eu vos acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim, porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?

         Jesus dá o exemplo da humildade dizendo aos judeus que nada faz de si mesmo e sim o que o Pai lhe ensinou a fazer, tudo o que estiver de acordo com a vontade de Deus. Todo o Universo – passado, presente e futuro – se compreende nas obras de Deus, que mostra ao Filho tudo o que existe e tudo o que há de vir na contínua obra da criação para o desenvolvimento dos espíritos que estão a caminho nos diversos planos vibracionais. Jesus fala dos mortos, isto é, dos espíritos que irão ressuscitar quando aceitarem suas palavras, para a vida na Luz e na Verdade. Mas não haverá um julgamento do Pai Celestial, pois cada espírito é que premia ou pune a si mesmo, pela força de seus pensamentos, de suas palavras e de suas ações. Existe a Lei de Deus, que nos rege e nos impõe o controle de nossos instintos, a conduta doutrinária, a marcha do conhecimento e a conscientização. Desobedecê-la não nos leva a sermos julgados pelo Pai, pois já receberemos a punição pela Lei de Causa e Efeito, a mesma Lei que premia àqueles que se desenvolvem com amor, tolerância e humildade. Os erros causam, mais cedo ou mais tarde, o remorso e a consciência instiga o espírito a se libertar das cargas pesadas e buscar a Nova Estrada, revelada por Jesus, que recebeu do Pai o poder de julgar. Só que este julgamento não se faz por aplicação de condenação e penas, como imaginamos, e, sim, pela expiação, através da reencarnação, dos erros cometidos, tendo o espírito a oportunidade de se recuperar e evoluir. Tudo isso o espírito faz aceitando como verdadeiras as palavras de Jesus – e seguindo-as. Na Doutrina do Amanhecer temos um Sistema Crístico, isto é, seguimos a Igreja de Jesus, baseando nossas ações dentro da Lei estabelecida pelo Amado e Divino Mestre quando esteve na Terra, que nos transmite a palavra divina tal como foi transmitida aos apóstolos, em sua pureza e integridade, à qual cabe a cada um de nós, Jaguares, a sua prática. Com isso estamos dando o testemunho da origem divina de Jesus, certos de que Ele nos estará julgando de acordo com os nossos sentimentos e nossa sensibilidade, avaliando nossos esforços para o desenvolvimento de nosso espírito. Reafirmando nossa crença nos profetas e no enviado de Deus, estaremos preparados para o momento de nosso julgamento. O Jaguar não tem dúvidas em seu coração e está pronto para rejeitar os falsos profetas, e, obedecendo à sua consciência, sabe que renascerá para a Luz. Não importa quantos se apresentem em nome do Pai Celestial, que mesmo operem grandes fenômenos – porque os espíritos das Trevas possuem imensos poderes – o Jaguar está tranqüilo porque sabe identificar as vibrações que o cercam e reconhece Jesus como o Filho de Deus. Muitos irão aparecer e vão ambicionar posições de destaque pretextando direitos e condições transcendentais. Na verdade, não importa o que fomos e, sim, o que estamos sendo, o que cada um traz dentro de si, o que conseguimos realizar em nossas metas cármicas. Vivemos o desafio permanente de testes e provações em nossas vidas, mas seguimos tranqüilos, sabendo confiar nas palavras do Mestre e certos de que receberemos, sempre, sua ajuda preciosa.

15 - A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES (6; 1-15)

Depois destas coisas, passou Jesus a outra parte do mar da Galiléia, que é o lago de Tiberíades. Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos. Então subiu Jesus ao monte e assentou-se ali com os seus discípulos. Ora, a Páscoa, festa dos judeus, estava próxima. Então Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão vinha a ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a comer? Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer. Respondeu-lhe Filipe: Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço. Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus: Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente? Disse Jesus: Fazei o povo assentar-se; pois havia naquele lugar muita relva. Assentaram-se pois os homens em número de quase cinco mil. Então Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam. E quando já estavam fartos, disse Jesus a seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. Assim, pois, o fizeram e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que haviam comido. Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo. Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte.

         Sabemos que a matéria é energia modificada em suas faixas vibratórias e que Jesus possuía o poder divino de manipulação e transmutação da energia, podendo atuar em todas as formas vibracionais. No momento em que se verificou a necessidade de alimentar aquele povo que o seguia, Jesus preservou seu poder de manipular as forças que poderiam saciar a fome de todos, forças estas invisíveis mas cujos efeitos bem conhecemos, pois, em nosso trabalho na Lei do Auxílio, quando estamos harmonizados e em perfeita sintonia com nossos Mentores, não sentimos fome nem cansaço. Mas Jesus sabia que, para reforçar sua imagem como o Filho de Deus, era preciso dar uma demonstração mais palpável, mais física, para que aquela multidão pudesse testemunhar seus poderes divinos. Assim, a cada pedaço de pão e de peixe que pegava, manipulava a energia para que instantaneamente se reconstituísse a parte retirada, que novamente era separada e distribuída, até que todos estivessem fartos e houvesse muitas sobras. Aqueles pedaços de pão e de peixe, se fossem somente constituídos pelos componentes naturais, não teriam conseguido aplacar a fome do povo. Como estavam impregnados pelas forças manipuladas por Jesus, com composição bem diversa do alimento físico, todos se satisfizeram com pequenas quantidades, sentindo-se bem alimentados e felizes por terem testemunhado mais um grandioso milagre do Mestre. Até mesmo os discípulos se admiraram, aceitando o fato como um milagre, desconhecendo a simples aplicação dos poderes naturais do Divino e Amado Mestre Jesus. Vendo aquele entusiasmo que punha em risco sua missão, Jesus deixou-os e, solitário, subiu ao monte para orar. Mais um exemplo do missionário, demonstrando que o objetivo era o de despertar a consciência daqueles espíritos para sua natureza divina, mas evitando a aclamação do povo. O Jaguar deve ter essa conduta, perseguindo a aplicação do Bem e da caridade, sem a preocupação de obter reconhecimento ou postos que somente irão envaidecê-lo. Em toda nossa jornada, somos apenas instrumentos da espiritualidade e, da mesma forma como Jesus declarava que não era ele quem realizava os fenômenos mas, sim, o Pai Celestial através dele, temos essa consciência de que nós apenas somos veículos da vontade do Pai. Para alimentar nosso espírito temos o prana, o fluido ou energia cósmica prima, universal, fora do espectro eletromagnético, existindo no plano sutil e se constitui na força vital do Universo. Compõe o corpo sutil do indivíduo, regulando suas relações internas e externas. O prana não é uma forma particular de energia, mas sim a essência última de todas elas: calor, luz, eletricidade, gravidade, enfim, todas as forças que agem na matéria, em suas múltiplas atividades, são expressões do prana. Os gregos denominavam-no “éter”, e os pesquisadores modernos o chamam de bioplasma. Envolve e permeia os tecidos mais densos do corpo, agindo de forma inteligente e propositada, controlando a atividade de cada molécula da matéria viva, transportando o princípio da vida de um lugar para outro. Energiza, supervisiona e purifica os neurônios, sustentando a área sutil e vivificante do mesmo modo que o plasma sangüíneo sustenta a parte mais densa. Além do prana único, existem energias prânicas particulares, geradas pela sua diversificação, que atuam em todas as funções orgânicas e psíquicas do Homem - pensamentos, sentimentos, percepção e movimento. O sistema nervoso extrai o prana de um tecido envolvente, uma essência bioquímica de natureza altamente delicada, que existe em nível molecular ou submolecular, localizada especialmente nos órgãos, que estão interligados com o cérebro através de conexões medulares, na espinha dorsal. Esta ligação é ativada e equilibrada pela ação da Kundalini. O prana tem polaridade, podendo ser acumulado, transformado e conduzido. É absorvido de diversas fontes, principalmente do Sol, do ar e dos alimentos, atuando através de um mecanismo cujo ritmo coincide com o da respiração pulmonar. Quando inspiramos, absorvemos prana; ao expirar o distribuímos pelos vários órgãos do corpo sutil, pelos nervos sutis - chamados nadis - e ele é armazenado nos chakras, para que, conforme as necessidades, seja liberado para todo o organismo psíquico. A quantidade de prana absorvida pelo organismo é variável e determina a capacidade energética do Homem. Em ambientes tranqüilos, sem poluição, ensolarados, criam-se condições para maior absorção do prana. Nos momentos em que se consegue harmonia mental, através da mentalização também se obtém maior quantidade desta maravilhosa energia. Assim, o prana não é, em si mesmo, consciência. É uma fina essência biológica que nutre o sistema receptivo da nossa consciência, que é o sistema nervoso, nosso contato com a consciência universal. Ele é ativado pela Kundalini numa ação altamente energizante. A corrente prânica é afetada pelas paixões e emoções, pela comida e pela bebida, pelos ambientes e pelo modo de vida; pelo desejo e pela ambição, pela conduta e pelo comportamento. Na realidade, depende de um sem número de estímulos, desde os mais fracos até os mais fortes, que acontecem ao Homem desde que nasce até o seu desencarne. Por isso se faz necessário ter-se uma vida moral e equilibrada, dentro da conduta doutrinária, em ambientes saudáveis, não por preceitos religiosos, mas, sim, por um imperativo biológico diretamente ligado ao prana.

16 - JESUS ANDA SOBRE O MAR (6; 16-21)

 Ao descambar o dia, os seus discípulos desceram para o mar e, tomando um barco, passaram para o outro lado, rumo a Cafarnaum. Já se fazia escuro e Jesus ainda não viera ter com eles. O mar começava a empolar-se, agitado por  vento rijo que soprava. Tendo navegado uns vinte e cinco a trinta estádios, eis que viram Jesus andando por sobre o mar, aproximando-se do barco; e ficaram possuídos de temor. Mas Jesus lhes disse: Sou eu. Não temais! Então eles, de bom grado, o receberam e logo o barco chegou ao seu destino.

         Jesus reforça sua origem divina perante seus discípulos ao utilizar, mais uma vez, a alteração do corpo físico que apresentava, modificando sua vibração e se tornando menos denso, leve, de modo a poder caminhar sobre as águas. Os discípulos, assustados, pensaram tratar-se de uma aparição, pois não podiam entender a natureza fluídica do corpo de Jesus, presos sempre à visão do plano físico. Sentindo que os havia assustado, Jesus acalmou-os e entrou no barco, seguindo a viagem com seus discípulos maravilhados por mais esta prova da divindade do Mestre. Muitas vezes estamos despreparados pelas dificuldades que nos atormentam e não nos é possível identificar a ajuda que nos chega – “Sou eu! Não temais!” – e então entendemos que é o Divino Mestre que chega para nos amparar. Uma porta que se abre, inesperadamente, onde não conseguíamos divisar uma saída. Porque Jesus sabe do que necessitamos e sabe a hora precisa em que essa ajuda deve ser prestada. Por isso, confiamos nele! Misericórdia é o sentimento despertado pelas dificuldades e aflições dos outros, que nos leva a tentar ajudá-los, nos aspectos físico, material e espiritual. É a grande impulsora de todas as obras humanitárias, tais como orfanatos, albergues, asilos e hospitais, onde se pratica a caridade para com o nosso próximo, independentemente de religiões, credos, níveis culturais ou raças. Sinônimo da bondade e da caridade, a misericórdia é uma grande disciplinadora da Humanidade, propiciando o trabalho dos espíritos missionários em sua plenitude, porquanto nada exige em troca, sendo o campo onde se aplica intensamente o amor incondicional. Mateus (9; 10 a 13) relata: “E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus vendo isso, perguntaram aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e os pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” O Homem misericordioso não se revolta, é compassivo, sabendo sempre perdoar o mal que lhe fazem, praticando o amor incondicional, o amor ensinado por Jesus, que nos ensinou a amar o feio, o doente, o fraco, o ignorante e o que se diz nosso inimigo com a mesma intensidade que amamos os saudáveis de corpo e mente, bonitos e agradáveis. O Jaguar aprendeu que é bom ser importante, mas o mais importante é ser bom, e pratica seu trabalho espiritual  não só no Templo, mas em qualquer lugar que esteja, através de pensamentos, palavras e atos, desinteressadamente, onde houver dor, desesperança, sofrimento ou aflições, confiante nas palavras de Jesus: “...e aquele que viver e praticar a misericórdia, receberá a misericórdia divina!...” Em Mateus (25; 31 a 46), nos é relatado o juízo final: “Mas quando vier o Filho do Homem, na sua majestade, e todos os anjos com ele, então se assentará sobre o trono da sua majestade. E todos os povos se concentrarão diante dele, que separará uns dos outros como o pastor aparta dos cabritos as ovelhas. E porá as ovelhas à direita e os cabritos à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo. Pois tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era hóspede, e me recebestes; estava nu, e me vestistes; estava enfermo, e visitastes-me; estava no cárcere, e viestes me ver. Então lhe responderão os justos, dizendo: Senhor! Quando é que nós te vimos faminto e te demos de comer, ou sequioso e te demos de beber? E quando te vimos hóspede e te recolhemos, ou nu e te vestimos? Ou quando de vimos enfermo ou no cárcere, e te fomos ver? E, respondendo, o Rei lhes dirá: Em verdade vos digo: Toda vez que isto fizestes ao menor de meus irmãos, a mim o fizestes! Então, dirá também aos que hão de estar à esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o demônio e para os seus anjos, porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; era hóspede, e não me recolhestes; estava nu, e não me cobristes; estava enfermo e no cárcere, e não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor! Quando é que nós te vimos faminto, ou sequioso, ou hóspede, ou nu, ou enfermo ou no cárcere, e deixamos de te assistir? Então lhes responderá Ele, dizendo: Em verdade vos digo: Toda vez que deixastes de fazer ao menor destes, a mim deixastes de fazer! E irão estes para o suplício eterno e os justos para a vida eterna”.  Assim, as metas da Misericórdia foram traçadas: devemos, dentro de nossos limites, com amor, alegria e humildade, ensinar os simples; consolar os tristes; perdoar a quem errou; emitir boas vibrações aos encarnados e àqueles que desencarnaram; consolar os encarcerados; curar os enfermos do corpo e do espírito; abrigar os necessitados; agasalhar os nus; e dar de comer e de beber aos famintos e aos que estão com sede.  Na I Carta aos Coríntios (13, 3), São Paulo declara: “E se eu distribuir todos os meus bens para sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, e, todavia, não tiver caridade, nada disto me aproveita!” e, na II Carta (9, 6 e 7): “Quem pouco semeia, pouco recolherá; e o que semeia na abundância também colherá em abundância. Cada um como propôs, no seu coração, não com tristeza, nem constrangido, porque Deus ama ao que dá com alegria!”  Mas Jesus estabeleceu os limites para tudo isso quando nos disse (Mateus, 12; 7): “Mas se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Com as asas do amor, na força da misericórdia, e da sabedoria, no domínio doutrinário dos conhecimentos, o Jaguar se torna o Homem-Pássaro capaz de transpor muitos planos espirituais.

17 - JESUS, O PÃO DA VIDA (6; 22-40)

No dia seguinte, a multidão que ficara do outro lado do mar notou que ali não havia senão um pequeno barco e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, tendo estes partido sós. Entretanto, outros barquinhos chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde comeram o pão tendo o Senhor dado graças. Quando, pois, viu a multidão que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, tomaram os barcos e partiram para Cafarnaum à sua procura. E tendo-o encontrado no outro lado do mar, lhe perguntaram: Mestre, quando chegaste aqui? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Vós me procurais não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo. Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus?  Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta, que creiais naquele que por ele foi enviado. Então lhe disseram eles: Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti? Quais são os teus feitos? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer pão do céu. Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. Então lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede! Porém, eu já vos disse que, embora me tenhais visto, não credes. Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Porque eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade e, sim, a vontade daquele que me enviou.  E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

         Jesus omite, para se resguardar, o fato de ter atravessado o mar andando sobre as águas e não de barco, sendo a sua resposta uma lição sobre sua missão. Completando o quadro da multiplicação dos pães e peixes, o Divino Mestre fala do alimento da alma, mais importante do que o do corpo físico, relembrando a origem divina do maná que alimentou Moisés e seu povo, bem como de sua própria natureza ao afirmar: “Eu sou o pão da Vida!”. Com todo o amor e humildade, Jesus declara que veio à Terra para cumprir não a sua vontade, mas, sim, a do Pai Celestial. Com o poder do amor e da caridade, o Homem consegue alimentar sua alma, mantendo-se na Nova Estrada, recebendo o pão de Deus que sacia a fome do espírito e aplacando sua sede com o fluido divino que recebe por sua fé no Caminheiro. Seguindo os passos de Jesus, pela evolução de sua mente e conseqüente desenvolvimento de seu espírito, conhecendo e praticando a Doutrina Crística, preocupando-se em manter suas ações e vibrações dentro da correta conduta doutrinária, o Jaguar  é abastecido com o “pão da Vida”, e jamais terá fome ou sede das coisas materiais, aprendendo a lidar com suas provações, tanto no campo material como no moral ou intelectual, delas retirando maiores ensinamentos que lhe facilitarão sua verdadeira missão. Vamos recordar o que disse Jesus sobre os que viram os fenômenos e não acreditaram em sua missão divina. Temos visto e vivido muitas coisas em nossos trabalhos na Lei do Auxílio, e não podemos nos deixar enganar pela falsa modéstia ou pela vaidade. Tudo o que fazemos, não somos nós que fazemos – é a vontade de Deus que se manifesta através de nós, e só nos resta agradecer por podermos ser instrumentos dessa força divina. Devemos buscar o desenvolvimento de nossos espíritos trilhando com consciência a Nova Estrada, amando e ajudando, em todos os momentos, aqueles que são colocados em nosso caminho, para que possamos ressuscitar, isto é, que nossos espíritos possam se libertar das reencarnações nos corpos materiais, enfrentando as dificuldades e as dores tão numerosas neste plano físico. A Doutrina do Amanhecer é uma trilha de Luz, na sua simplicidade na aplicação, da forma mais pura, do amor, da tolerância e da humildade, dando a cada um de nós a possibilidade de não se perder, de não se afastar de Jesus. O Jaguar é aquele que, com os olhos do espírito, “viu” Jesus e acreditou nele, e, pela dedicação em seu trabalho, com consciência e conhecimento, está  conquistando a vida eterna e certamente ressuscitará no último dia.

18 - A MURMURAÇÃO DOS JUDEUS (6; 41-59)

Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. E diziam: Não é este Jesus, o filho de José? Acaso não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu? Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim. Não que alguém tenha visto ao Pai, salvo aquele que vem de Deus: este o tem visto. Em verdade, em verdade vos digo: Quem crê, tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida! Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai; também quem de mim se alimenta, por mim viverá. Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram, e contudo morreram: quem comer este pão viverá eternamente.  Estas coisas disse Jesus quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum.

Os judeus recusavam a afirmativa de Jesus – “Eu sou o pão que desceu do céu.” – porque o conheciam como o nazareno filho de José e Maria, ignorando sua origem divina e o fenômeno de sua gestação. Essa revelação ainda não podia ser feita, porque a humanidade não estava preparada para entender ou suportar a verdadeira natureza de Jesus. Por isso Jesus os advertiu para que não ficassem murmurando. Esclareceu que ninguém chegaria a ele se não fosse levado por Deus, para que Jesus o ressuscitasse, e esse caminho estaria aberto a todo aquele que evoluísse seu espírito pela prática do Bem e da caridade, impulsado pelo seu amor e simplicidade, cumprindo a vontade de Deus. Quando o Mestre fala dos que comeram o maná e morreram, está fazendo entender que eram espíritos ainda pouco esclarecidos, ignorantes e profundamente ligados aos aspectos materiais da vida, motivo pelo qual tiveram que evoluir pelo fenômeno da reencarnação. Morreram para poderem nascer de novo. Foram alimentados em suas necessidades físicas, mas os espíritos não conseguiram ver a Luz. Todo aquele que seguiu os ensinamentos divinos chegou ao Mestre. A Doutrina do Amanhecer nos foi trazida por Koatay 108, pela Voz Direta que trouxe para este plano toda a grandeza e eficiência dos ensinamentos divinos. O Jaguar deve poder dizer que chega a Jesus por  ter aprendido as lições de Deus, porque atua e se movimenta dentro de uma doutrina crística, de preceitos e normas vinda dos planos superiores, que aqui são postos em ação pela manipulação de forças geradoras e giradoras que refletem a formação de seu Sol Interior. Quando Jesus se refere à sua carne e ao seu sangue não está senão usando uma imagem figurada de suas atribuições divinas, para que os homens percebam as diferenças básicas entre a carne do Homem, matéria perecível, e sua carne, na verdade um corpo fluídico, puro e luminoso, que também revestirá os espíritos evoluídos, e do sangue humano, que percorre todo o corpo, levando nutrição, proteção e eliminação às diferentes células, bem como portando a corrente mediúnica, e o sangue de Cristo, fluido da essência do amor incondicional, a força Luz que inunda as mentes e os corações daqueles que são acolhidos pelo Divino e Amado Mestre. Pelo apego à matéria, o Homem só se alimenta do que é perecível e sempre terá fome. O Jaguar, com seu Sol Interior equilibrado e vibrante, absorvendo prana, gerando vibrações positivas e dando exemplo por sua conduta doutrinária, passa a amealhar partículas do pão da Vida por sua atuação na Lei do Auxílio e bebe da moral divina por sua dedicação aos espíritos encarnados e desencarnados que estão ao seu redor. A quem se alimentar do amor crístico Jesus premiará com a ressurreição, o renascimento num plano de Luz e de Paz, livre das provações e expiações que dependem das reencarnações para sua evolução.

19 - OS DISCÍPULOS ESCANDALIZADOS
 (6; 60-71)

Muitos dos seus discípulos tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso, quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza? Que será, pois, se virdes o Filho do homem subir para o lugar onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito, são espírito e são vida. Contudo há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia desde o princípio quais eram os que não criam e quem o havia de trair. E prosseguiu: Por causa disto é que vos tenho dito: Ninguém poderá vir a mim, se pelo Pai não lhe for concedido. À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. Então perguntou Jesus aos doze: Porventura quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. Replicou-lhe Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo. Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze.

         Jesus não estranhou a falta de receptividade de suas palavras entre os que o seguiam, pois sabia que ali estavam espíritos ainda carentes de maior evolução, que não o entenderiam e deixariam de acompanhá-lo. O Jaguar sabe o que isto significa, pois mesmo Koatay 108 e os Trinos e Arcanos do Amanhecer sentem a falta do entendimento de tantas grandezas que nos foram trazidas dos planos superiores, e são absorvidas na medida do desenvolvimento de cada um de nós. Palestras, aulas, histórias, tudo, enfim, com que nos deparamos na nossa Doutrina é avaliado de forma individual, dependendo sua percepção do grau de evolução de cada espírito, da sensibilidade de cada um para a absorção do conteúdo do que está sendo exposto. Julgamento e crítica são os obstáculos com que nos deparamos em nossa Doutrina. A crítica surge de uma forma mais simples de julgamento, calcada no conhecimento da natureza e das atividades relacionadas com o comportamento e o desempenho do médium na realização dos trabalhos e, não raro, com relação à sua vida particular. Mas estudos acurados mostraram que a maior parte das críticas nascem das frustrações. Temos uma tendência a ver e querer o Universo dentro da nossa visão pessoal, o que significa conflito interior, que se exterioriza através da crítica. Geralmente a crítica nasce de alguém que se julga perfeito (por seu desempenho, por sua aparência ou por sua postura moral) e se acha no direito de criticar tudo aquilo que não se ajusta ao seu modelo ideal. Quando se critica alguém por estar fazendo algo arriscado ou diferente, na maior parte dos casos estamos apenas indo contra alguma coisa de que não gostamos ou então que não temos capacidade ou coragem de fazer. As críticas são os fatores que mais influem no processo de decisões, desde a mais tenra idade, limitando a personalidade. Na nossa Doutrina, ouvimos críticas sobre inúmeros mestres, e lembramos palavras de Koatay 108 que sempre condenou criticar, julgar ou chamar a atenção de quem quer que fosse. A crítica pode ser cruel, atingindo profundamente seu alvo, e não leva a coisa alguma que não ao conflito.  A artimanha da crítica construtiva não libera o caráter de julgamento, e, portanto, também deve ser evitada.  Podemos conversar, ensinar, avaliar, enfim, ajudar a quem está agindo incorretamente em função de padrões ou leis estabelecidas, buscando, assim, corrigir ou não agravar um erro que, em sua maior parte, existe pela falta de conhecimento e não pela vontade de ser cometido. Devemos evitar criticar alguém, e, quando formos criticados, devemos ouvir com tolerância, humildade e amor, concordando com nosso crítico por mais estúpida que nos pareça a observação, sem revidar e sem discutir, buscando nossa paz interior e pedindo que as forças benditas possam equilibrar aquela pessoa. Todos tiveram as mesmas aulas, as mesmas consagrações, a mesma Doutrina. Se não estão de acordo com o que pensamos estar certo e não querem nossa ajuda, vamos deixá-los caminhar, pois terão que prestar contas a alguém que está muito acima de nós. Se quisermos progredir, temos que trabalhar mais do que criticar. Grande número de discípulos abandonou o Mestre. Ficaram os doze, e Jesus perguntou-lhes se eles também não iam deixá-lo. Simão Pedro, o grande espírito missionário, conhecendo todo o poder e a natureza do Mestre, reafirmou sua confiança na Nova Estrada e nos ensinamentos do Caminheiro, sabendo que a natureza divina de Jesus lhe permitia anunciar a ascensão – subir ao lugar onde primeiro estava, isto é, nos planos divinos. A expressão “diabo” usada por Jesus, referindo-se a Judas Iscariotes, não tinha o significado que hoje lhe é dado. Diabo ou demônio era a denominação do espírito com pouca evolução, ainda ligado às coisas materiais, ao orgulho e à ambição. Se sabia da futura traição de um dos doze, por que Jesus não o apartou? Mais uma vez o Mestre nos demonstra o amor, a tolerância e a humildade, deixando junto de si um espírito difícil, para que pudesse ser ajudado pelas vibrações luminosas do grupo e, desta forma, evitar cair em abismos mais profundos e sofridos. Disso o Jaguar conhece, pois a quantos irmãos temos que ajudar, conhecendo suas falhas, mas colocando este exemplo do Mestre acima de nossa vontade de julgarmos nosso próximo. Jaguares entregues a vícios, criando situações críticas sob o ponto de vista moral e social, cruzando correntes, caminhando fora da conduta doutrinária... Mas lembramos de como Tia Neiva ficava aborrecida quando alguém ia lhe falar mal de um Jaguar, pois não nos cabe avaliar nem julgar. O que temos que fazer é vibrar com quem está mal para ajudá-lo a se recuperar. Temos que ter noção do poder do Amor Incondicional, que nos vibra a Espiritualidade Maior, para entendermos tantas situações que nos parecem conflitantes. Há quem reclame da variedade de igrejas e doutrinas que se estabeleceram na comunidade, hoje heterogênea, do Vale do Amanhecer. Isso não nos ameaça, porque temos a Doutrina solidificada em nosso íntimo. Faz parte da nossa missão. Esses espíritos – muitos dos quais profundamente desequilibrados – serão cuidados pela Espiritualidade Maior e todos estarão recebendo as forças crísticas de nossos trabalhos devido à proximidade de nossa Estrela Candente e da natureza das forças que são geradas pelos outros trabalhos, especialmente pelos Abatás. Observamos que tem sido maior o número de espíritos que deixam as outras linhas para se desenvolverem conosco do que o de Jaguares que trocaram de lado. Temos que ampliar nossa visão e aprendermos a sentir o significado mais amplo de tudo quanto contemplamos ao nosso redor. Temos a garantia de nossa consciência e o conhecimento da Doutrina, e isso é o bastante para estarmos preparados para os grandes desafios. Temos recebido a visita de grandes líderes do Vale das Sombras, em nossos trabalhos no Trono Milenar. Muitos declaram que já estão infiltrados entre nós, mantendo legiões em permanente ação dentro do Vale do Amanhecer e nos outros Templos do Amanhecer. Perguntei a vários se não haviam baixas nessas legiões, isto é, alguns daqueles espíritos vinham para o Templo e não mais voltavam às suas antigas falanges. Em sua totalidade, reconheceram a realidade dessa situação: muitos não retornam, porque são envolvidos na força crística de nossas emanações, são doutrinados e elevados para outros planos, libertando-se do jugo das Sombras. É parte do nosso trabalho, é um dos objetivos de nossas missões. Temos, em contrapartida, algumas baixas em nossas fileiras. De modo geral, esses líderes das Trevas querem negociar conosco, e alegam que já fizeram os seus contratos com muitos Jaguares que foram em busca do alívio de suas situações cármicas. Sabemos que isso é verdade, e lamentamos pelos que o tenham feito. Sucumbiram às provas, sem alcançarem a Verdade de nossa Doutrina, perseguindo uma ilusão. Cometeram o erro do cruzamento de correntes, deixando-se levar pela desesperança. Temos tudo o que é necessário para nos ajudar e ajudar nossos irmãos. Se atravessamos alguma crise, podemos estar certos de que estamos tendo ajuda dos Mentores de conformidade com nosso merecimento. Não há razão para ir buscar auxílio em outras correntes ou fazer contratos com espíritos das Trevas, pois iremos pagar essa irresponsabilidade com nossa liberdade quando chegarmos ao desencarne. Pelo conhecimento e pela confiança manteremos nossa fé em Jesus.

20 - A INCREDULIDADE DOS IRMÃOS DE JESUS (7; 1-9)

Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galiléia, porque não desejava percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam matá-lo. Ora, a festa dos judeus, chamada dos tabernáculos, estava próxima. Dirigiram-se, pois, a ele os seus irmãos, e lhe disseram: Deixa este lugar e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele. Disse-lhes, pois, Jesus: O meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente. Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más. Subi vós outros à festa; eu por enquanto não subo, porque o meu tempo ainda não está cumprido. Disse-lhes Jesus estas coisas, e continuou na Galiléia.

         Faz-se necessário esclarecer a questão da família de Jesus. Espíritos evoluídos e encarregados da grandiosa missão do Divino e Amado Mestre na Terra, Maria e José tiveram apenas o “filho” Jesus. Com a Nova Era, surgiram obras de várias naturezas explorando todas as formas de manifestações espirituais, entre elas muitas se ocuparam da Mãe de Jesus, divulgando fatos inconsistentes como tendo Maria tido uma grande prole. Havia, na mesma moradia, os filhos de Cleofas, casado com uma irmã de Maria, mãe de Tiago, José, Simão e Judas, que em algumas traduções dos Evangelhos se transformaram de primos em irmãos de Jesus. Há algumas citações sobre “irmãos” de Jesus que, na verdade, se referem a primos e primas do Mestre. Quando falamos da situação de irmandade de Jesus e João, referimo-nos aos espíritos iluminados, ligados por laços transcendentais e divinos, filhos do Pai Celestial. Nesta passagem vemos a falta de credulidade da família de Jesus, composta por espíritos que foram colocados ao lado do Mestre para receberem ensinamentos e a evolução necessária para entenderem suas respectivas missões. Instigaram Jesus a se mostrar, realizando publicamente os fenômenos que o caracterizariam como um ser divino. Mas o Mestre se mostra cauteloso e busca seguir sua caminhada longe das concentrações populosas e sem chamar a atenção dos judeus, que o queriam prender e matá-lo, pois tudo teria que ter o seu momento certo. Quantas oportunidades perdemos pela ansiedade, por não sabermos esperar o momento certo para agir?  Tudo o que acontece em nosso redor tem que estar em condições de ser positivo, pela nossa sintonia e nossa preparação, para que haja perfeita repercussão nos planos superiores. Temos que ter consciência de nossas possibilidades para a perfeita realização de nossas metas cármicas. Reencontros, reajustes, conflitos, vibrações e sentimentos são alguns aspectos do numeroso conjunto de condições que temos que avaliar permanentemente para fazermos as coisas certas nas horas certas. Lembremo-nos de que a maioria de nossa família e daqueles que estão próximos a nós são cobradores de outras vidas e nem sempre estão prontos para ver o nosso sucesso. Ou, como no caso de Jesus, movidos pela ambição e por serem parentes muito próximos do Mestre, desejavam vê-lo como rei dos judeus, para se aproveitarem da situação. São acontecimentos como este que nos levam a agir com prudência, sempre ouvindo a nossa consciência, embora não desprezando as ponderações dos que estão ao nosso redor. É necessário ouvir para poder julgar melhor as situações que se nos apresentam. Mas é prudente se refugiar no isolamento interior, antes da decisão, para poder avaliar, à luz da consciência e do conhecimento doutrinário, a forma e o momento certo da ação. Por isso Jesus disse aos parentes que eles poderiam falar o que quisessem, porque eram parte deles e viviam e pensavam como os judeus, preocupados apenas com o aspecto material da existência, mas o Mestre só poderia falar das necessidades do espírito e criticar aquelas vidas que existiam tão-somente para o mal, o que levava ao povo a vontade de matá-lo. Ninguém gosta de ouvir críticas. Até hoje, mesmo entre nós, Jaguares, muitos existem que não dão ouvidos à Espiritualidade Maior, buscando justificar suas ações de forma rude e horizontal por declarações ouvidas de falsos profetas e incorporações com interferências. Qualquer entidade de Luz que busque esclarecê-los é considerada mistificação. Não sabem discernir o Bem e o Mal, e caminham iludidos para terríveis abismos.

21 - JESUS NA FESTA DOS TABERNÁCULOS
 (7; 10-24)

Mas, depois que seus irmãos subiram para a festa, então subiu ele também, não publicamente, mas em oculto.  Ora, os judeus o procuravam na festa e perguntavam: Onde estará ele? E havia grande murmuração a seu respeito entre as multidões. Uns diziam: Ele é bom. E outros: Não, antes engana o povo! Entretanto, ninguém falava dele abertamente, por ter medo dos judeus. Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava. Então os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem ter estudado? Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu e, sim, daquele que me enviou.  Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo. Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça.  Não vos deu Moisés a lei? Contudo ninguém dentre vós a observa. Por que procurais matar-me? Respondeu a multidão: Tens demônio! Quem é que procura matar-te? Replicou-lhes Jesus: Um só feito realizei, e todos vos admirais. Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão, se bem que ela não vem dele, mas dos patriarcas, no sábado circuncidais um homem. E se o homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, por que vos indignais contra mim, pelo fato de eu ter curado, num sábado, ao todo, um homem? Não julgueis segundo a aparência, e, sim, pela reta justiça.

         A Festa dos Tabernáculos – ou Festa das Cabanas – era, inicialmente, celebrada quando o povo Cananeu agradecia a Deus o sucesso das colheitas, em cabanas montadas em aldeias e nos campos, terminando em um santuário local. Mais tarde, os judeus impuseram sua comemoração em Jerusalém, onde eram montadas as cabanas e faziam grandes cerimônias litúrgicas, por sete dias. Passou a ser uma festa em que era comemorada a recordação de suas moradas no deserto. Reunia-se o povo em grande número e, por isso, Jesus preferiu permanecer despercebido pela multidão, para evitar tumultos. Aguardou até terem todos se reunido no templo para então se apresentar e começar seus ensinamentos, em meio aos murmúrios e conjeturas iniciais, mas, com o passar do tempo, aglutinando as vibrações daquelas mentes e manipulando as forças antagônicas de escribas e fariseus, obteve a harmonia necessária ao trabalho. Todos puderam sentir o poder de Jesus e ficaram espantados com a sabedoria que o Mestre revelava das Escrituras. Não entendiam que a natureza divina de Jesus não carecia de estudos das letras, mas era a presença material do Verbo Divino. Revelou a todos a origem da Doutrina Crística, vinda de Deus Pai através dele. Esta a verdadeira lição: tudo o que fazemos é pela força divina que vem através de nós, pela nossa harmonia e merecimento, e não por nós mesmos. Há quem se ache um grande mestre porque consegue bons resultados com seus trabalhos, buscando assim sua própria glória, esquecido de que é um simples instrumento da Espiritualidade Maior. Dessa forma alimenta a vaidade que vai tomando conta de sua mente e o afastando da Nova Estrada, até que, sozinho, se sentirá perdido e isolado dos seus Mentores. Temos que buscar a glória de quem nos enviou, a força de nossos Mentores, o equilíbrio de nossas mentes e o conhecimento da Doutrina para cumprirmos a Lei que nos foi trazida através de Moisés – os Dez Mandamentos. Vemos, então, como a história se repete. Moisés, tendo recebido o decálogo, não se limitou a ele para estabelecer maior e mais complexa lei religiosa, com isso buscando disciplinar aquele povo que conduzia em busca da Terra Prometida, e que se constituía de espíritos rebeldes e primitivos. A própria circuncisão, adotada por vários povos em diferentes lugares deste planeta, era um rito de iniciação sexual e consagração divina das faculdades de procriação humana. Entre os judeus, tornou-se um sinal de distinção e símbolo da Aliança de Yavé. Com Jesus, essa aliança passou a ser feita pelo batismo, e a circuncisão foi abolida pelos cristãos, porém mantendo-se, até a atualidade, como sinal de distinção do povo Judeu. Trata-se, pois, de uma grandiosa ação que os judeus praticam nos dias santificados – os sábados. Jesus ensinou que, da mesma forma que fazer a circuncisão, qualquer outra boa ação poderia ser feita no sábado, sem ferir a Lei de Moisés. Isto não seria justificativa para que quisessem matar Jesus por ter realizado curas no sábado, e que o acusassem por estar possuído pelo demônio. Jesus pediu que não julgassem pelas aparências nem pelo sentido frio das letras, mas, sim, pela reta justiça, isto é, entender que a  prática da caridade não tem hora nem dia marcados. Quando ensinamos que, na Doutrina do Amanhecer, devemos estar sempre prontos para trabalhar, não só no Templo, mas em qualquer lugar e a qualquer momento, estamos cumprindo a determinação do Divino Mestre, motivo pelo qual é necessário buscarmos nossa harmonia permanentemente e evitar os momentos de irritação ou de más vibrações, que podem, muitas vezes, impedir nosso efetivo trabalho na Lei do Auxílio. Vivendo sempre em perfeita conduta doutrinária estaremos, a qualquer momento, prontos a servir como instrumentos da Espiritualidade Maior. Nossa Doutrina é desprendida do formalismo e de dogmas, e o Jaguar aprende a atuar, não com a letra da lei dos Homens, mas com a lei do amor, da tolerância e da humildade, que é a justiça reta, aplicada segundo os ensinamentos divinos.

22 - OS GUARDAS MANDADOS PARA PRENDER JESUS (7; 25-36)

 Diziam alguns de Jerusalém: Não é este aquele a quem procuram matar?  Eis que ele fala abertamente, e nada lhe dizem. Porventura reconhecem verdadeiramente as autoridades que este é de fato o Cristo?  Nós, todavia, sabemos donde este é; quando, porém, vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é. Jesus, pois, enquanto ensinava no templo, clamou, dizendo: Vós não somente me conheceis, mas também sabem de onde eu sou; e não vim porque eu de mim mesmo o quisesse, mas aquele que me enviou é verdadeiro, aquele a quem vós não conheceis.  Eu o conheço porque venho da parte dele e fui por ele enviado. Então procuravam prendê-lo; mas ninguém lhe pôs a mão, porque ainda não era chegada a sua hora. E, contudo, muitos de entre a multidão creram nele, e diziam: Quando vier o Cristo, fará, porventura, maiores sinais do que este homem tem feito? Os fariseus, ouvindo a multidão murmurar estas coisas a respeito dele, juntamente com os principais sacerdotes enviaram guardas para o prenderem. Disse-lhes Jesus: Ainda por um pouco de tempo estou convosco, e depois irei para junto daquele que me enviou.  Haveis de procurar-me, e não me achareis; também onde eu estou, vós não podeis ir.  Disseram, pois, os judeus uns aos outros: Para onde irá este que não o possamos achar? Irá, porventura, para a Dispersão entre os gregos, com o fim de os ensinar? Que significa de fato o que ele diz: Haveis de procurar-me, e não me achareis; também onde eu estou, vós não podeis ir?

         Por desconhecerem a origem divina de Jesus, os judeus se intrigavam com suas palavras. Sabiam que aquele que lhes falava era Jesus de Nazareth, filho do carpinteiro José, mas confundiam suas mentes as palavras do Mestre, pois haviam aprendido que quando o Cristo viesse ninguém saberia de onde teria vindo. E ali estavam diante daquele nazareno, que muitos conheciam e sabiam de onde vinha, mas que tinha produzido fenômenos que somente Cristo poderia fazer. E ele lhes afirmava sua natureza divina, falando daquele que somente ele conhecia e que lhe havia enviado. Sentindo que o reconhecimento de Jesus como o anunciado Cristo começava a tomar forma naquelas mentes, os sacerdotes e os fariseus enviaram guardas para prender o Mestre. Temerosos de uma reação, não cumpriram a ordem. Mas Jesus fez o aviso do desenlace de sua passagem na Terra, ensinando que aqueles espíritos que ali se encontravam encarnados não teriam condições de estar onde ele estaria, pois o plano evolutivo do Mestre é o dos Espíritos Iluminados, e não há como ser possível chegar a tal plano nas condições que nos obrigam a estas reencarnações evolutivas neste plano terrestre. Temos uma longa jornada Dharman Oxinto, isto é, a Caminho de Deus. Buscamos nossa evolução espiritual para que possamos nos aprimorar e sermos capazes de conquistar melhores planos vibracionais, mas é uma lenta progressão, sujeita às dificuldades que encontramos em nossas metas cármicas, ao desconhecimento que temos de nós mesmos e ignorância dos imensos poderes que temos em nossas mentes e nos nossos corações. Esses os problemas que temos condições de buscar resolver pelo conhecimento do que nos traz a Doutrina do Amanhecer. Aplicando, na crescente sensibilidade e consciente racionalização, tudo o que nos foi trazido por Pai Seta Branca e esses Mentores de Luz, temos como evoluir mais rapidamente. Tia Neiva nos afirmou que vivendo intensamente a Doutrina do Amanhecer, conhecendo a aplicando suas Leis, amando e compartilhando sentimentos, fazendo a união e harmonização dos pensamentos, caminhando dentro da conduta doutrinária, temos a possibilidade de queimar, neste reencarnação, o carma que seria trabalhado em mais cinco ou seis. É esta a grande oportunidade que temos para nos adiantar em nosso Dharma – o nosso caminho. Enquanto Jesus procurava despertar os judeus para o aspecto espiritual de sua presença, eles não conseguiam alcançá-Lo, presos ao aspecto formal e material correspondente às respectivas condições de evolução de seus espíritos. Em nossa Doutrina do Amanhecer temos tristes exemplos daqueles que não souberam se firmar dentro de si mesmos e passaram a sublimar, a se acharem espíritos perfeitos reencarnados como missionários de Luz, esquecidos da situação real de instrumentos da espiritualidade, acabando por se afastarem da Doutrina.

23 - JESUS, A FONTE DA ÁGUA VIVA (7; 37-53)

 No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.  Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até esse momento não fora dado porque Jesus não havia sido ainda glorificado. Então os que  dentre o povo tinham ouvido estas palavras, diziam: Este é verdadeiramente o profeta. Outros diziam: Este é o Cristo! Outros, porém, perguntavam: Porventura o Cristo virá da Galiléia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi e da aldeia de Belém, de onde era Davi? Assim houve uma dissensão entre o povo por causa dele;  alguns dentre eles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos. Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes?  Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem. Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Será que também vós fostes enganados? Porventura creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus? Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita. Nicodemos, um deles que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes: Acaso a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez? Responderam eles: Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia? Examina e verás que da Galiléia não se levanta profeta. E cada um foi para sua casa.

         Jesus muitas vezes expressou a figura da fonte de amor e caridade, de misericórdia e compaixão, a água viva que fluirá entre aqueles que seguirem seus passos, como o fizeram os apóstolos. Como também recebemos nossas missões, devemos nos preocupar em seguir a Nova Estrada, assim tendo a proteção e a ajuda dos Mentores de Luz, e crendo na palavra de Jesus, nos tornaremos fontes de onde irão fluir rios de água viva. Todavia, pelo estágio em que estavam aqueles espíritos naquela era, pouco sabiam a respeito da evolução espiritual e se prendiam muito aos aspectos formais do plexo físico, adormecidos em seus sentimentos que Jesus buscava despertar. Mais uma vez a ignorância impedia que vissem a verdade, pois não sabiam que Jesus nascera em Belém, confirmando as profecias, porque nascera no lar de José, da família de Davi. Estava estabelecida a confusão, uns afirmando ser Jesus o Messias e outros discordando, a ponto de quererem que fosse ele preso. Os guardas não prenderam Jesus porque acharam que ele seria, realmente, o Messias, o que levou à indignação dos sacerdotes e fariseus, tentando fazê-los ver que haviam sido enganados por aquele que as autoridades afirmavam ser um impostor. Apenas seguiam o Mestre os incultos e ignorantes que não obedeciam às leis. São estes os argumentos utilizados até a atualidade para combater as idéias do Divino Mestre, até mesmo por doutrinas e linhas que se dizem crísticas, mas que estão fora da Igreja de Cristo por não adotarem o amor, a tolerância e a humildade. Com a utilização da imagem de Jesus, os espíritos do Vale das Sombras dirigem grande parte da humanidade para abismos sombrios, valendo-se dos falsos profetas e da falsa interpretação das Escrituras. Há por toda a parte infiltração desses espíritos sem Luz, que plantam as dúvidas e ressentimentos, tentando convencer as pessoas a seguí-los, porque se dizem donos da verdade. Espíritos desequilibrados ou desarmonizados se identificam com esses falsos líderes e os acompanham em suas desastrosas jornadas. Mas há que ser aplicada a verdadeira justiça, como falou Nicodemos, que já estivera com Jesus (veja item 6), dando-se a oportunidade de defesa a quem for acusado e fazendo o julgamento somente após esclarecer bem o que foi feito e falado pelo réu. Vivemos a era da rapidez, onde se erguem e se destroem personalidades da noite para o dia, graças à tecnologia que nos proporcionou a participação nas diversas regiões do planeta, no mesmo momento em que estão ocorrendo, dos fatos envolvendo conseqüências de atos pessoais e grupais, uma grande massa de informes que nossos cérebros têm que absorver, avaliar, separar e julgar. Por isso a preocupação de parte das doutrinas e seitas terem a administração de rádios e televisões, com isso conseguindo bombardear os ouvintes e espectadores com idéias que, muitas das vezes, pela forma massificante como são feitas, inibem a compreensão e vão formar, diretamente no cérebro, sem avaliação, as imagens recebidas por aquelas  mensagens. Nesta Nova Era, precisamos despertar para o nosso íntimo, para nossa avaliação própria de tudo que nos chega através de nossos sentidos, de nossa sensibilidade material e espiritual, para que não sejamos levados por essa imensa onda tecnológica que busca conduzir a humanidade para caminhos tortos e perigosos, desvirtuando sentimentos, fazendo a apologia do crime e da violência, desvalorizando a vida e a justiça, transformando as escalas de valores, fazendo mais valer o TER do que o SER. A perspectiva que Jesus trouxe foi plenamente entendida pelos espíritos simples, fracamente iluminados, mas que sentiram a força e o poder do Amor  irradiado pelo Mestre, e o seguiram. Mas aquela idéia também foi sentida pelos sacerdotes e fariseus, que preferiram não aceitá-la para não arriscarem o seu mundo de ambição e vaidade que estaria ameaçado pela pregação de Jesus. Entre a Luz e as Sombras, como sempre prevalece a afinidade, eles preferiram prosseguir no caminho sombrio e condenar Jesus. Sempre vivemos esta opção: as dificuldades do cumprimento de nossas metas cármicas ou a estagnação em nossa situação material. Em todas as nossas reencarnações temos sido prejudicados pelas nossas ambições, por nossa vaidade e pelo apego à matéria. Vamos tentar, nesta oportunidade, seguir a Doutrina do Amanhecer e buscar o real  objetivo de nosso retorno ao planeta, nos integrando na Igreja de Cristo – amor, tolerância e humildade – e fazendo que nossas mentes e nossos corações possam ser fontes de água viva. Na nossa Iniciação matamos a personalidade e ressuscitamos a individualidade, única forma de proporcionar condições ao nosso Sol Simétrico, o nosso Sol Interior, de ser fonte das forças geradoras e giradoras que são a água viva que iremos servir à humanidade.

24 - A MULHER ADÚLTERA (8; 1-11)

Jesus, entretanto, foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava. Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra. E  tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Mas ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então lhe disse Jesus: Vai, e não peques mais.

         Sempre agem com sabedoria e perspicácia os espíritos sem Luz, procurando colocar em dificuldade qualquer de nós que ameace o seu reino. Freqüentemente somos confrontados com essas forças em nossa jornada, e o que nos pode valer é termos o merecimento de receber a ajuda de nossos Mentores por estarmos em perfeita conduta doutrinária. Os escribas e fariseus levaram à presença de Jesus uma mulher flagrada em adultério e, para testá-lo diante do povo, o desafiaram a desobedecer à Lei de Moisés. Segundo a obra “Os Quatro Evangelhos”, recebida por  J. B. Roustaing, o que Jesus escreveu no chão, após a chegada daquele povo, foi: “Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam.” Após terem insistido na pergunta, Jesus escreveu: “Quando quiseres julgar teu irmão, volve o olhar para dentro de ti mesmo, sonda o teu coração e interroga a tua consciência.”  O Mestre lhes deu a resposta de modo a fazer o despertar da consciência de cada um. Não podemos julgar o nosso próximo mas, se o fizermos, não podemos julgá-lo com mais severidade do que julgamos a nós mesmos e nem condená-lo por faltas que perdoamos em nós. Abalados por terem que olhar dentro de si mesmo, foram saindo e se dispersando, até que a mulher ficou só diante do Mestre, que na sua infinita misericórdia a perdoou e falou para que ela não voltasse a pecar. Para quem segue as palavras de Jesus, o perdão não tem limites e essa passagem demonstra a grandiosa lição de bondade de Jesus, que não condena nem castiga, mas ensina que teremos sempre uma oportunidade para nos redimirmos de tudo o que fizermos de errado, por ignorância, por desespero, por proteção ou, até mesmo, por amor. Quando se erra e temos consciência do que cometemos, sempre nos será dada uma nova chance pela espiritualidade. Quando sabemos que erramos, porém persistimos no erro como desafio às forças do Bem, então, sim, seremos julgados e castigados com rigor pela Espiritualidade Maior, muitas vezes desperdiçando toda uma ou mais reencarnações por consequência daquele erro. Na Doutrina do Amanhecer esta forma de erro é a que melhor corresponde à noção do pecado em outras linhas e religiões. Nós não falamos em pecado, porque é um rotulo demasiadamente forte. Se formos analisar, são situações próprias de espíritos ainda pouco evoluídos, presos à matéria, que precisam de ajuda doutrinária para se libertarem. Não podem ser condenados, e sim ajudados. Uma sentença de amor e de esperança: Vá e não peque mais!

25 - JESUS, A LUZ DO MUNDO (8; 12-20)

 De novo lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas. Pelo contrário, terá a luz da vida. Então lhe objetaram os fariseus: Tu dás testemunho de ti mesmo, logo o teu testemunho não é verdadeiro. Respondeu Jesus e disse-lhes: Posto que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho e nem para onde vou. Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo. Se eu julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, porém eu e aquele que me enviou. Também na vossa lei está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu testifico de mim mesmo, e o Pai, que me enviou, também testifica de mim. Então eles lhe perguntaram: Onde está teu Pai? Respondeu Jesus: Não me conheceis a mim nem a meu Pai; se conhecêsseis a mim também conheceríeis a meu Pai. Proferiu ele estas palavras no lugar do gazofilácio, quando ensinava no templo; e ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora.

         O Mestre abriu as mentes para a sua missão, revelando-se como a verdadeira Luz do mundo, não só pela irradiação de suas vibrações altamente positivas como, também, pela instrução de uma nova ordem universal, agregando o amor incondicional às duras leis daquela época, e se apresentando como o Caminheiro – aquele que o seguisse teria, igualmente, a luz da vida, pelo poder da verdade em seus atos, em suas palavras e em seus pensamentos. Tanto naquela época como na atual, a falta de conhecimento da vida espiritual provoca no Homem a insegurança e a insatisfação, prendendo-se somente aos aspectos materiais e formais da existência. Qualquer contrariedade, desengano, perda ou insatisfação gera angústia, levando o Homem ao sofrimento. Mesmo agora, no despontar do III Milênio, o Homem não espiritualizado padece o medo e a insegurança diante das transformações do planeta.  Seguir Jesus é abdicar dos valores materiais, das ambições, das vaidades, das invejas e dos ciúmes. É começar nova caminhada, iluminado pela força bendita de nossos Mentores de Luz, de nossos Ministros, Cavaleiros e Guias Missionárias, acolhendo em nosso íntimo o conhecimento que nos foi trazido através de Koatay 108, progredindo pela força da caridade e do amor de nossos corações, cumprindo com o maior rigor nossa conduta doutrinária, seguros pela palavra do Mestre que nos disse que, desta forma, não andaríamos nas trevas. É preciso ficar bem claro que devemos buscar o nosso bem-estar material, nossa realização profissional e nos preocuparmos com o conforto e a educação dos que estão ao nosso redor, em nosso lar, porque a verdadeira Doutrina Crística nos determina apenas que não abusemos dos bens terrenos. Aprendemos a partilhar e a compartilhar o que a sociedade nos proporciona e as oportunidades de melhores condições de vida. A solidariedade e a fraternidade são demonstrações físicas da grandeza do espírito. Jesus torna a falar de sua origem divina, dando testemunho de si mesmo, alegando que os judeus ignoravam de onde ele vinha e para onde iria. Ao dizer que também ele não julgava, mas sim aquele que o tinha enviado, declara que os homens julgavam segundo a carne – a matéria física – e não podiam alcançar o refinamento espiritual que a ele e a seu Pai permitiam o julgamento justo, pelo elevado conhecimento das leis e das motivações humanas. O apego à matéria, em detrimento do espírito, leva o Homem a cometer erros e, o que é pior, a lutar contra a demonstração da Verdade para permanecer acomodado em seus erros. Embora sabendo dos fenômenos produzidos por Jesus, os judeus se negavam a reconhecer sua origem divina. Conhecer Jesus é conhecer o Pai Celestial; seguir seus passos, dentro de uma doutrina crística como a do Vale do Amanhecer, é evoluir o espírito dentro dos princípios de amor, tolerância e humildade, o que nos permitirá este conhecimento. Pai Seta Branca mesmo nos ensinou que o nosso verdadeiro caminho, a nossa missão, o nosso Dharma, só seria encontrado pelo conhecimento dos Evangelhos. Jesus dava o testemunho de sua origem divina e tomava o testemunho daquele que o havia enviado – Deus – para cumprir àquela lei que exigia testemunho de duas pessoas para dar veracidade a um fato. Só que aqueles espíritos ainda imperfeitos não atingiam o real sentido das palavras do Mestre, deixando-se levar pela ignorância que, dentro de suas mentes, negava  sua origem celestial. Este sentimento se transformava em ódio e só não prenderam Jesus porque ainda não era chegada a hora, sendo tudo conduzido pelo plano espiritual de modo a que fossem cumpridas as Escrituras.

26 - JESUS DEFENDE A SUA MISSÃO E AUTORIDADE
(8; 21-59)

 De outra feita lhes falou, dizendo: Vou retirar-me, e vós me procurareis, mas perecereis no vosso pecado; para onde eu vou vós não podeis ir. Então diziam os judeus: Terá ele acaso a intenção de suicidar-se? Porque diz: Para onde eu vou vós não podeis ir. E prosseguiu: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou. Por isso eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque se não crerdes o que eu sou morrereis nos vossos pecados. Então lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: O que é que desde o princípio vos tenho dito? Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém, aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo. Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai. Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. Ditas estas coisas, muitos creram nele. Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres? Replicou-lhe Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Todo o que comete pecado é escravo do pecado O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque minha palavra não está em vós. Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazeis o que vistes em vosso pai. Então lhe responderam: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão. Mas, agora, procurais matar-me, a mim que vos tenho falado a verdade que ouvi de Deus e aqui estou ; assim não procedeu Abraão. Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhes eles: Nós não somos bastardos; temos um pai, que é Deus. Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse de fato vosso pai, certamente me havíeis de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de moto próprio, mas ele me enviou. Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra. Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe aos desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, porque razão não me credes? Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus; por isso não me dais ouvidos, porque não sois de Deus. Responderam, pois, os judeus e lhe disseram: Porventura não temos razão em dizer que és samaritano e tens o demônio? Replicou Jesus: Eu não tenho demônio, pelo contrário, honro a meu Pai, e vós me desonrais. Eu não procuro a minha própria glória; há quem a busque e julgue. Em verdade, em verdade vos digo: Se alguém guardar a minha palavra não verá a morte, eternamente. Disseram-lhe os judeus: Agora estamos certos de que tens demônio. Abraão morreu e também os profetas, e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra não provará a morte, eternamente.  És maior do que nosso pai Abraão, que morreu? Também os profetas morreram. Quem, pois, te fazes ser? Respondeu Jesus: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória nada é; quem me glorifica é meu Pai, o qual vós dizeis que é vosso Deus. Entretanto vós não o tendes conhecido; eu, porém, o conheço. Se eu disser que não o conheço, serei como vós, mentiroso; mas eu o conheço e guardo a sua palavra. Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia; viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, eu sou. Então pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu do templo.

         Jesus fala dos planos espirituais, e sabemos da impossibilidade de espíritos mais atrasados poderem alcançar planos superiores. Para isso é necessário o desenvolvimento, a evolução através das reencarnações, para que cada espírito consiga melhorar suas próprias condições. Sabemos da grandeza do plano celestial onde Jesus e outros espíritos Iluminados habitam, inacessível a todos nós que, na Terra, estamos buscando nossa evolução. Novamente a ignorância faz com que os judeus se perguntem se Jesus cometeria suicídio, pois, na crença hebraica, este ato levaria à destruição do espírito e à sua desintegração, o que impediria que alguém o seguisse. Ainda não havia condições de serem disseminadas idéias sobre os planos espirituais, pela pouca compreensão daquelas mentes, de modo que Jesus apenas declarou que os judeus eram de um plano baixo, enquanto ele estava em um bem alto, o que os impediria de seguí-lo. Os homens ali reunidos eram deste mundo, mas Jesus não era deste mundo, e, sim, vindo do plano celestial, enviado por seu Pai – o nosso Pai Celestial – para o cumprimento de uma missão de fé que iria libertar a humanidade de sua ignorância e de seu desamor pela força poderosa dos exemplos de caridade, de misericórdia e de humildade, tolerância e amor. Mais uma vez Jesus declara que quem não acreditar que ele seja um enviado de Deus, que veio para ensinar o verdadeiro caminho da vida, e que não seguir seus passos como Caminheiro da Nova Estrada, morrerá em falta, em pecado, permanecendo no Vale das Sombras após o desencarne, porque desconheceu a Luz e permaneceu nas Trevas. Por isso Jesus, para responder à pergunta dos judeus sobre quem ele era, declara que é o princípio, isto é, o início de uma Nova Era para a humanidade, trazendo a palavra viva do Pai para a remissão dos espíritos da Terra. Muito havia a dizer do Homem e muitos motivos para sua condenação, mas essa não era a questão. Na misericórdia de Deus Pai Todo Poderoso, fora seu filho enviado para trazer a Verdade e mostrar o caminho da evolução do espírito. Ensinar e não condenar, eis a missão do Mestre. Também é o exemplo para a missão do Jaguar, que deve abster-se dos julgamentos e conflitos, levando sempre a paz, a serenidade e a esperança por onde passar. Não importa o que foi feito, o que foi dito, o que foi vivido. Interessa, somente, a modificação dos espíritos pela compreensão das palavras de Jesus, o conhecimento da Doutrina Crística e aprendizado das Leis do Amanhecer para que possamos aceitar e acompanhar os passos do Divino Mestre. Não vamos fazer como naquela era, quando só entendemos a natureza divina de Jesus após tê-lo levantado em uma cruz, após infligir-lhe terríveis sofrimentos. Pela dedicação à Lei do Auxílio, pelo conhecimento crescente da manipulação de forças e dos significados de cada detalhe da Doutrina do Amanhecer, permaneceremos na palavra de Jesus e seremos realmente seus discípulos. Conheceremos a Verdade, e isto nos tornará livres, sem preconceitos, sem julgamentos, sem ódios nem vinganças, podendo agir livremente nos trabalhos, onde quer que sejam necessários -– no Templo, no lar, na rua, numa condução, enfim, onde estivermos – e assim nos tornarmos verdadeiras espadas de Luz a brilhar por todo este universo. Vamos levar a Verdade a cada partícula de nosso ser, de nossa mente, de nosso coração, nos libertando da matéria e dos enganos, evoluindo nosso espírito pelo merecimento de nossos trabalhos e pelo reajuste, feito com muito amor, dos espíritos que foram colocados junto a nós, pela nossa própria vontade expressa em nossos planos reencarnatórios. Os judeus se orgulhavam da condição de filhos de Abraão, que nunca foram escravos de ninguém. Essa visão demonstra o quanto aqueles espíritos estavam distantes da compreensão de tudo o que Jesus lhes trazia. Libertar-se das forças do Mal, porque quem pratica o Mal torna-se escravo do Mal, é o que o Mestre queria explicar. Mas aceitando a palavra do filho de Deus, que governa e julga o nosso plano, o nosso planeta, os espíritos conseguem sua verdadeira libertação, em muitos casos não mais tendo a necessidade de retornarem, em nova reencarnação, para essa prisão de um corpo físico. Instigados pelas palavras de Jesus, os judeus se dizem verdadeiros filhos de Abraão, ao que o Mestre respondeu fazendo com que vissem que jamais Abraão concordaria com a condenação de um filho de Deus. Na verdade, eles estavam se comportando como filhos do diabo, e este, sim, o pai a quem queriam agradar e defender. Matar Jesus seria preservar a obra do Mal e atender àquele que era o pai da mentira. O Mestre, pregador da Verdade e do Amor, não conseguia penetrar naquelas mentes escravizadas pelo Mal. Trazia todo aquele conhecimento do que havia junto ao Pai Celestial para iluminar a humanidade, e não era entendido e nem acreditavam no que dizia. Queriam matá-lo para provar a sua natureza humana e não divina, assim anulando tudo o que o Mestre havia feito e pregado. Preferiam permanecer no Mal, falindo e se perdendo por fazerem as obras do pai – não Abraão, mas o demônio – e tornavam-se impermeáveis às idéias de tudo o quanto Jesus buscava trazer-lhes. Ofenderam o Mestre, chamando-o de samaritano, o que para eles era um termo desprezível e injurioso, e disseram que Jesus, sim, era filho do demônio e falava pelas forças do Mal. Até hoje, através dos séculos, vemos esse tipo de acusação ser feito por aqueles que se colocam contra as forças do Bem: a serviço do demônio. Outras religiões atacam o Vale do Amanhecer com a mesma intenção de denegrir nosso trabalho, asseverando que trabalhamos com forças do Mal. Em que pese nossa preocupação em não entrarmos nesse tipo de discussão, sempre afirmamos que não somos os donos da Verdade, e que buscamos, sim, caminhar na Nova Estrada, seguindo os passos do Mestre, com a certeza de que ainda estamos muito distantes de verdadeiros discípulos, mas conscientes de que aplicamos em toda a plenitude, nossa capacidade de auxilio aos espíritos encarnados e desencarnados, obedecendo às leis e ensinamentos que nos foram trazidos através de nossa Mãe Clarividente. Aprendemos a amar ao anjo e ao demônio com a mesma intensidade, mas sabendo diferenciar as duas forças. Dentro da Lei do Auxílio, conseguimos abrandar o ódio de um espírito, tirando-o das Trevas e abrindo as portas de planos iluminados para sua recuperação. Sem violência, sem ódio, sem julgamentos, vamos modificando a difícil trajetória de um espírito atrasado, raivoso, violento, e com muitas vibrações positivas e inundando-o com o ectoplasma de uma doutrinação, conseguimos libertá-lo das veredas sombrias e ajudar à Espiritualidade de Luz em sua elevação para as casas transitórias, onde irá se recuperando de seus traumas e fraquezas, até saber distinguir a Luz da Verdade e aceitar a Doutrina de Jesus, libertando-se das Trevas. Ora, essa é a mesma situação que viveu Jesus. Trazia a Luz, e o acusaram de ser filho do demônio. Nós, Jaguares, tendo a missão de ajudar a recuperação de espíritos, também somos vistos como elementos demoníacos. A verdade é que, da mesma forma como Jesus escolheu seus discípulos e estabeleceu suas missões, tivemos essa grandiosa oportunidade de sermos instruídos e abençoados pela Espiritualidade Maior para a continuação dessa obra desobsessiva e curadora, obedecendo ao Sistema Crístico de forma direta e total. A situação de confronto com as forças do Mundo das Sombras nos persegue e nos testa, a cada momento de nossas vidas. Temos que estar preparados para esses desafios, mantendo positivas nossas vibrações e ignorando agressões e desafios de espíritos obsidiados que buscam nos aniquilar. Lembremos Jesus nos dizendo: Aquele que guardar a minha palavra jamais morrerá! Isto é, seguindo o caminho do Mestre, jamais ficaremos parados ou inertes, mortos. Iremos progredir sempre. Jesus nos dá mais uma lição de humildade ao declarar que tudo vem do Pai, por seu intermédio. Ele nada mais é senão o enviado do Pai e tudo quanto faz é por ordem do Pai. E causou espanto e fúria nos judeus quando falou da alegria do espírito de Abraão ao vê-lo assumindo a missão de resgatar aqueles seus filhos das forças do Mal. Isso foi demais para ser entendido por aqueles espíritos ainda rudes, que se dispuseram a apedrejar o Mestre, mas não o fizeram por ter Jesus conseguido se esconder e fugir do local. Não compreendiam que quando Abraão surgiu, Jesus já existia nos elevados planos dos espíritos iluminados, e que as palavras de Abraão haviam sido modificadas, adulteradas por filhos das Trevas, para que aquele povo se perdesse no Vale das Sombras.

27 - A CURA DE UM CEGO DE NASCENÇA
 (9; 1-41)

Caminhando Jesus viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou os seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus. É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isso, cuspiu na terra e tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego, dizendo-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou vendo. Então os vizinhos e os que de antes o conheciam de vista, como mendigo, perguntavam: Não é este o que estava assentado pedindo esmolas? Uns diziam: É ele! Outros: Não, mas se parece com ele. Ele mesmo, porém, dizia: Sou eu! Perguntaram-lhe, pois: Como te foram abertos os olhos? Respondeu ele: O homem chamado Jesus fez lodo, untou-me os olhos e disse-me: Vai ao tanque de Siloé e lava-te. Então fui, lavei-me e estou vendo.. Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei! Levaram, pois, aos fariseus o que dantes fora cego. E era Sábado o dia em Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. Então os fariseus, por sua vez lhe perguntaram como chegara a ver; ao que lhes respondeu: Aplicou lodo aos meus olhos, lavei-me e estou vendo. Por isso alguns dos fariseus diziam: Esse homem não é de Deus, porque não guarda o Sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tamanhos sinais? E houve dissensão entre eles. De novo perguntaram ao cego: Que dizes tu a respeito dele, visto que te abriu os olhos? Que é profeta, respondeu ele. Não acreditaram os judeus que ele fora cego e que agora via, enquanto não lhe chamaram os pais e os interrogaram: É esse o vosso filho, de quem dizeis que nasceu cego? Como, pois, vê agora? Então os pais responderam: Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego; mas não sabemos como vê agora; ou quem lhe abriu os olhos também não sabemos. Perguntai a ele, idade tem; falará por si mesmo. Isto disseram seus pais porque estavam com medo dos judeus; pois estes já haviam que se alguém confessasse ser Jesus, o Cristo, fosse expulso da sinagoga. Por isso é que disseram aos pais: Ele idade tem, interrogai-o. Então chamaram pela segunda vez o homem que fora cego e lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador. Ele retrucou: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: Eu era cego, e agora vejo. Perguntaram-lhe, pois: Que te fez ele? Como te abriu os olhos? Ele lhes respondeu: Já vo-lo disse, e não entendestes; por que quereis ouvir outra vez? Porventura quereis vós também tornar-vos seus discípulos? Então o injuriaram e lhe disseram: Discípulo dele és tu; mas nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés, mas deste nem sabemos de onde é. Respondeu-lhe o homem: Nisto é de estranhar  que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abriu os olhos. Sabemos que Deus não atende a pecadores: mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende. Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se esse homem não fosse de Deus, nada poderia ter feito. Mas eles retrucaram: Tu és nascido todo em pecado, e nos ensinas a nós? E o expulsaram. Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do homem? Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? E Jesus lhe disse: Já o tens visto e é o que fala contigo. Então afirmou ele: Creio, Senhor! E o adorou. Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam e os que vêem se tornem cegos. Alguns dentre os fariseus que estavam perto dele, perguntaram-lhe: Acaso também nós somos cegos? Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.

         A pergunta dos apóstolos refletiu o estágio primitivo daqueles espíritos que, como até hoje acontece, acreditam que tudo é fruto de um castigo divino. Deus é Pai, é Amor, é Luz. Não castiga e nem poderá partir Dele qualquer ação maléfica ou de vingança. E a resposta de Jesus foi para esclarecer que o cego apenas estava em sua jornada reencarnatória, cego por expiação de seus erros do passado, cumprindo sua meta cármica a caminho da evolução espiritual. E força do amor se fez presente, e Jesus, mais uma vez testemunhando sua natureza divina, manifestou nele a sua graça, dando por terminada aquela expiação. Poderia ter feito a cura simplesmente pela manipulação vibracional, sem nada mais. Mas, para que o povo tomasse conhecimento da obra divina, mandou que o cego fosse lavar seus olhos na movimentada piscina de Siloé, que tinha fama de águas virtuosas. Ali, muitos conhecidos do cego o viram banhar os olhos e começar a enxergar, ficando maravilhados. E testemunharam o feito de Jesus. Levado à presença dos fariseus, iniciou-se o conflitante diálogo daqueles que teimavam em não aceitar os fenômenos do Cristo com aquele que ali estava feliz e acreditando no Messias. O mesmo acontece conosco, homens de diversas naturezas que se tornam Jaguares, saindo da cegueira moral pela força do Sistema Crístico, e que somos muito desafiados pelos que nos cercam, sob alegações ferinas e falsas, sobre o fato de acreditarmos estar curados pelo toque do Divino Mestre. O fato é que passamos a enxergar, saímos de uma cruel cegueira pela força da nossa Doutrina do Amanhecer, e começamos a amainar nosso carma e a ampliar nosso conhecimento pela revelação das palavras de Jesus. Encontramos, mais uma vez, a proposição da Igreja de Cristo, porque a responsabilidade de quem conhece a palavra de Jesus é bem maior do que a daqueles que nunca a ouviram. Aquele que limita a apenas alguns o conhecimento da Doutrina está afrontando o Sistema Crístico, como o da nossa Corrente do Amanhecer, onde a Nova Estrada é colocada diante de quem chega, sem segregações nem preconceitos, não exigindo grau social ou intelectual, pedindo, apenas, que tenha amor, tolerância e humildade. Pelo desenvolvimento, pelas consagrações e pelos trabalhos irão recebendo grande variedade de forças, estando capazes de manipulá-las em benefício próprio e dos espíritos encarnados e desencarnados. Ampliam seu conhecimento e capacidade de manipulação, gerando maior responsabilidade com sua conduta doutrinária. O Jaguar que recebe uma reclassificação sabe que não pode ficar vaidoso e, sim, compenetrar-se de que está com sua carga aumentada no sentido de ser mais participativo na Doutrina. Muitos se deixam ficar como que em um pedestal, muito acima dos demais mestres, tornam-se cegos e desabam nos abismos terríveis, por não entenderem sua real situação e pela falta de aproveitamento da grande oportunidade que a Espiritualidade lhes concedeu. Jesus se refere aos cegos – os espíritos que não conseguem ver a Luz – apesar de terem sido postos diante dela por seus ensinamentos. Esta a Justiça Divina: o erro por ignorância é perdoado, mas não o daquele que se afasta da Luz. Quem não tem os ensinamentos, permanece cego e não é julgado por suas faltas. Mas como os Fariseus eram os doutores da lei, conhecedores da teologia judaica, não podiam ser cegos e, por isso, condenando os atos de Jesus, estavam incorrendo em erro, em pecado. Apegados aos bens materiais, valores do plano físico, embora pudessem sentir em seu íntimo a grandeza das obras de Jesus, negavam a Luz espiritual e buscavam destruí-lo, desta forma se tornando espíritos cegos moralmente.

28 - JESUS, O BOM PASTOR (10; 1-21)

Em verdade, em verdade vos digo: O que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nomes as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus lhes propôs esta parábola, mas eles não compreenderam o sentido daquilo que lhes falava. Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhe deram ouvido. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e achará pastagem. O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O mercenário que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá um rebanho e um pastor. Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu, espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e, também, para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai. Por causa dessas palavras rompeu nova dissensão entre os judeus. Muitos deles diziam: Ele tem demônio e enlouqueceu; por que o ouvis? Outros diziam: Este modo de falar não é de endemoninhado; pode, porventura, abrir os olhos aos cegos?

         Utilizando-se de uma imagem perfeitamente compreensível por aqueles espíritos, Jesus faz a advertência sobre os falsos profetas, estes espíritos sofredores que procuram induzir todos ao erro, produzindo fenômenos, milagres e prodígios manipulados pelas forças do Mal, que desde há muitos séculos até os tempos atuais encontramos por este planeta. Jesus, o bom pastor, acolhe suas ovelhas e por elas é reconhecido e acompanhado; o falso profeta, o mercenário, está só se aproveitando, perseguindo objetivos materiais, e não opõe resistência quando aparece o lobo – o mensageiro das Trevas –  que vai destruir as ovelhas. Na Doutrina do Amanhecer somos ovelhas do Bom Pastor, seguimos as palavras de Jesus sem vacilar, porque não temos dogmas e nem discutimos o que nos foi trazido pelos Evangelistas. Seguimos as orientações de Mentores de Luz, com os quais nos harmonizamos, e vamos, gradativamente, obtendo conhecimentos mais aprofundados da Doutrina, de acordo com o grau de entendimento que atingirmos por força da nossa própria evolução. Crendo nas palavras de Jesus, somos as ovelhas que são retiradas do redil, isto é, da obscuridade da alma, de situações cármicas complicadas, e, muitas vezes até, de cavernas. Por nossos atos, palavras e pensamentos, acompanhamos o Caminheiro e confiamos nas forças que recebemos para o cumprimento de nossa missão. Vemos ovelhas que se perdem por não quererem seguir o Bom Pastor, deixando-se ficar para trás, seguindo outras trilhas. Muitos se deixam levar pelos ladrões e falsos pastores, abatidos pelo desânimo do pensamento negativo, certos de que nada têm a ganhar no Vale do Amanhecer, pois atravessam dificuldades materiais e físicas embora se dediquem intensamente ao trabalho. São momentos de crise, em que baixamos nosso padrão vibratório e damos condições de sermos atuados pelo Vale das Sombras. Temos casos de mestres antigos que são acometidos por doenças graves e ficam abalados, julgando-se merecedores do benefício da cura pelo numeroso volume de trabalho espiritual que realizaram, e se afastam da Corrente. Devemos sempre  avaliar a nossa jornada e sermos criteriosos conosco mesmos. Temos que pensar na Justiça Divina e ter a consciência do que fizemos, como fizemos e porquê fizemos! Se estamos passando momentos de dificuldade e dor, se estamos enfermos, se estamos sofrendo, é porque o resgate do carma é pesado, e mais pesado e dolorido seria se não estivéssemos na Doutrina. O fato de estarmos na Corrente e muito nos dedicarmos na Lei do Auxílio  não nos dá a regalia de impedir o fiel cumprimento do nosso carma. Apenas alivia esse mesmo carma, propiciando-nos situações de reconhecimento e reajuste. Como o cego que foi curado (veja item 27), aguardamos a manifestação do Filho de Deus, porém certos de que ela só se fará se tivermos merecimento. Assim, tudo o que passamos, que vivemos e que sofremos são frutos das sementes que plantamos. A semeadura é livre, mas a colheita, obrigatória! Por isso não podemos fraquejar nem achar que somos vítimas. Somos espíritos a caminho de Deus, conscientes e desenvolvidos em todo nosso potencial, de modo a podermos seguir o Bom Pastor como ovelhas dóceis e obedientes. Ele nos conduzirá às belas pastagens, onde o alimento satisfaz o espírito e onde estaremos distantes dos ladrões – os irmãos das Trevas, que só conhecem a linguagem da violência, da prepotência e da arrogância. De novo Jesus fala de sua morte e ressurreição, revelando sua natureza extra humana, pois diz que tudo estava de acordo com a sua vontade e a do Pai.

29 - A FESTA DA DEDICAÇÃO. JESUS É INTERROGADO (10; 22-42)

Celebrava-se em Jerusalém a Festa da Dedicação. Era inverno. Jesus passeava no templo, no pórtico de Salomão. Rodearam-no, pois, os judeus e o interpelaram: Até quando nos deixarás a mente em suspenso? Se tu és o Cristo, dize-o francamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse e não credes. As obras que eu faço, em nome do meu Pai, testificam a meu respeito. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um. Novamente pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos e, sim, por causa da blasfêmia, pois sendo tu homem, de fazes Deus a ti mesmo. Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar, então daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis Tu blasfemas porque declarei: Sou Filho de Deus? Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis: mas, se faço e não me credes, credes nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em mim e eu estou no Pai. Nesse ponto procuravam outra vez prendê-lo; mas ele de livrou de suas mãos. Novamente se retirou para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio, e ali permaneceu. E iam muitos ter com ele, e diziam: Realmente João não fez nenhum sinal, porém tudo quanto disse a respeito deste era verdade. E muito ali creram nele.

         A Festa da Dedicação durava oito dias, instituída por Judas Macabeu para comemorar a nova dedicação do Templo de Salomão após sua profanação. Atraia multidões e se constitui em uma excelente platéia para ouvir o Mestre. Os judeus interpelaram Jesus, que lhes respondeu não crerem eles em sua origem divina, apesar de tantos testemunhos que havia dado. Aqueles duros espíritos não eram ovelhas do Bom Pastor, e por isso não podiam alcançar os ensinamentos do Mestre. Quando Jesus disse que ele e o Pai eram um, os judeus entenderam que o Mestre dizia ser Deus, não compreendendo que a unidade se faz pelo nível espiritual, pela força da vibração harmoniosa que rege todas as moradas do espaço, todos os planos, desde os mais grosseiros até os mais sublimes e luminosos. Isso nos é revelado na nossa Doutrina, para que saibamos buscar, sempre, a sintonia e a afinidade com os planos superiores. Nossa preocupação deve ser com a sintonia de nossas vibrações, porque, mesmo quando no plano espiritual, nossa jornada será feita de acordo com nosso padrão vibratório. Quando o espírito sai de Pedra Branca, após ali ter ficado por um período que corresponde a sete dias terrestres (motivo pelo qual os católicos realizam a missa de 7º dia), chega a uma estação no Canal Vermelho, onde se abrem inúmeros caminhos. E não há indicações nem guias. O espírito apenas obedece à sua sintonia mental, à afinidade de suas vibrações, e então parte para seu destino – um albergue, um hospital, uma caverna... Por ser tão determinante, devemos cuidar com muita atenção de nosso padrão vibratório. O que levava os judeus à agressão a Jesus era o padrão vibratório daqueles espíritos. Eles não podiam alcançar as palavras do Mestre, e o acusaram de querer ser Deus. E Jesus lhes explicou de forma simples que todos tinham a mesma natureza divina, embora muitos haviam se dispersado e se perdido em busca de bens materiais, de poder, de luxo, desvirtuando suas metas cármicas. E assim tem sido através dos tempos: a mesma palavra, o mesmo ensinamento é entendido de formas diferentes e de acordo com o grau de desenvolvimento de cada espírito. Temos uma mesma origem, portamos a centelha divina, mas cada um caminha de acordo com a sua bagagem, com suas falhas, perdas e padrão vibratório. Quando reencarnamos, recebemos a mediunidade de acordo com a missão e na medida do nosso carma. Se não soubermos aproveitar o que nos foi dado, certamente teremos pesadas falhas em nossa vida. Àquele que muito foi dado, mais será cobrado – disse Jesus, para despertar em nós a responsabilidade que nos foi colocada para mais esta vida na Terra. Devemos ter permanente consciência de que, cumprindo a Doutrina e as palavras de Jesus, nós estaremos nele e ele em nós, e poderemos ser eficientes instrumentos do poder divino.

30 - A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO (11; 1-46)

Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da aldeia de Maria e Marta, sua irmã. Esta Maria, cujo irmão Lázaro estava enfermo, era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor e lhe enxugou os pés com seu cabelo. Mandaram, pois, as irmão de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quem amas. Ao receber a notícia, disse Jesus: Esta enfermidade não é para a morte e, sim, para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado. Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã e a Lázaro. Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava. Depois, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. Disseram-lhe os discípulos: Mestre, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá? Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz. Isto dizia, e depois lhes acrescentou: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu; e por vossa causa me alegro de que lá não estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele. Então Tomé, chamado Dídimo, disse aos condiscípulos: Vamos também nós para morrermos com ele. Chegando Jesus, encontrou Lázaro já sepultado, havia quatro dias. Ora, Betânia estava cerca de quinze estádios perto de Jerusalém.  Muitos dentre os judeus tinham vindo ter com Marta e Maria, para as consolar, a respeito de seu irmão. Marta, quando soube que vinha Jesus, saiu ao seu encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se estiveras aqui não teria morrido meu irmão. Mas, também sei que, mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá. Declarou-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir. Eu sei, replicou Marta, que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Crês nisto? Sim, Senhor, respondeu ela, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo. Tendo dito isso, retirou-se e chamou Maria, sua irmã, e lhe disse em particular: O Mestre chegou e te chama. Ela, ouvindo isso, levantou-se depressa e foi ter com ele,  pois Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas permanecia onde Marta se avistara com ele. Os judeus que estavam com Maria em casa e a consolavam, vendo-a levantar-se depressa e sair, seguiram-na, supondo que ela ia ao túmulo para chorar. Quando Maria chegou ao lugar onde estava Jesus, ao vê-lo, lançou-se-lhe aos pés, dizendo: Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. Jesus, vendo-a chorar, e bem assim os judeus que a acompanhavam, agitou-se no espírito e comoveu-se. E perguntou: Onde o sepultastes? Eles lhe responderam: Senhor, vem e vê. Jesus chorou. Então disseram os judeus: Vede quanto o amava! Mas alguns objetaram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer que este não morresse? Jesus, agitando-se novamente em si mesmo, encaminhou-se para o túmulo; era este uma gruta, a cuja entrada tinham posto uma pedra. Então ordenou Jesus: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias. Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que se creres verás a glória de Deus? Tiraram, então a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste. E tendo dito isto, clamou em voz alta: Lázaro, vem para fora! Saiu aquele que estivera morto, tendo as mãos e os pés ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço. Então lhes ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-o ir. Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que fizera Jesus, creram nele. Outros, porém, foram ter com os fariseus e lhes contaram dos feitos que Jesus realizara.

         Jesus não podia explicar, mesmo aos discípulos, os quadros que compunham sua missão e os momentos em que haveria maior comoção popular ante os fenômenos que produzia. Alertou-os para a facilidade do caminhar daquele que anda sob a Luz e as dificuldades dos que querem andar nas Trevas, tropeçando e caindo pela força de seus erros. Sabendo da doença de Lázaro, sabia também que ali se formava mais uma condição de provar aos homens o seu poder divino. Não se apressou a ir à casa de Lázaro, que ficava próxima a Jerusalém, para que houvesse significativo número de testemunhas para o que ia realizar. Quando chegou à casa do morto, não se importou com o ressentimento de Maria, que não sabia porque o Mestre não viera mais cedo, a tempo de evitar a morte do irmão. E ali, diante de todos, o Mestre fez com que o espírito de Lázaro recuperasse o seu plexo físico e retornasse à vida, dando mais uma vez o testemunho de seus poderes divinos. Os espectadores se maravilharam e creram que ali estava, realmente, o Filho de Deus. E, como sempre acontece até hoje, os novidadeiros correram aos fariseus para contar o feito de Jesus. Não podia Jesus ter revelado, nem mesmo aos discípulos, a manipulação que fizera quando lhe vieram dizer que Lázaro estava doente. No plano espiritual, no momento em que o corpo físico de Lázaro chegava ao limite, Jesus não deixou que aquele espírito seguisse seu caminho como desencarnado, mantendo-o entorpecido. Por isso disse aos discípulos, quando trouxeram a notícia da morte, que Lázaro estava morto para os homens, mas não para ele, Jesus, e que apenas dormia. Conseguiu, com essa manipulação, despertar enorme número de espíritos que ainda duvidavam de sua origem. Os judeus acreditavam na ressurreição que ocorreria apenas no dia do julgamento final do planeta, e é o que Maria diz quando o mestre lhe declara que vai fazer Lázaro ressurgir dos mortos. E Jesus lhe respondeu que ele era a ressurreição e a vida e quem nele crê, ainda que tenha morrido, viverá, nos dando a idéia da vida espiritual que não se acaba com a morte física. É preciso morrer para renascer, reencarnar. É preciso nascer para evoluir. Pelo cumprimento de nossa Doutrina, sistema crístico que nos faz vivenciar o Evangelho, alicerçamos nossa base espiritual, com conhecimento e sabedoria, recebendo nosso merecimento pelo trabalho na Lei do Auxílio, caminhando na Luz, sentimos a ressurreição, em nosso íntimo, da fagulha crística, nos despertando para a vida. Vamos manter nossa Luz e nosso entendimento até mesmo após nossa morte física, penetrando nos planos espirituais plenamente conscientes e com a certeza de termos cumprido, em boa parte, nossa missão. Não estaremos mortos, confusos nem sofrendo. Apenas conscientes de termos feito o que de melhor podíamos para cumprir nossa meta cármica. Muitos vivem, neste plano físico, uma situação como a de Lázaro. Estão “mortos” no que se refere aos sentimentos e sensibilidade, atados em suas posições sociais e espirituais, com um véu de inconsciência que lhes cobre a mente e os deixam sem visão. Vibracionalmente, são mal cheirosos, e estão, cada um, em seu sepulcro de baixas vibrações. É preciso que se preparem para a chegada de Jesus e atendam ao seu chamado, para que voltem à verdadeira vida, a vida do missionário, do irmão que se faz útil e humilde, simples e dedicado, dentro da lei crística. Jesus é a ressurreição e a vida!

31 - O PLANO PARA TIRAR A VIDA DE JESUS
 (11; 47-57)

Então os principais sacerdotes e os fariseus convocaram o Sinédrio; e disseram: Que estamos fazendo, uma vez que este homem opera muitos sinais? Se o deixarmos assim todos crerão nele; depois virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação. Caifás, porém, um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: Vós nada sabeis,  nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não venha a perecer toda a nação. Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos. Desde aquele dia resolveram matá-lo. De sorte que Jesus já não andava publicamente entre os judeus, mas retirou-se para uma região vizinha ao deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali permaneceu com os discípulos. Estava próxima a Páscoa dos judeus; e muitos daquela região subiram para Jerusalém antes da Páscoa para se purificarem. Lá procuravam a Jesus e, estando eles no templo, diziam uns aos outros: Que vos parece? Não virá ele à festa? Ora, os principais sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para, se alguém soubesse onde ele estava, denunciá-lo a fim de o prenderem.

         O Sinédrio, entre os antigos judeus, era um tribunal formado por sacerdotes, fariseus, anciãos e escribas que se reunia em Jerusalém. Reunidos para avaliar os grandes feitos de Jesus e decidir o que fazer com ele, ligaram-se à idéia de Caifás: Jesus era uma ameaça, porque uniria o povo contra Roma e levaria os judeus ao massacre pelas legiões invasoras, que já dominavam a Galiléia. O poder romano dava relativa liberdade aos povos conquistados, deixando-os ter um governo próprio, mas submisso a Roma, e respeitando as religiões. Tudo sob severa vigilância e com as legiões prontas a apagar qualquer chama de libertação. Por isso Caifás teve aceitação plena em seu julgamento. Jesus deveria ser morto, para evitar que a nação judia morresse. Sábia, a consciência do povo ansiava pela presença do Mestre, já muitos aceitando sua origem divina. E Jesus, sabendo que estava chegando ao fim de sua missão como Homem na Terra, sentiu que a decisão do Sinédrio era o princípio daquele fim. Preparou-se para ir a Jerusalém, cumprindo as Escrituras. Esse era o momento esperado por Judas, o Iscariotes. Em sua condição de espírito de pouca evolução, apesar da convivência com o Mestre, achava que, ao se deparar com a decisão de ser executado, Jesus iria manipular as forças divinas para se libertar a si e ao povo judeu pela destruição dos romanos. Mais uma vez a incompreensão conduzindo sentimentos. A compreensão é um atributo do Homem, faz parte do ser racional, e é por ela que se capta o sentido dos complexos anímicos, na sua totalidade estrutural, além de determinar comportamentos, motivações e atitudes referenciais que compõem uma grande parcela da personalidade. Por dificuldades provocadas por preconceitos, falta de conhecimento ou simples preguiça de tentar entender o mundo que o cerca, o Homem se torna incompreensivo, isto é, deixa de perceber a extensão e o valor dos sentimentos e das pessoas que o rodeiam, não entende e nem se faz entender, baixa seu padrão vibratório e é alvo de obsessores.

32 - JESUS EM BETÂNIA E EM JERUSALÉM
 (12; 1-19)

Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos. Deram-lhe, pois, ali uma ceia. Marta servia, sendo Lázaro um dos que estava com ele à mesa. Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos; e encheu-se a casa com o perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se deu aos pobres? Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava. Jesus, entretanto, disse: Deixa-a! Que ela guarde isto para o dia em que me embalsamarem; porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes. Soube numerosa multidão dos judeus que Jesus estava ali, e lá foram não só por causa dele, mas também para ver a Lázaro a quem ele ressuscitara dentre os mortos. Mas os principais sacerdotes resolveram matar também a Lázaro; porque muitos dos judeus por causa dele voltavam crendo em Jesus. No dia seguinte, a numerosa multidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém, tomaram ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel! E  Jesus, tendo conseguido um jumentinho, montou nele, segundo está escrito: Não temas, filha de Sião, eis que teu Rei aí vem, montado em um filho de jumenta. Seus discípulos a princípio não compreenderam isto; quando, porém, Jesus foi glorificado então eles se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele e também de que lhas fizeram. Dava, pois, testemunho disto a multidão que estivera com ele, quando chamara a Lázaro do túmulo e o levantara dentre os mortos. Por causa disso também a multidão lhe saiu ao encontro, pois ouviram que ele fizera este sinal. De sorte que os fariseus disseram entre si: Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo após ele.

         Jesus anuncia sua morte ao dizer que o restante do valioso bálsamo com que Maria o ungira devia ser guardado para o embalsamarem. Os pobres, e então Jesus referia-se aos pobres pelo espírito, e não na matéria, sempre estariam presentes, através dos tempos, em suas jornadas expiatórias e evolutivas, e, encarnados ou desencarnados, estariam sempre conosco,  sendo o alvo dos trabalhos da Doutrina do Amanhecer. São espíritos sofredores O plano civilizatório da Terra, iniciado pelos Equitumans, foi sendo alterado pelo próprio desvio daqueles espíritos de sua missão. Os contatos com Capela foram rareando e redobrados os esforços para guiá-los na direção certa. A volúpia da autonomia foi dominando e os afastou cada vez mais dos planos originais, sendo determinada sua extinção pelos Grandes Orixás. Desencarnados, aqueles espíritos não tinham condições para encarnar em Capela e nem poderiam reencarnar na Terra sem um plano estabelecido pelo Planeta Mãe – Capela. Permaneceram, então, no etérico, exercendo suas influências nos terráqueos. Foram-se organizando em poderosas legiões de seres etéricos, em cujas consciências mal penetrava a voz do espírito. Aprisionados entre duas dimensões, esses espíritos se apegaram aos corpos físicos, iniciando um processo obsessivo em massa, fazendo com que os últimos cinco mil anos antes do nascimento de Jesus fossem marcados por violentas guerras e destruições. Ambições, ganância, violência, vaidade, ódios, impiedade e um barbarismo cruel eram frutos da desagregação progressiva da mente humana, sujeita às almas deformadas, surdas de suas consciências, da voz de seus próprios espíritos. Formou-se, assim, a grande massa de sofredores. Para nossa Doutrina, o sofredor é um espírito sem Luz, desencarnado em tristes condições, que não consegue seguir sua jornada e fica pairando em planos perto da Terra, porém sem luz solar, sem sons ou quaisquer outras formas energéticas do plano físico, influenciando espíritos encarnados com suas vibrações pesadas, especialmente os médiuns de incorporação, que sentem seus efeitos com sua aproximação. Ele se liga ao ser humano pelo padrão vibratório e só tem acesso quando a vibração do encarnado desce até a sua.  Geralmente o espírito sofredor continua com as impressões do mal que o levou ao desencarne – dores de doenças terminais, de desastres –  e tem grande apego pelas coisas materiais que lhe pertenceram em vida. Na verdade, ele não tem consciência do desencarne, e sofre, em sua mente, dores que lhe acometiam o corpo físico. Devemos ajudá-los, principalmente na Mesa Evangélica, onde são levados por seus Mentores, para que possam receber a doutrina e o choque magnético animal que lhes proporcionará condições de serem elevados a outros planos, onde serão recolhidos em albergues, hospitais e dependências de Casas Transitórias, para poderem ser recuperados. O sofredor absorve, com nosso trabalho, nossos fluidos mais pesados, permitindo que nosso organismo físico e nosso psiquismo se equilibrem. Por isso, o médium de incorporação deve constantemente incorporar sofredores. Como estes têm menos técnica nas incorporações, deve o médium ter consciência disso, soltando mais ectoplasma e procurando fazer o mínimo de ruídos e gestos. Como Jaguares, vamos amparar e ajudar esses pobres que chegam junto a nós, lembrando que nem sempre o Mestre estará conosco, porque não lhe damos condições de estar em nossos corações, gerando barreira de vibrações negativas que impedem nossa ligação com os planos luminosos. Na verdade, o precioso nardo puro representou o que de mais precioso temos dentro de nós e que devemos colocar aos pés de Jesus. Maria deu o que tinha de melhor para homenagear aquele ser divino, que lhe trouxera tantas provas, inclusive a volta de seu irmão, Lázaro, da morte. Não vacilou ao banhar os pés de Jesus com o nardo, pois o valor material era suplantado pelo espiritual. Vamos seguir o exemplo de Maria, e sempre ofertar ao Senhor as mais puras vibrações, para que ele esteja conosco de forma permanente, iluminando nossos caminhos, nos direcionando pela intuição pura e verdadeira quando não vislumbrarmos as soluções para os problemas e questionamentos que nos afligem, e nos proporcionando oportunidades de exercermos o amor, a tolerância e a humildade sem vacilar. Jesus partiu para Jerusalém, sabendo que a multidão o aguardava na porta da cidade e, mais uma vez, mostra a sua humildade e conhecimento, ao cavalgar um jumento, cumprindo o que havia sido profetizado nas Escrituras. Lázaro acompanhou Jesus. O cortejo entrou na cidade, com discípulos e povo clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Porque a maioria já sabia dos grandes sinais que Jesus havia dado e podiam ver, ao seu lado, aquele que voltara da morte. Por ter sido a grande prova do poder divino do Mestre, sacerdotes e fariseus decidiram que Lázaro também deveria ser morto. Isso iria confundir aquelas mentes ainda primitivas sobre os poderes de Jesus. Este tem sido o caminho que os espíritos das Trevas preparam nos corações daqueles que não se firmam em suas missões. Confusão, vaidade, arrogância... Influenciados pelo Vale das Sombras, muitos aclamaram Jesus como o rei dos judeus. Não podiam alcançar o verdadeiro reino de que Jesus falara, o plano espiritual em que o Mestre se coloca como protetor e governador do planeta Terra, e o recebiam como se fosse um rei deste plano material, em que o poder manifestado poderia varrer as legiões romanas para longe da Judéia. Essa manifestação só fez piorar os sentimentos dos governantes e dos mais influentes, temerosos de que aquele povo se insurgisse sob o comando de Jesus de Nazareth.

33 - ALGUNS GREGOS DESEJAM VER JESUS
 (12; 20-36)

Ora, entre os que subiram para adorar durante a festa, havia alguns gregos; estes, pois, se dirigiram a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e lhe rogaram; Senhor, queremos ver Jesus. Filipe foi dize-lo a André, e André e Filipe o comunicaram a Jesus. Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida, perde-a, mas aquele que odeia a sua vida neste mundo,  preservá-la-á  para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estou, ali estará, também, o meu servo. E se alguém me servir, o Pai o honrará. Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei. A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam: Foi um anjo que lhe falou. Então explicou Jesus: Não foi por mim que veio esta voz, e, sim, por vossa causa. Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer. Replicou-lhe, pois, a multidão: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre, e como dizes tu ser necessário que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem? Respondeu-lhes Jesus: Ainda por um pouco a luz está convosco. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; e quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Jesus disse estas coisas e, retirando-se, ocultou-se deles.

         Esses gregos também são denominados gentios em alguns textos, termo que designava estrangeiros que haviam se convertido ao judaísmo, espíritos que, em sua evolução, conseguiram perceber a Luz naquela herança de Moisés e dos profetas, deixando suas religiões politeístas e se harmonizando com os judeus. Espíritos que mesmo distantes, interessaram-se pelo que tinham sabido das passagens do Mestre e quiseram conhecê-lo por sabê-lo em Jerusalém. Sentindo que o nível espiritual daqueles gregos já era melhor do que o da maioria, Jesus anuncia ter chegado a hora de sua glorificação, de seu martírio, mas que isso era necessário para que a humanidade se conscientizasse da verdadeira missão de Jesus na Terra. O grão de trigo precisa morrer para que se multiplique – esta a grande lição do Mestre. É preciso morrer para renascer. Na nossa Doutrina estamos sendo permanentemente impulsados pelas forças evolutivas e, dependendo de cada um, vamos conseguindo desenvolver nossos espíritos através de provações, dificuldades, traumas e dores, testes direcionados a cada espírito. Nossa personalidade vai sendo superada pelo espírito, pela individualidade, trazendo uma nova condição para o Homem que passa a ser Jaguar, isto é, torna-se poderoso instrumento da Espiritualidade Maior, aprendendo a manipular forças de várias origens e amplitudes, caminhando na Luz que o Mestre nos deixou. Como Homens, caminhamos nas trevas, perdidos em nossas metas cármicas, transtornados pelas dificuldades e fracassos, na dor e no ódio, na vingança e na ambição. Não tínhamos noção do que fazíamos nem para onde íamos. Encontrando o sistema crístico, encontramos o Caminheiro, Jesus, e nos tornamos Jaguares, capazes de manipular todas essas forças em benefício de nós mesmos e de espíritos encarnados e desencarnados. Estaremos, assim, servindo ao Mestre e quem serve ao Mestre, serve ao Pai Celestial. Obedecendo às leis do Amanhecer, à conduta doutrinária e mantendo a sintonia com nossos Mentores, estaremos glorificando Jesus. Outro ponto que precisa ser bem entendido é o que se refere ao amor à vida. O Mestre disse que aquele que ama a sua vida irá perdê-la. É claro que se refere ao aspecto material da vida, uma vez que aqueles espíritos ainda em estágios primitivos, só entendiam os aspectos físicos da existência, embrutecidos pelos simples instintos, levados pela sensualidade, pela ambição, pela vaidade e pelo egoísmo. O apego a este tipo de existência provoca a perda da reencarnação evolutiva, retornando o espírito a uma nova encarnação para expiar seus erros e desmandos, numa nova oportunidade de acertar sua caminhada, aprendendo que os valores morais superam os valores materiais em qualquer fase da existência. Aquele que odeia a vida material é porque já tem espírito mais evoluído e quer apenas viver o desenvolvimento do seu espírito, de sua sensibilidade. Com o conhecimento de Jesus, seguindo suas palavras, sua doutrina, estará se preparando para a vida eterna. Seguindo nas pegadas do Caminheiro, o Jaguar vai aprendendo a vibrar o amor incondicional, honrando suas obrigações com a sociedade e com seu lar, respeitando deveres e direitos de seus irmãos e glorificando o nome de Jesus através de seus pensamentos, palavras e ações. Por isso Jesus fez menção à ressurreição e à ascensão, após sua morte, que seria o último e mais impactante sinal de sua origem divina e que atrairia todos para o significado de sua missão na Terra. Na verdade, o Cristo polarizou a atenção de toda a humanidade, através dos séculos, e chega até nós com vigor e realismo pelos Evangelhos, especialmente pela Doutrina do Amanhecer, que nos traz todos os ensinamentos de Jesus de forma prática e acessível, que se tornam palpáveis pelos resultados obtidos com nossos trabalhos na Lei do Auxílio, onde quer que sejam necessários e efetuados. Os judeus entenderam que o Messias deveria ter uma eterna existência física no planeta, porque não compreendiam a vida espiritual. Nós já sabemos que Jesus nos falou da vida eterna para o nosso espírito, da Luz que ele seria para aquele que praticasse os seus ensinamentos.

34 - A INCREDULIDADE DOS JUDEUS (12; 37-43)

 E embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele;  para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, porque Isaías disse ainda: Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, e se convertam e sejam por mim curados. Isso disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito. Contudo muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas por causa dos fariseus não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.

         É fácil perceber a grande atuação do Vale das Sombras naqueles espíritos ainda de pouca evolução. Na época de Jesus, especialmente naquela região, o povo era, na maioria, composto de espíritos embrutecidos, atrasados, ligados às paixões e coisas materiais, com os instintos acima da sensibilidade, e, por isso, difíceis de assimilar os ensinamentos do Mestre. Isso criou afinidade entre vibrações de baixa freqüência, gerando a incredulidade deles, impedindo que os olhos vissem e que os corações entendessem a grande mensagem de Jesus. Todavia, muitos creram e, principalmente entre sacerdotes e fariseus, não expressaram seus sentimentos por medo de perderem suas posições e até mesmo serem expulsos da sinagoga. Preocuparam-se em manter suas vidas materiais, calando dentro de si a voz do espírito. Esse quadro se repete através de séculos e séculos de história da doutrina crística. Mesmo agora, particularmente em se tratando da Doutrina do Amanhecer, vemos como esta posição é adotada por muitas pessoas que sabem da grandeza da doutrina, do seu real conteúdo crístico, mas, face à posição social que ocupam, se negam a participar, com vergonha de demonstrarem seus sentimentos. Quantos Jaguares se perdem por vaidade de suas posições e por medo do julgamento dos grupos sociais a que pertencem. Na idéia de preconceitos e rotulações, o Vale do Amanhecer, por força do crescimento de suas atividades, com templos espalhados pelo Brasil e já se fixando em outros quatro países, é visado por outras linhas e religiões como obra demoníaca. Muita gente chega, recebe o benefício dos diversos trabalhos no Templo, e, por vezes, é convidada a desenvolver sua mediunidade na Corrente. Mas a visão que tem dos médiuns, das roupas, dos rituais, diferentes e contrastantes, a impede de ingressar na Doutrina, fazendo-se mais importante o aspecto formal, material, do que o benefício espiritual que recebeu. Age como as autoridades diante de Jesus: reconhece, mas não aceita a presença da Luz. Pior o comportamento de outras pessoas que, tendo desenvolvido e progredido da Doutrina, sentem vergonha de se revelarem e trabalham às escondidas, com medo de serem vistas ou descobertas. Que Doutrina terão em seus corações? Deve ser grande o conflito interior desses espíritos, pois têm sensibilidade e conhecimento, mas se deixam levar pela cegueira moral e pela influência das posições sociais. Isso não é uma crítica ou julgamento, e, sim, um comentário para que possamos entender aquela situação das autoridades diante de Jesus, já profetizada por Isaías. O grande profeta advertira que o Messias teria condições de curar aqueles que tinham olhos e não viam e tinham coração e não entendiam. Isso vale até hoje, e é o caminho que buscamos trilhar em nossa Doutrina. Enxergar melhor e aprimorar a cada dia nossa sensibilidade, livres de preconceitos e temores, tendo nossa cabeça nas estrelas mas os pés bem firmes no chão!

35 - O RESUMO DO ENSINO DE JESUS (12; 44-50)

E Jesus clamou, dizendo: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou. E quem vê a mim, vê aquele que me enviou. Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar, eu não o julgo, porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia. Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim falo.

         Jesus mais uma vez declara sua condição divina, como o enviado do Pai Celestial, que veio trazer a Luz para aqueles espíritos ainda embrutecidos. Quem nele acreditasse, sairia das trevas e teria a vida eterna, como já dissera. Todo aquele que, como nós Jaguares buscamos fazer, seguir a doutrina crística, manipulando as forças em benefício da Lei do Auxílio, vivendo e agindo com amor, tolerância e humildade, dentro dos verdadeiros princípios morais, estará dentro da perfeita harmonia com Deus, evoluindo seu espírito, iluminado pela Luz do Mestre. Jesus sabia da dificuldade daqueles espíritos em entendê-lo e, assim, disse que não viera para julgar o mundo e, sim, para salvá-lo, pois aquele que o rejeitasse já estava julgado por sua própria consciência e teria novas oportunidades em reencarnações reparadoras. Tudo o que fazia e dizia estava dentro da linha de ação determinada a ele pelo Pai, e não por si mesmo. Era, como nós pretendemos ser um dia, perfeito instrumento da vontade Divina. Precisamos aprender a praticar o amor através da caridade, o que significa aglutinar nossas outras virtudes em benefício nosso e de quem estiver ao nosso redor, encarnado ou desencarnado, sufocando o egoísmo e o orgulho. O Jaguar é aquele que deve ter extremo cuidado com sua personalidade, evitando deixar-se levar pelas paixões e estímulos à vaidade e às ambições materiais. Vai aprimorando sua fé pelo conhecimento e pela confiança em seus Mentores e na Doutrina do Amanhecer. Baseia a ação nas palavras de Jesus  e sabe que dele emana a verdadeira justiça, pedindo, sempre, que se faça a vontade de Deus e não a sua própria, porque somos espíritos a caminho, ainda temos muito a aprender, e não temos condições de avaliar o que possa ser melhor para nós ou para os outros. Vamos, aos poucos, em nossas jornadas cármicas, entendendo as dificuldades, as dores, os desenganos e as provações como testes para o nosso espírito, e não reclamamos e nem nos revoltamos. Estamos colhendo o que plantamos, passando por provas e expiações, acertando nossos débitos com espíritos que se encontram em nosso caminho e que ali estão por nossa própria vontade. Podemos sentir dor – a dor de uma separação, de um desengano, de uma perda – mas desaparece o sofrimento, devido ao nosso entendimento de que “o conhecimento de que tudo é bom me libertou do Mal!” (Prece de Sabah). Koatay 108 nos mostrou que, sempre, devemos fazer o Bem pelo Bem, sempre agindo sem esperar recompensas. Por isso sentimos a satisfação de podermos atender os pacientes e a quem nos procurar para algum tipo de auxílio, sem preconceitos nem diferenciações, sem julgar e nem fazer distinção de raça, condições sociais ou intelectuais, nem mesmo de crenças. Nossa missão é a Lei do Auxílio, a ajuda desinteressada aos aflitos e sofredores, isentos de interesse em vantagens porventura advindas dessa caridade. O Jaguar se preocupa com sua conduta moral e ética, evitando a maledicência e atitudes ou palavras que possam magoar um irmão. Não abriga sentimentos de ódio nem de vingança, porque o amor que traz em seu coração torna fácil o perdão e não se deixa ofender. Procura o lado bom das pessoas e das coisas, evitando ressaltar falhas ou defeitos, porque sabe que também é imperfeito, embora procure sanar suas falhas. Não tem vaidade de seus trabalhos e realizações, porque sabe que tudo o quanto realiza não é ele que faz e, sim,  se faz através dele. O Mestre afirmou isso claramente quando disse que tudo era feito através dele pelo Pai Celestial, e quem visse ele estaria vendo quem o enviara. Isso significa a perfeita identidade vibracional com Deus, um nível de desenvolvimento que estamos buscando em nossa jornada a caminho de Deus. Jesus não veio julgar, mas ensinar, trazendo a esperança e o amor para aqueles que seguirem seus passos.

36 - JESUS LAVA OS PÉS DOS DISCÍPULOS
 (13; 1-20)

Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois deitou água na bacia e passou a lavar os pés dos discípulos e a enxaguar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim? Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora, compreendê-lo-ás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo. Então Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos. Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos. Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor, e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes. Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão, levantou contra mim seu calcanhar. Desde já vos digo, antes que aconteça, para que quando acontecer , creiais que eu sou. Em verdade, em verdade vos digo: Quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.

         É interessante notar que os apóstolos, aqueles que haviam sido escolhidos entre todos os discípulos de Jesus, embora fossem espíritos mais esclarecidos, ainda tinham suas limitações, e o Mestre sabia que teria que prepará-los para um futuro muito próximo, para que bem cumprissem suas missões. Naquele momento em que Judas sucumbia ao assédio do Vale das Sombras, com o propósito de trair Jesus, não oferecendo resistência pela consciência ao desígnio de seu livre arbítrio, o Mestre dá um exemplo de humildade lavando os pés de seus apóstolos. Num gesto de renúncia, irmanou-se com seus seguidores e demonstrou a simplicidade que devemos ter em nós mesmos para procurar servir à humanidade. Essa a verdadeira Igreja de Jesus, onde a humildade e a renúncia, o amor e a caridade reinam nas mentes e nos corações. É o que buscamos em nossa Doutrina do Amanhecer, cumprindo nossa missão com sacrifícios, mas com alegria e tendo a certeza de que, com tolerância, humildade e amor, trilhamos a Nova Estrada, trazida por Jesus. O que mais distanciou muitas religiões, doutrinas e linhas da forma original da Igreja de Jesus foi o abandono dos ensinamentos do Mestre quanto à conduta doutrinária. Jesus disse que, se ele que era o Mestre e Senhor lavou os pés dos apóstolos, estes deveriam, também, seguir seu exemplo de humildade, e lavar os pés de outros irmãos. Isso representava um ato de purificação  necessário para tirar impurezas de suas caminhadas anteriores para que aquela pessoa pudesse entrar purificada na Nova Estrada. Continuando sua exortação sobre a humildade, Jesus declarou a igualdade dos espíritos diante do Pai Celestial, só existindo uma hierarquia por força dos vários níveis de desenvolvimento espiritual. Ensinou, também, que o enviado não pode ser maior do que aquele que o enviou, isto é, somos instrumentos dos nossos Mentores e, assim, não devemos nos envaidecer achando que temos muita força ou muitos poderes. Pelo nosso amor e humildade é que poderemos ser instrumentos eficazes para sermos utilizados pela Espiritualidade Maior. Quem se julga um grande médium, vaidoso e orgulhoso dos trabalhos que realiza, está à beira de tenebroso abismo, e chegará um dia à triste realidade de que ficou sozinho, tendo que retomar sua jornada após penosas experiências. Jesus previu a traição de Judas para adicionar mais uma lembrança, entre aqueles seguidores, do seu poder divino. Referindo-se aos missionários que, através dos tempos, iriam implantar a Igreja de Jesus, o Mestre proclamou a grandeza dos que receberem aqueles que ele enviaria, pois aceitando-os estariam aceitando a ele e ao Pai. É esta a realidade de nossa Doutrina do Amanhecer, porque aceitamos a palavra de Jesus através de tudo o que nos foi trazido por Tia Neiva, Koatay 108, em sua missão neste plano. Aplicando em nossos trabalhos e rituais a técnica transmitida pela Espiritualidade Maior, baseada nos ensinamentos de Jesus, sem interferências nem modificações, aceitamos Koatay 108 como enviada do Divino  Mestre e, por consequência, estaremos aceitando nosso Pai Celestial. Existem muitos espíritos de elevado grau hierárquico que estão em diversas missões neste planeta, principalmente nesta fase em que se vive a transição da Nova Era, época em que a Terra está passando para um novo ciclo. Por isso temos que ter consciência de que a nossa Doutrina não é a dona da verdade e nem a única que pratica a Igreja de Cristo. Somos, sim, um grupo de espíritos milenares, reunidos, por missão e transcendentes, no grupo liderado por Pai Seta Branca, em busca do desenvolvimento e fiel cumprimento das metas cármicas. Muitos chegam, alguns ficam, outros partem. Isso não é de nossa responsabilidade, porque muitos não são de nossa tribo e apenas passam pela Doutrina de forma a serem tratados, restaurados, e seguem suas jornadas. Fazemos nossa assistência, como as árvores que estão à beira dos caminhos, que dão abrigo, em suas sombras, ao viajante que chega cansado e os alimenta com seus frutos, sem julgar se merecem ou não tal ajuda. Estamos em nossa missão, fazemos da caridade o nosso sacerdócio, e aprendemos que o julgamento deve ser feito, apenas, por alguém que está muito acima de nós. A nós compete trabalhar, atender com amor, tolerância e humildade a quem chegar em busca de nosso auxílio., a qualquer hora, em qualquer lugar, em qualquer dia.

37 - O TRAIDOR INDICADO (13; 21-38)

Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. Então os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia. Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem ele amava; a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere. Então aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. E, após o bocado, imediatamente entrou nele Satanás. Então disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa. Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu a que fim lhe dissera isto. Pois, como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos parta a festa, ou lhe ordenara que desse alguma coisa aos pobres. Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite. Quando ele saiu, disse Jesus: Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado nele; se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará nele mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente. Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus, também agora vos digo a vós outros: Para onde eu vou, vós não podeis ir. Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão  todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus: Para onde eu vou, não me podes seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás. Replicou Pedro: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida. Respondeu Jesus: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes que me negues três vezes.

         Esse o ensinamento que se refere à obsessão de Judas, quando Jesus demonstra que a faixa vibracional do traidor permitiu a ação do Vale das Sombras. Isso acontece conosco, quando permitimos que nosso padrão vibratório baixe por causa de ressentimentos, mágoas, irritação ou, até mesmo, ódio. Enquanto estamos em um padrão elevado, conservamos nosso equilíbrio e fica difícil a atuação de um espírito sofredor ou inluz. Sabemos que o que vem de baixo não consegue atingir o que está acima. Se, por alguma circunstância, deixamos nosso padrão cair, ficamos na mesma faixa do obsessor, e somos atuados. Por isso, com sabedoria e astúcia, o Vale das Sombras arma situações que possam nos desequilibrar, através de pessoas que estejam junto a nós ou de acontecimentos desagradáveis, que resultem em reações negativas nossas. Devemos estar, pois, sempre alertas com nosso íntimo, buscando paz e tranqüilidade em nossas mentes, a fim de termos condições de manter nossas defesas. Nesse sentido, vamos evitar comentários ou avaliações sobre o comportamento dos outros, críticas ou julgamentos de pessoas ou fatos que só acarretarão vibrações pesadas, maledicências e boatos que nada têm de construtivo. Judas, ao ver que Jesus não começava a revolução do povo judeu, como ele pretendia, decidiu traí-lo, para que, ameaçado, aquele que se dizia Filho de Deus fosse levado a usar todas as suas forças para não ser aprisionado. Em seu espírito, que não conseguira evoluir durante a grande oportunidade do contato com o Mestre, abriu-se a porta para a atuação do Mal. Jesus disse que indicaria quem era o traidor dando-lhe um pedaço de pão, e ofereceu o pão a Judas, dizendo que fizesse logo o que tinha de fazer. O Mestre sabia que era chegada a hora de seu sacrifício e tudo deveria correr de acordo com as Escrituras. Em seguida, falou aos apóstolos sobre a sua glorificação, isto é, sua elevação para junto do Pai Celestial. Falou de seu pouco tempo para estar na Terra, pois iria surgir recomposto após a morte e faria sua ascensão aos planos luminosos. E estabelece um novo mandamento para seus seguidores, determinando que se amem uns aos outros como ele os amava, porque assim serão reconhecidos como discípulos de Jesus. Esta a grande herança que o Mestre nos deixou – o amor incondicional, que através dos séculos, caracteriza aqueles que estão na Igreja de Jesus. O amor, juntamente com a  tolerância e a humildade formam os três reinos de nossa natureza. São as ações, e não apenas as palavras, que traduzem esse sentimento grandioso, fazendo com que o Homem eleve suas vibrações e consiga caminhar para o resgate de seus atos transcendentais. Viver e sofrer, ajudar e compartilhar, alegrar-se com a felicidade dos outros, perdoar e saber pedir perdão, dinamizar o amor no serviço aos necessitados, pela caridade, na Lei do Auxílio, enfim, viver com toda a intensidade a vida nas vidas - são algumas das funções do amor. Segundo Tia Neiva, o amor  tem  três fases: o AMOR ESPIRITUAL - o que o Homem traz impregnado em seu espírito, através das várias encarnações, aprimorando-se; o AMOR CONDICIONAL - o sentimento equilibrado por um débito transcendental, amor por nossas vítimas do passado e que hoje estão ao nosso redor, como cônjuge, pais ou filhos, familiares, enfim, espíritos encarnados para os reajustes cármicos; e o AMOR INCONDICIONAL - com tolerância , sem demagogia, sem resignação, dando ao espírito plenas condições de lutar contra o sofrimento e contra as Trevas, usando toda a sua sabedoria e as suas forças dentro da Lei Crística - a Lei do Auxílio. O amor transforma o ódio em alegria. Não é uma simples emoção provocada por um impulso. O amor é um sentimento que deve ser direcionado, corretamente, pela força de vontade e pela consciência. O amor é que permite a alegria, a esperança e a felicidade. Devemos fazer da vida um ato de amor! Tudo o que fazemos com amor faz com que recebamos, dos elevados planos espirituais, um raio de Luz.  Aceitar as pessoas, mesmo quando elas nos desapontam, quando se desviam do ideal que temos para elas, quando nos ferem com palavras ásperas ou ações impensadas - isso é amor! Ouvir, não só pelos ouvidos, mas com nossa alma e nosso coração, as queixas e angústias, descobrindo entre as palavras corriqueiras e superficiais, a tristeza da insegurança e da solidão. Entender o coração dolorido que encobre seu sofrimento pela exteriorização da alegria simulada, do sorriso fingido ou das façanhas inexistentes. O amor sabe também perdoar, apagando as mágoas, as cicatrizes que a incompreensão e a insensibilidade gravam no coração ferido, extinguindo todos os traços de dor. O amor descobre os segredos e o valor da vida,  mesmo os que estão relegados pela rejeição, pela falta de carinho, de compreensão e de aceitação, pelo cansaço das duras experiências vividas em acidentadas jornadas. Quem ama, aprende a se sobrepor à sua própria dor, a seus interesses, ao seu orgulho e a suas ambições quando isso é necessário ao bem estar e à felicidade de alguém. Vive o Homem uma era de Ciência e Tecnologia avançadas, esquecido de que já viveu momentos iguais em outras vidas, em outras eras, que se perderam pela falta do amor. O amor não pode ser superado pelos avanços do conhecimento e da técnica e, ao contrário, tem que estar presente nas realizações do Homem, para que este se sinta realmente realizado. Sem amor, um lar ou uma fábrica, uma família ou uma universidade, perde sua luz, sua razão de existir, e, pela força da rotina e da insatisfação, vai-se acabando. As vibrações de amor são portadoras das forças divinas, da energia que supera todas as outras, curando, ajudando, libertando. Em Mateus (22; 34 a 40), nos é dito: “Mas os fariseus, quando ouviram que Jesus tinha feito calar a boca aos Saduceus, se reuniram em conselho. E um deles, que era doutor da lei, tentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é o grande mandamento da Lei? Disse-lhe Jesus: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o máximo e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os Profetas!”  Assim, mostrou Jesus a importância do amor a si mesmo. Não o egoísmo, que só quer receber, só quer sua satisfação, mas sim o amor, que é dádiva, é doação. Quem não ama a si mesmo não tem condições de amar os outros. Na 1a. Epístola aos Coríntios (13;  1 a 7 e 13), conforme algumas traduções, Paulo escreveu: “Se eu falar  todas as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver amor, sou como o metal que soa ou como o sino que tine. E se eu tiver o dom de profecia e conhecer todos os mistérios e o quanto se pode saber, e se tiver toda a fé, até o ponto de transportar montes, e não tiver amor, não sou nada! E se eu distribuir todos os meus bens em o sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, se todavia, não tiver amor, nada disso me aproveita. O amor é paciente, é benigno; o amor não é invejoso, não obra temerária nem precipitadamente, não se ensoberbece. Não é ambicioso, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre... Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estas três virtudes; porém, a maior delas é o amor!”. Esse trecho de Paulo, na maioria das traduções, aparece como “a caridade”, em lugar de “o amor”. Todavia, como a caridade é o amor em ação, fica válida a citação. O amor de nossos corações nos permite receber, em toda a plenitude, a ajuda espiritual para os nossos trabalhos com nossos irmãos encarnados e desencarnados. O amor é a energia de cura em sua maior potencialização e poderosa arma para a transformação de tudo o que estiver ao nosso alcance. Geralmente estamos incapacitados para amar a nós mesmos e isso gera emoções ligadas a falsas percepções de humilhação, rejeição e abandono que nos levam a estados de enfermidades que não raro a ansiedades, alienações e solidão. O amor é união, é relacionamento com alguém, com algum lugar, com algum objeto, e, na sua forma incondicional, se relaciona com o Eu, com o Universo e com o próprio Deus! Segundo Annie Besant, o amor pode ser direcionado em diversos níveis: dirigido aos que estão abaixo de nós, é piedade, compaixão ou benevolência; aos que estão no nosso nível, é amizade, paixão ou afeto; e aos que estão acima de nós, é reverência, adoração ou devoção.

38 - JESUS CONFORTA OS DISCÍPULOS (14; 1-31)

Não se turbe o vosso coração; crede em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também. E vós sabeis o caminho para onde eu vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai que permanece em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome eu o farei. Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco. O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conhecereis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros. Ainda por um pouco e o mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós também vivereis. Naquele dia vós conhecereis que eu estou em meu Pai e vós em mime  eu em vós. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós, e não ao mundo? Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do meu Pai que me enviou. Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto para junto de vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais. Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim; contudo, assim procedo para que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço como o Pai me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.

         Esse trecho é revelador da doutrina crística, contendo ensinamentos básicos que podemos encontrar na Doutrina do Amanhecer. Jesus fala das diversas moradas – os diferentes planos que formam todo este universo. Cada um tem sua faixa vibracional e são habitados pelos espíritos que estão em suas respectivas sintonias. Partindo das vibrações pesadas, em que predominam os sentimentos arraigados à matéria, até um plano de Luz, com vibrações altamente positivas, há diversos planos, muitos corpos celestes que abrigam variados tipos de vida. É a evolução do Mundo das Trevas para o Reino de Jesus, a supremacia do Bem sobre o Mal. A Terra se situa em uma faixa intermediária, plena de expiação e provas, e Jesus veio mostrar o caminho da verdadeira evolução através de seus ensinamentos. Por confiar e seguir as palavras do Mestre, teremos a oportunidade de podermos avançar no nosso conhecimento e no nosso padrão vibratório, podendo, após nossas reencarnações sofridas, nos libertarmos deste plano e passarmos a planos mais iluminados. Kardec assegurou que a humanidade – compreendendo o Homem como um ser dotado de razão –  não está somente na Terra, mas, sim, distribuída em muitos outros planos, obedecendo à forma humana, porém, de acordo com sua evolução, sendo mais harmoniosa, mais bonita. O contato com extraterrestres já comprovou essa verdade. A Terra congrega grupos de espíritos de diversificadas origens, constituindo-se em difícil escala no aprendizado desses espíritos. Reencarnando e sofrendo as modificações de seu íntimo, cada um trilha seu caminho de evolução. Tendo passado pela Terra e, se necessário, por algum outro planeta de instrução, quando estiver pronto, quando tiver se transformado em uma fonte de água viva, estará em condições de retornar à sua origem. Na Corrente do Amanhecer, embora haja um bom número de espíritos de outras origens, reuniram-se os exilados de Capela, em suas jornadas evolutivas neste planeta Terra, expiando suas faltas e redirecionando suas forças, buscando o retorno ao lar, de onde partiram por se rebelarem contra as leis divinas. Na nossa Doutrina nos foi revelado que Jesus, na oportunidade de se fazer presente fisicamente na Terra, no Tibet, criou as Casas Transitórias, lugares especiais, no plano etérico, para atendimento aos espíritos encarnados na Terra e sua inter-relação com os desencarnados. Elas projetam os Sandays e são presididas pelos Oráculos. Existem vários tipos de Casas Transitórias, que atendem aos diversos planos vibracionais dos vários grupamentos espirituais, ministrando instruções, atendimento a doentes, especialmente mentais, e outros tipos de auxílio. São verdadeiras estações espaciais que incluem o Canal Vermelho, o primeiro degrau celestial, um mundo etérico que recebe os espíritos da Terra e onde esses espíritos passam pelos diversos estágios que necessitam para sua progressão, compreendendo as várias fases que vão desde a recepção após deixarem Pedra Branca, quando desencarnaram, até a nova programação para seu reencarne, passando pelos muitos estágios de recuperação. Para as Casas Transitórias se deslocam, na maioria dos casos por desdobramento, nossos espíritos que vão ser atendidos ou os que vão trabalhar, mas geralmente não se guarda nada na memória ao retornar ao corpo, ficando uma vaga lembrança ou um simples sonho. Em “2000 - A Conjunção de Dois Planos”, Tia Neiva descreve sua visita a uma Casa Transitória: a chalana pousou suavemente numa espécie de plataforma iluminada e ela e Johnson Plata passaram por um longo corredor, indo sair em um parque de árvores simétricas com flores que pareciam ser de plástico, nas quais estavam pendurados medalhões com inscrições que ela não conseguia ler, tudo iluminado pelo luar. Podia ouvir um som agradável, um zumbido melodioso que não chegava a ser uma música, pairando no ar. Um grande prédio ali se erguia e Johnson explicou à Tia que aquele era um dos hospitais de recuperação da Casa Transitória e, apontando mais além, onde havia um grande pátio com muitas naves em feitio de charuto, com grandes janelas com luz amarelada, também um ponto de partida para Capela. Com movimento comparado ao de qualquer aeroporto da Terra, Tia Neiva podia ver seres subindo e descendo pelas rampas de acesso às naves. Muitos voltariam à Terra, muitos seguiriam para outros planos, todos em suas jornadas evolutivas. Dentro do livre arbítrio, de acordo com o merecimento, cada um faz seu próprio caminho. Mas é importante lembrar as palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim!” Seguir os passos do nosso Mestre, trilhar a Nova Estrada que o Caminheiro nos mostrou, entender que a Verdade e o Amor se nos revelam nas palavras de Jesus, isto é o que nos oferece a Doutrina do Amanhecer. Dentro da evolução e do conhecimento do espírito, tudo o que pedirmos em nome de Jesus seremos por ele atendidos. Na consagração de Elevação de Espadas o médium do Amanhecer emite: “É O MEU SEGUNDO PASSO INICIÁTICO, MEU SENHOR E MEU DEUS! PROVO A MINHA INICIAÇÃO. SOU UM INICIADO! SOU MESTRE, PORQUE CONFIO EM TI! JESUS, ONDE QUER QUE ESTEJA, SEI QUE ESTARÁS ME OUVINDO!

39 - A VIDEIRA E OS RAMOS (15; 1-27)

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto, limpa, para que produza mais fruto ainda.. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira; assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam ao fogo e o queimam. Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos. Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e no seu amor permaneço. Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós e o vosso gozo seja completo. O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai, em meu nome, ele vo-lo conceda. Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros! Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome. Porquanto não conhecem aquele que me enviou. Se eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas agora não têm desculpa do seu pecado. Quem me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez, pecado não teriam; mas agora não somente têm eles visto, mas também odiado, tanto a mim como a meu Pai. Isto, porém, é para que se cumpra a palavra escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo. Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio.

         Jesus usa a imagem simples e conhecida da videira para expressar seu ensinamento. Dá o sentido da ligação básica entre ele – a videira – e o agricultor – Deus, e diz que qualquer ramo que não der fruto será cortado pelo Pai Celestial. O ramo que der frutos receberá cuidado especial de Deus. Dessa forma, estabeleceu o critério que devemos seguir em nossas jornadas, buscando a sintonia com os Espíritos Iluminados e conscientes das palavras do Mestre, para que estejamos, sempre, como ramos ligados à videira, dando frutos com nossa manipulação na Lei do Auxílio. Os que se deixarem levar pelo apego à matéria, pela vaidade, pelo orgulho, pela prepotência, serão como galhos que não dão fruto, e serão cortados, secarão e serão queimados. Os discípulos já se encontravam em condições de prosseguirem em suas missões, limpos em suas mentes e em seus corações pelas palavras do Mestre, que lhes assegurou que, se permanecessem limpos, ele estaria sempre junto a cada um deles. Isto serve para nós, porque também recebemos as missões que nos cabem cumprir nesta jornada, e devemos nos manter limpos, preocupados com a nossa conduta doutrinária, que permitirá que possamos ser galhos bem cuidados dessa videira. Temos que ter caridade. Caridade é a vontade, movida pelo amor, de buscar efetivamente o bem de outra pessoa. Nela se resume a Lei do Auxílio, que, na Carta Aberta n. 5, de 21.10.77, Tia Neiva nos afirma que é a forma de poder mudar a nossa história, a nossa jornada, aliviando nosso carma.  A mediunidade é a principal ferramenta para a execução da caridade. O médium desenvolvido que não trabalhe regularmente, ficando muito tempo fora da Lei do Auxílio, corre o risco de adoecer, porque é com seu trabalho e seus sentimentos que recebe o prana e acumula os bônus, alimentando seu sistema nervoso, manipulando a  energia gerada em seu centro coronário, que é a que mantém o equilíbrio de seus órgãos e realiza curas em seu próprio corpo. Mateus (XXII, 34 a 40), nos relata que, respondendo a um fariseu, doutor da lei, que perguntara qual seria o maior mandamento da Lei de Moisés, Jesus disse: “Amarás ao Senhor de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o máximo e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo! Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.” O amor ao próximo é a caridade. Não pode existir amor a Deus se não houver amor ao próximo. É certa a máxima: Fora da caridade não há salvação!  Paulo, em suas pregações, colocava a caridade acima da fé, pois a caridade está ao alcance de qualquer um, independentemente de sua condição social, de seu grau de cultura, de sua raça, ou qualquer outra característica. A caridade é a soma de todas as boas qualidades de um indivíduo e da sua vontade de servir. Na Doutrina do Amanhecer, o maior objetivo é servir, dentro da Lei do Auxílio, sem pretender pagamentos ou retribuições de qualquer natureza, nem mesmo agradecimentos pelo que pudermos fazer. Nossa recompensa por nossa caridade não será neste plano, embora muitos problemas materiais serão aliviados ou cortados em decorrência de nossa atividade na Lei do Auxílio, através dos bônus que recebemos. Saber nos aproximar de alguém que necessite auxílio, compreender suas aflições, abrir o coração, sem julgamentos ou preconceitos, e tentar ajudar, respeitando sua individualidade, fazendo com que ele perceba novos caminhos ou novas alternativas para solucionar seus problemas - essa a nossa obrigação fundamental como Jaguares. Nas palavras de Jesus, aqueles que se dedicam à execução de seus atos de amor ao próximo, irão passar à direita de Nosso Pai, sendo reconhecidos  “pelo perfume de caridade que espalham ao seu redor!” Sempre há necessidade de ação, de vontade de servir, para fazer o bem. A inércia e a negligência muitas vezes não fazem mal, mas jamais farão o bem. Sem julgamentos, sem ambição, sem preconceitos, o Jaguar deve fazer da caridade a resultante da união do amor, tolerância e humildade. A caridade só existe pelo amor ao próximo. Quando trabalhamos com amor, nossa força magnética animal é impregnada de amor, e alcança o espírito sofredor profundamente, resplandecendo em sua mente e em seu coração, provocando o choque energético de que precisava para se deslocar, sendo auxiliado pela Espiritualidade. Ser caridoso não é só dar  uma esmola. É procurar ajudar, efetivamente, aquele que precisa, seja no plano físico ou material, seja no plano etérico ou espiritual. Ninguém é tão pobre que não possa dar, nem tão rico que não precise receber! Quando Jesus falou do ódio do mundo por ele, fazia menção aos espíritos inluz, sofredores, encarnados e desencarnados, que formam a maioria dos povos, levando a humanidade aos caprichos das forças do Mal. O ódio, a ira, o rancor e a raiva são características de um sentimento negativo que impele o indivíduo a causar ou desejar mal a alguém, propensão muito acentuada nos espíritos de baixo padrão vibratório para a violência e a vingança.  É uma reação violenta e desordenada para com pessoas, animais, seres inanimados e objetos, que são causadores de algum tipo de contrariedade para quem emana o ódio. Este sentimento é altamente prejudicial para o próprio ser, causando seu aviltamento e traduzido por palavras, gestos e pensamentos pouco dignos, moralmente condenáveis, levando a tristes quadros. Quantos espíritos desencarnam no ódio, e ficam presos, por suas próprias vibrações, em pesadas camadas, vibrando naqueles a quem odeia, muitas vezes se transformando em elítrios e perdendo várias encarnações pela cegueira de que são acometidos. Cobradores e obsessores vivem nestas baixas vibrações, e muitos são atraídos pela energia emanada pelo Homem encarnado que vibra seu ódio, complicando seu quadro e gerando fantástica força negativa, de alto poder destruidor. Quem é sujeito a irritações e ataques de raiva ou a destilar seu ódio indistintamente, em várias direções, deve começar seriamente a se preocupar com sua recuperação, buscando aperfeiçoar seu autodomínio e ser prudente, evitando as injustiças que pratica com seus excessos de maus sentimentos. O desequilíbrio psico-emocional pode levar o odiento a ter ódio de si mesmo, o que conduz a estados críticos emocionais, gerando casos de suicídios e demências graves. No reencarne,  especialmente em situações de expiação, provação ou reparação, o espírito está sujeito às influências do ambiente em que programou sua nova vida, bem como às influências transcendentais, que podem levá-lo ao desequilíbrio e, como consequência, ao ódio. A Medicina está cheia de casos de pacientes que apresentam vários e graves males físicos, decorrentes de ódios - principalmente pessoas idosas que odeiam filhos, genros, noras, etc. Além do mal espiritual, apresentam perda de peso, mau hálito, perda de apetite, insônia, mau funcionamento do coração e do sistema imunológico. Pelo desequilíbrio vibracional, há condições de desenvolver tumores malignos e outros graves problemas que só poderão ser resolvidos à medida que o ódio diminua ou desapareça. Na verdade, não são raros os casos de pessoas que morrem de ódio.

40 - A MISSÃO DO CONSOLADOR (16; 1-33)

Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis. Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus. Isto farão porque não conhecem o Pai nem a mim. Ora, estas coisas vos tenho dito para que, quando a hora chegar, vos recordeis de que vo-las disse. Não vo-las disse desde o princípio, porque eu estava convosco. Mas agora vou para junto daquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais? Pelo contrário, porque vos tenho dito estas coisas, a tristeza encheu o vosso coração. Mas eu vos digo a verdade: Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo; do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis. Então alguns dos seus discípulos disseram uns aos outros: Que vem a ser isto que nos diz: Um pouco e não mais me vereis e outra vez um pouco e ver-me-eis; e: Vou para o Pai? Diziam, pois: Que vem a ser esse – um pouco? Não compreendemos o que quer dizer. Percebendo, Jesus, que desejavam interrogá-lo, perguntou-lhes: Indagais entre vós a respeito disto que vos disse: Um pouco e não me vereis, e outra vez um pouco e ver-me-eis? Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem. Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar. Naquele dia nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo, se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome. Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora quando não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei claramente a respeito do Pai. Naquele dia pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós. Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus. Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai. Disseram os seus discípulos: Agora é que falas claramente e não empregas nenhuma figura. Agora vemos que sabes todas as coisas, e não precisas de que alguém te pergunte; por isso cremos que de fato vieste de Deus. Respondeu-lhes Jesus: Credes agora? Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo. Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

         Os apóstolos iriam cumprir suas missões em regiões perigosas, devido ao nível espiritual de seus habitantes. Por isso, Jesus preveniu-os do que poderia suceder nos encontros com aqueles que não conheciam suas palavras nem seu Pai Celestial, mas que tivessem a certeza de que ele estaria sempre com eles. Missão é a função que a Espiritualidade nos conferiu para, no limiar da Nova Era, ajudar na recuperação do maior número de espíritos possível para que possam alcançar planos mais evoluídos. Isso inclui nossos próprios espíritos, porque temos que buscar nossa evolução através do trabalho mediúnico, com amor, tolerância e humildade, e isso só é possível com nossa dedicação à Lei do Auxílio e às palavras de Jesus. Embora todo espírito, ao reencarnar, tenha um programa a cumprir, ligado diretamente a problemas individuais em sua faixa cármica, nem todos recebem uma missão, que é suplemento de seu programa evolutivo, com seu comprometimento em evoluir, cuidar e ajudar outros espíritos, encarnados e desencarnados, com suas forças e sua mediunidade. A Espiritualidade nos deu a missão, mas não nos obriga a ela. Cumpri-la ou não vai depender somente de nós mesmos, de nosso livre arbítrio.  Existem profundas diferenças entre os seres humanos, e uma é devida à tônica que cada um dá à sua vida: há um grupo que se preocupa somente com sua saúde física, com seu corpo, buscando a boa forma muscular e atlética, ocupando-se com exercícios físicos, dominados pela tônica física; há os que têm a tônica psíquica - cientistas, intelectuais, artistas e eruditos -, e dependem de seu intelecto, com sua consciência dominada pelo fator intelectual; e há os missionários, com seu campo consciencional em constante expansão, buscando a integração crescente com o Universo, a evolução de seu espírito, vivendo sob a tônica espiritual.  Por isso, não temos como induzir ou forçar alguém a nos seguir. Nossa missão é, primeiro, manter nosso equilíbrio e ampliar nossos conhecimentos num permanente desenvolvimento mediúnico; e, depois, a ajuda aos nossos irmãos encarnados e desencarnados, com o amor colocado em ação na Lei do Auxílio. Mesmo entre nós, na Corrente, temos parte dessa missão, pois precisamos estar atentos aos companheiros de luta que, esquecidos de seus compromissos, se deixam ficar parados, presas do desânimo, estagnados por crises emocionais e momentos de dificuldades psicológicas ou materiais. Com muito amor, temos que alertá-los para o que está acontecendo, mas sem julgar, nem criticar e nem obrigar. Sempre ouvimos Koatay 108 nos dizendo que só sabemos que estamos realmente evoluindo quando deixamos de nos preocupar com a conduta dos outros. Devemos, sim, nos preocupar com nossa própria conduta, mantendo elevado nosso padrão vibratório, harmonizado o nosso espírito, sabendo que nosso campo consciencional vai-se expandindo pela nossa preocupação em manter a sintonia de nosso espírito e saudável o nosso corpo, o que nos torna mais capazes para nossa missão. Aprendemos que nossas vidas nos proporcionam momentos difíceis, com mais dores do que aqueles que não têm missões a cumprir, porém aprendemos, também, que sofremos menos do que eles, tanto física como psicologicamente. Temos que ser instrumentos o mais perfeitos possível para desempenhar as tarefas de que nos incumbiram os Espíritos de Luz, sabendo emitir um ectoplasma luminoso, projetar vibrações de elevado padrão, trabalhar assiduamente, onde quer que seja necessário, na Lei do Auxílio. Jesus, segundo Mateus (10; 1 e 5 a 10) entregou a missão a seus apóstolos: “Jesus, chamando seus doze discípulos, deu-lhes o poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.(...) Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelos caminhos das gentes, nem entrareis em cidades de Samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel, e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos Céus! Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios. Dai de graça o que de graça recebestes. Não queirais possuir ouro nem prata, nem tragais dinheiro nas vossas cintas, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão, porque digno é o operário de seu alimento.” Nestas palavras se resume nossa missão, onde se ressalta que nada devemos cobrar ou receber pelo nosso trabalho mediúnico, nem perseguir as riquezas materiais, para que não percamos nossa humildade nem  nossa simplicidade. Quanto aos trabalhos de cura e de desobsessão, é o que buscamos fazer em nossas participações nos Sandays, dentro da Lei do Auxílio, sempre dentro da correta conduta doutrinária e observação das instruções e Leis que nos regem. E Jesus ainda disse (Mateus, 10; 16 a 20): “Eis que eu vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Guardai-vos, porém, dos Homens. Arrastar-vos-ão para os seus tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas, e por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servirdes, a eles a aos gentios, de testemunho. Quando vos levarem, não cuideis como ou o que haveis de falar. Porque naquela hora vos será inspirado o que haveis de dizer. Porque não sois vós que haveis de falar, mas o Espírito de vosso Pai é o que fala em vós.” Esta a noção clara da intuição, do pronunciamento da Voz Direta através do médium, um dos principais elementos do missionário. E temos que cumprir nossa missão de acordo com o que recomendou nosso Divino e Amado Mestre (Mateus, 10; 27 e 28): “O que vos digo em trevas, dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido, pregai-o sobre os telhados; e não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma. Temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo!”  Jesus falou do Espírito da Verdade, que se faz presente em muitas missões, como podemos identificar em Koatay 108, que na sua simplicidade e amor, soube nos transmitir, com toda pureza, essa grandiosa Doutrina.

41 - A ORAÇÃO SACERDOTAL DE CRISTO
 (17; 1-26)

Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica o teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti;  assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que te reconheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo. Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste e eles a receberam e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste. É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus; ora, todas as minhas coisas são tuas e as tuas coisas são minhas; e neles eu sou glorificado. Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome que me deste, e protegi-os, e nenhum deles de perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Mas agora vou para junto de ti, e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos. Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.  Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja.

         O Mestre solidifica a idéia de que ele não é Deus, mas, sim o filho de Deus, que teve como missão despertar os espíritos em evolução na Terra. Devemos buscar a verdade. Quando conseguimos estabelecer uma relação entre o pensamento e o ser real das coisas e nossa energia mental consegue apreender o que uma coisa é, temos a verdade, isto é, apreendemos que pela inteligência podemos conhecer o que uma coisa é ou não é, estabelecendo uma adequação entre nossa mente e o ser.  A isso chamamos a verdade lógica. Existe a verdade moral, quando há perfeita concordância entre o que se pensa e o que se diz ou se faz. O caminho para a verdade é o juízo feito com perfeição, a crítica ponderada e honesta que conduz ao perfeito conhecimento do objeto ou do ser. Ir conhecendo as verdades é a grande missão do Homem, pois a verdade é uma propriedade transcendental de cada ser. Todavia, considerando-se a pluralidade de individualidades e a força das personalidades, há que se considerar a existência de muitas “verdades” em torno de um ente, o que torna flexível e, portanto, mutável aquele conceito. A verdade tem sido, sempre, a primeira vítima dos conflitos do Homem, durante toda a sua História, sendo moldada e escravizada em função de diversos interesses humanos.  Por isso, fora do campo filosófico, buscamos a verdade moral, da consciência da conduta doutrinária, no conhecimento e compreensão de nossa sensibilidade, pelo relacionamento e observação, especialmente, dos ensinamentos de Jesus. Segundo João (I, 17): “A Lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.” Para nós, a verdade significa justiça e honestidade, que vamos descobrindo dentro de nós mesmos, aprendendo a pensar, falar e agir de acordo com a realidade dos seres e das coisas. Um grande filósofo hindu, Krishnamurti, escreveu: “O Homem não pode chegar à verdade através de nenhum credo, de nenhum dogma, sacerdote ou ritual, nem através de nenhum conhecimento filosófico ou técnica psicológica. O Homem tem que alcançá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão do conteúdo da sua própria mente, através da observação e não da análise intelectual”. Gautama Buda ensinava aos seus discípulos: “Não se deixem levar pelos relatos dos outros, pela tradição, nem pelo que vocês ouvem dizer. Não se deixem enganar pelo domínio intelectual das escrituras, nem pela mera lógica ou dedução, nem pela reflexão sobre alguma visão. Nem pelo fato de que o asceta que expõe tal visão seja o instrutor de vocês. Sigam apenas aquilo que vocês sabem e experimentam em sua própria consciência interior.” Quando não é o caminho da Verdade, uma doutrina ou religião conduz o Homem à limitação de sua mente, ao apego material, à insatisfação e à acomodação. A verdade nos protege de qualquer influência que pretenda obscurecer nossa Luz e atrasar nossa jornada, fazendo com que possamos distinguir sentimentos e sensações sem sermos enganados pelos véus das ilusões. Considerando a multiplicidade de inteligências e sentimentos, há que se concluir que, sobre a Natureza e o Universo, encontramos diversas verdades, de natureza material ou lógica, e por isso não temos como nos considerar donos da verdade. Um filósofo nos advertiu: “Não creia na metade do que você ouve; não repita metade do que você crê; quando ouvir uma notícia negativa, divida-a por dois, depois por quatro... e não diga nada sobre o restante dela!” A verdade não pode ser institucionalizada, sob o risco de deixar de ser verdade e se tornar outra coisa qualquer, como uma simples crença, como vemos acontecer na atualidade com muitas correntes religiosas e políticas, que se perdem das suas origens pelas interpretações dogmáticas, pelos interesses pessoais e pelo mercenarismo, que cerceia a justiça social e a liberdade de agir e pensar do Homem. Assim, o Homem deve ter liberdade e consciência para buscar a sua verdade pelo crescimento intelectual e desenvolvimento espiritual, e a única verdade é a que buscamos em nossa Doutrina, revelada por Jesus, a Luz do Mundo,  nos Evangelhos, que nos pode iluminar em nosso caminho e na nossa missão,  se soubermos acolhê-la em nossos corações, obedecendo à nossa conduta doutrinária. Quando Jesus declarou que a verdade é a palavra do Pai, nos deu indicação de que podemos buscá-la em suas palavras, pois ele mesmo disse que não era ele quem falava mas, sim, o Pai falava através dele. Podemos, seguindo os ensinamentos do Mestre, chegar à verdade, desde que estejamos em harmonia com a Espiritualidade Maior. 

42 – A PRISÃO DE JESUS (18; 1-14)

Tendo Jesus dito estas palavras saiu, juntamente com seus discípulos, para o outro lado do ribeiro Cedrom, onde havia um jardim; e aí entrou com eles. E Judas, o traidor, também conhecia aquele lugar, porque Jesus ali estivera muitas vezes com seus discípulos. Tendo, pois, Judas recebido a escolta e, dos principais sacerdotes e dos fariseus, alguns guardas, chegou a este lugar com lanternas, tochas e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Então Jesus lhes disse: Sou eu. Ora, Judas, o traidor, estava também com eles. Quando, pois, Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra. Jesus de novo lhes perguntou: A quem buscais? Responderam: A Jesus, o Nazareno. Então lhes disse Jesus: Já vos declarei que sou eu; se é a mim, pois, que buscais, deixai ir estes; para se cumprir a palavra que dissera: Não perdi nenhum dos que me deste. Então Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que meu Pai me deu? Assim a escolta, o comandante e os guardas dos judeus prenderam a Jesus, manietaram-no, e o conduziram primeiramente a Anás; porque era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano. Ora, Caifás era quem havia declarado aos judeus ser conveniente morrer um homem pelo povo.

         Em Mateus (26; 52), nos é relatado que ao ver ser cortada a orelha do servo, Jesus disse: “Embainha a tua espada, pois que todos os que empunharem a espada à espada perecerão!” e curou o ferimento de Malco. O ensinamento da não-violência está sempre presente nas palavras de Jesus, e é uma linha marcante desde as nossas raízes dos Himalaias, passando por todas as linhas derivadas das nossas origens. Devemos evitar qualquer forma de agressão, física ou moral, para nos defendermos em nossa Doutrina. Nos Evangelhos temos muitas lições de que devemos pagar o Mal com o Bem, amar os nossos inimigos. É claro que este amor significa ter vibrações positivas, não se deixando levar pelo ressentimento nem pela ira. Devemos evitar o rancor, o ódio ou o desejo de vingança, para que nosso padrão vibratório não caia. Vamos nos esforçar para ter o perdão em nosso coração, condição que nos dará conforto espiritual para enfrentar as crises e dificuldades que surgem em nossos caminhos. Essa posição tem demonstrado, através da história da humanidade, o quanto pseudo defensores do Cristianismo se afastaram da Igreja de Cristo. São tantas as passagens de agressões armadas – Cruzadas, Inquisição, conquistas do Novo Mundo, etc. – feitas em nome de Jesus, que vemos como se distanciaram dos ensinamentos do Mestre, perdendo-se pela ambição, pelo orgulho e pela vaidade. A palavra de Cristo e, portanto, a palavra do Pai Celestial, é que devemos amar e perdoar os nossos inimigos, jamais usando a violência, nem mesmo para nos defendermos. Quando somos ofendidos, demonstramos a nossa personalidade exaltada, baixamos nosso padrão vibratório, tornando-nos instrumentos de espíritos cobradores ou sofredores que passam a influenciar nossas reações. Quantos quadros terríveis se formam por esse motivo, levando-nos a um arrependimento tardio por uma ação desnecessária. No Evangelho de Mateus (5; 38-42), encontramos as seguintes palavras do Mestre: “Vós tendes ouvido o que se disse: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao que vos fizer mal; se alguém te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que demandar-te em juízo e tirar-te a tua túnica, larga-lhe também a capa; e se qualquer te obrigar a ir carregado de mil passos, vai com ele ainda mais dois mil! Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.”  O Jaguar sabe que o ódio não desaparece com a morte, e o espírito desencarnado é um inimigo perigoso. Por isso, temos que buscar transformar as cargas negativas daqueles que estão junto a nós, em nossas metas cármicas, porque o ódio e o rancor podem ser transformados pelas vibrações positivas de amor. É importante conciliarmos os nossos inimigos ainda quando encarnados, pois terão melhor compreensão a nosso respeito quando chegarem a outro plano. Pelas boas vibrações podemos ir desgastando o ódio e fazendo com que aquele que se diz nosso inimigo possa apurar sua sensibilidade, entendendo os nossos sentimentos e chegando a se tornar um amigo. Jesus não fala contra a defesa, e sim contra a vingança. Não devemos ser orgulhosos, porque assim não teremos orgulho ferido. Humildade e tolerância decorrem do amor que tivermos em nossos corações. Há uma história de um velho guerreiro, imbatível e sereno, que, ao chegar à velhice, dedicou-se ao ensino das artes marciais em um mosteiro. Um dia, chegou um atrevido jovem, com suas armas brilhantes e roupa pomposa de guerreiro, e começou a desafiar o velho que, impassível, ficou ouvindo o desafio. O jovem foi se irritando com a falta de reação do velho e passou a xingá-lo e até cuspiu em sua face. O velho não teve qualquer reação, pois entendeu que o jovem queria satisfazer sua vaidade, sentindo que ficaria famoso por ter derrotado em combate o velho guerreiro. Por fim, cansado, o jovem partiu, e os alunos do velho ficaram aturdidos por verem a passividade do mestre diante das provocações. O velho guerreiro perguntou: “Se alguém trouxer um presente para você e você não aceita-lo, o que acontece?” “Ele ficará com o presente para ele” – responderam os pupilos. “Pois assim foi – disse o mestre – O jovem guerreiro me ofendeu, me xingou, me provocou com todo o orgulho e vaidade que trouxe consigo. Ora, eu não aceitei e, assim, ficou tudo com ele mesmo...” Sabemos que não podemos reagir em certas ocasiões, quando estamos irritados, ofendidos, porque essas baixas vibrações iriam provocar conseqüências desastrosas. Temos que nos harmonizar, elevar o padrão vibratório, para depois podermos agir de forma mais equilibrada, harmoniosa. A vingança e o ódio são os caminhos da perdição de um espírito. Vale lembrar a Lei de Causa e Efeito, que dá o retorno de tudo quanto fazemos. Quando agimos bem, com amor, tolerância e humildade, é certa a ajuda que teremos dos planos superiores; quando agimos mal, harmonizamo-nos com o Vale das Sombras, e seremos, cada vez mais, desgastados pelos sentimentos negativos, que nos conduzirão ao sofrimento, à angústia e à irrealização. Quanto mais ódio tivermos no coração, mais estaremos afastados da Luz. A Doutrina do Amanhecer nos ensina o respeito ao próximo, o amor aos que se dizem nossos inimigos, sem julgamentos nem críticas, maledicência ou boatos. Muitas vezes ouvimos Koatay nos dizer que só sabemos que estamos evoluindo quando deixamos de nos preocupar com os nossos vizinhos.   

43 - PEDRO NEGA JESUS (18; 15-18)

Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. Sendo este discípulo conhecido do sumo sacerdote, entrou para o pátio deste com Jesus. Pedro, porém, ficou de fora, junto à porta. Saindo, pois, o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, falou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. Então a criada, encarregada da porta, perguntou a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? Não sou, respondeu ele. Ora, os servos e os guardas estavam ali, tendo acendido um braseiro, por causa do frio, e esquentavam-se. Pedro estava no meio deles, aquentando-se também.

         Essa passagem tem algumas interpretações controvertidas. Na verdade, sabemos que é pequena, mas fundamental, a diferença entre o herói e o louco. O herói domina o próprio medo, e se lança em ação benfeitora, consciente dos riscos que corre. O louco, não. Age totalmente iludido por uma mente desequilibrada, sem medir conseqüências. Pedro, com sua liderança, agiu de forma cautelosa, para não se expor, tentando manter-se próximo de Jesus mas cuidando para não ser também preso. Assim, ao negar ser discípulo de Jesus, estava apenas se resguardando e não repudiando o Mestre. Misturou-se com os guardas para melhor acompanhar o que faziam com Jesus. Presa de sua emoção, Pedro decidiu acompanhar a comitiva em lugar de ficar orando, como recomendara o Mestre. Não negou ser um dos apóstolos por fraqueza, covardia ou egoísmo mas, sim, para se manter livre e, segundo suas intenções, poder ajudar Jesus. A preservação da própria vida é obrigação de um espírito, e de nada valeria o sacrifício de Simão Pedro se tivesse sido preso juntamente com Jesus. Ele era o continuador da obra do Mestre, e teria que sobreviver para cumprir sua missão. Sentiu emoção ao se certificar do acerto da previsão de Jesus, mas não sentiu remorso, consciente de sua responsabilidade. Acertadamente, agiu com equilíbrio. Nosso equilíbrio depende, fundamentalmente, de nosso conhecimento, de nossa consciência, da forma como praticamos nosso livre arbítrio, de nossas ações e reações no Universo, tudo registrado e avaliado em nosso cérebro, onde a energia mental alimenta nossas vibrações. O mundo não é bom nem mau. Nós é que o vemos de uma forma ou de outra. Ser feliz ou infeliz depende única e exclusivamente de nós mesmos, do que fazemos, do que pensamos, do que vibramos! Se equilibrarmos os três reinos de nossa natureza: humildade, tolerância e amor, reforçamos a força vital do nosso plexo físico, controlamos nossa vontade, alimentamos nossa mente com energia positiva, que se revitaliza e se torna impermeável às emanações de baixo padrão. Isso faz com que fiquemos em equilíbrio.  Temos que manter equilibrado o Interoceptível, a Linha da Vida e da Morte. Para isso, temos que equilibrar nossas vidas material e espiritual. No plano físico, além de nossos reajustes cármicos, temos variados compromissos, cumprindo nossas obrigações materiais com nossa família e com a sociedade, vivendo em um mundo que nos observa e nos cobra por nosso comportamento. Na nossa vida espiritual, temos compromissos transcendentais, que nos pautam em nossa missão, que nos obrigam à dedicação na Lei do Auxílio. Não podemos nos dedicar a um em detrimento de outro. A estrela de seis pontas - nosso símbolo - mostra os dois triângulos entrelaçados destas duas vidas: o da vida material, voltado para baixo, em equilíbrio com o da vida espiritual, voltado para cima. Temos que nos dedicar à vida material, para o sustento nosso e de nossa família, compartilhando a vida no lar e oferecendo o mínimo de conforto e condições de aprimoramento àqueles que estão sob nossa responsabilidade. Trabalhar, descansar e nos divertirmos, para ter a mente protegida do esgotamento provocado pelos excessos do corpo físico. E, também, desenvolvermos nossa mediunidade, dedicando-nos aos trabalhos espirituais, dentro de nossa Corrente, com todo nosso amor, sem nos deixarmos envolver em confusões, brigas, mexericos na casa de nosso Pai Seta Branca. Não julgar, não criticar e ter sempre paciência, tolerância, estando sempre pronto para os trabalhos no Templo, não deixando que maus pensamentos penetrem em nossa mente e cuidando de nossa própria vida - eis o caminho do equilíbrio. Sempre atento à conduta doutrinária, a cada momento de sua vida, o médium aviva sua percepção e amplia os seus conhecimentos, evitando baixar seu padrão vibratório que, como consequência, traz o desequilíbrio desastroso para si e para os que estão ao seu redor. Na Prece do Equilíbrio, pedimos tranqüilidade para nossa alma e que ela não seja manchada pelas formas densas das baixas vibrações, pedindo auxilio aos Planos Espirituais para que possamos imprimir correto direcionamento de nossos pensamentos, revitalizando nossa energia mental e nos tornando impermeáveis às emanações de baixo padrão vibratório, protegendo nosso campo mental e, assim, obtendo o equilíbrio. Não podemos nos deixar envolver pelas tragédias que nos rodeiam, planejadas para esta transição que estamos vivendo, porque temos condições para ajudar aos espíritos por elas atingidos, realizando nossa missão neste plano físico em perfeita harmonia com os planos espirituais. Se essa sintonia estremece, corremos o risco do desequilíbrio, e devemos ter consciência para avaliar isso e, pela racionalização, recuperarmos o equilíbrio.

44 - ANÁS INTERROGA JESUS (18; 19-24)

Então o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Declarou-lhe Jesus: Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas como no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que lhes falei; bem sabem eles o que eu disse. Dizendo ele isto, um dos guardas que ali estavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que falas com o sumo sacerdote? Replicou-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas se falei bem, por que me feres? Então Anás o enviou, manietado, à presença de Caifás, o sumo sacerdote.

         Jesus se referia aos fenômenos que produzira e aos ensinamentos que proferira em tantos lugares, tudo às claras, sem nada ocultar, disso sendo testemunhas tanto  judeus e fariseus como os próprios sacerdotes. Sugeriu que Anás, caso não soubesse de suas obras, perguntasse a eles. O oficial achou que Jesus estava desrespeitando o sacerdote e o esbofeteou, dando oportunidade ao Mestre para demonstrar, com calma e dignidade, como devemos reagir às agressões. O que o Mestre respondeu a Anás é que, na verdade, este era um surdo. O surdo é aquele que não ouve ou pouco ouve, mas, em sentido figurado, se refere àquele que é indiferente, impassível ou insensível. Quando, em nossa Doutrina do Amanhecer, nos referimos aos “cegos, surdos, mudos e incompreendidos” não estamos falando de alguma deficiência física, mas, sim, sob o aspecto espiritual, vibracional. Aquele que é portador de uma deficiência física está cumprindo a Lei de Causa e Efeito, o seu carma, e só podemos ajudá-lo fortalecendo seu espírito para que possa passar, sem revolta, sua provação.  Mas nossa missão inclui aqueles que têm deficiências que os levam a não ver, a não ouvir, a não falar e a não entender as lições da Espiritualidade Maior, e que podem ser curados pelas vibrações de amor, pela tolerância e pela humildade. Ouvir é uma ciência, pois não nos limitamos a escutar o que nos dizem mas, sim, temos que buscar o que nos está sendo dito. Quando ouvimos com atenção nos integramos na comunicação, através da sensibilidade, e conseguimos entender o que nos foi dito e o porquê do que foi transmitido. O sentido amplo do termo compartilhar inclui o saber ouvir verdadeiramente. Evoluímos porque aprendemos a ouvir as palavras de Jesus. Nosso relacionamento com aqueles que estão junto a nós vai depender muito da maneira como vamos ouvi-los. Isso inclui nossos Mentores, que nos falam com amor e dedicação, mas pouca atenção damos ao que nos dizem. Os surdos não podem ouvir as palavras de Deus, nem aquelas que estão impregnadas pelo amor e pela tolerância. Conseguem ouvir muita coisa, mas só escutam aquilo que querem. Nós temos exemplos muito comuns nas pessoas que passam por diversos Tronos, ouvem mensagens e mais mensagens, mas não ficam satisfeitas, até que ouçam o que querem ouvir. Jesus, segundo Mateus (XIII, 13 a 18), explicou: “Por isso é que eu lhes falo em parábolas; porque, vendo não vêem, e ouvindo não ouvem nem entendem. De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías, dizendo: “Ouvireis com os ouvidos e não entendereis; e vereis com os olhos, e não vereis. Porque o coração deste povo se fez pesado, e os seus ouvidos se tornaram duros e se fecharam os seus olhos;  porque não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e entendam com o coração, e se convertam, e eu os sare!” Ditosos, porém, os vossos olhos, porque vêem e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois, em verdade vos digo: muitos profetas e muitos justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram, e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.”  Quantas coisas nos ensinaram os Evangelhos e nossos Mentores? Quantas palavras de Jesus, de Pai Seta Branca e de Koatay 108 nos chegaram em aulas e reuniões? E quem as ouviu totalmente? Temos que cuidar de nossa fé. A fé é o resultado do conhecimento e da confiança. Pelo conhecimento das leis que, do plano etérico, nos foram trazidas, e pela confiança nos ensinamentos que nos chegaram pelas palavras de Jesus, porque Ele nos trouxe uma Nova Estrada, com verdades reveladas à luz natural da razão, que por sua origem divina não pode se enganar e nem nos enganar. Esta a grande diferença entre a fé e a Ciência. Enquanto a Ciência necessita da evidência das coisas, de fenômenos que podem ser repetidos e mensurados, a fé dispensa qualquer aferição que não seja uma simples aceitação da razão e dos sentimentos. Através da fé esclarecida podemos alicerçar nossa Doutrina, com amor e dentro de uma conduta doutrinária, conseguindo trilhar nossa jornada cármica com pequenas e difíceis vitórias sobre nossa natureza inferior. Devemos ter a fé iluminada pela razão e a razão sublimada pela fé. Essa fé esclarecida é obtida pela  real  observação de nós mesmos, feita de forma autêntica, buscando nossas falhas e dúvidas, conhecendo grande parte de nossos compromissos cármicos, e procurando aplicar o conhecimento da Doutrina com confiança na ajuda de nossos Mentores. Por isso, a fé esclarecida é um reflexo da razão eterna, é Deus em nós. Não podemos confundir essa fé esclarecida, que deve ser a fé de todos os Jaguares, a fé que Pai Seta Branca nos pede, com a fé religiosa, que anula a razão e nos submete à aceitação de pseudo-verdades impingidas por dogmas e cultos, e nem com a fé cega, que ignora a razão e se torna o grande perigo dos fanáticos, levando a desastres terríveis que a História nos tem revelado através dos tempos. Na Epístola aos Hebreus, Paulo nos fala da natureza da fé (11: 1 a 3): “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela fé entendemos que foi o Universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” Por isso, nossa fé é esclarecida pelas palavras de Jesus, de Pai Seta Branca, de Mãe Yara e de todos nossos queridos Mentores, no nosso dia-a-dia, pelo que de real aproveitamos na nossa dedicação à Lei do Auxílio, que nos dá o merecimento para podermos ter a ajuda dos Planos Espirituais. No Evangelho de Mateus (14; 22 a 33), temos esta passagem: “Ordenou Jesus que seus discípulos entrassem no barco e fossem adiante para a outra margem, enquanto se despedia da multidão. Despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. Chegada a tarde, estava ali, só, e o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas, porque o vento era contrário. Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, caminhando por cima do mar. E os discípulos, vendo-O caminhar sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram, com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais! E respondeu-lhe Pedro: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas! E Jesus disse-lhe: Vem! Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo e começou a afundar. Bradou: Senhor, salva-me! Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E quando subiram para o barco, acalmou o vento. Então, aproximaram-se os que estavam no barco e o adoraram, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus!”  Ainda em Mateus (21; 18 a 22) nos é revelado: “Pela manhã, voltando para a cidade, Jesus teve fome e, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente. Os discípulos vendo isso maravilharam-se, dizendo: Como secou imediatamente a figueira? Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te e precipita-te no mar, assim será feito; e tudo que pedirdes na oração, crendo, o recebereis.” A figueira, em Israel, dá frutos dez meses por ano, e aqui representa o Homem que, na hora precisa, não tem como alimentar Jesus com seu amor; também, daí nasceu o dito popular que a fé remove montanhas. A fé tem, como consequência, a esperança e a caridade, dando vazão aos diversos sentimentos que levam o Homem à evolução e ao desenvolvimento espiritual. Ouvindo as palavras de Jesus, vivendo o Evangelho vivo da nossa Doutrina, vamos aprimorando nossa fé na espiritualidade e em nós mesmos, tornando-nos, a cada dia, instrumentos mais aperfeiçoados para participar dos trabalhos como Doutrinadores e Aparás.

45 - DE NOVO PEDRO NEGA JESUS (18; 25-27)

Lá estava Simão Pedro, aquentando-se. Perguntaram-lhe, pois: És tu, porventura, um dos discípulos dele? Ele negou e disse: Não sou. Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha decepado a orelha, perguntou: Não te vi eu no jardim com ele? De novo Pedro o negou, e no mesmo instante cantou o galo.

         Já nos referimos às negativas de Pedro, que mais serviram para confirmar o que Jesus lhe havia predito, que o negaria três vezes antes de o galo cantar na madrugada. Prevenindo-se da possível prisão caso fosse reconhecido, Simão Pedro mentiu. Temos que avaliar o que significa, realmente, uma mentira. Por definição, mentira é a manifestação intencionalmente falseada da verdade, de um pensamento, visando iludir o interlocutor a seu respeito. Sob o aspeto moral, podemos ter uma pequena diferença sobre as modalidades da mentira, uma vez que podemos mentir para poupar uma dor desnecessária ou evitar maiores males – como no caso de Simão Pedro – ou mentir para realmente enganar os outros, visando aproveitar de falsas situações e criar condições de se auto-beneficiar com os danos causados pela inveracidade das palavras. A mentira é, basicamente, má, e Jesus, falando em nome do Pai, é a Verdade absoluta e não pode mentir e nem permitir que se minta. No item 26, temos o trecho: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe aos desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.”  Assim, Jesus declara o demônio o pai da mentira. Usamos e abusamos da mentira no nosso cotidiano, usando-a em diversas modalidades e intensidades, e convivendo, em nossos ambientes de trabalho material e atividades sociais, com pessoas que nos enganam a respeito de seus pensamentos e seus sentimentos, escondendo deficiências e vícios com falsas palavras e manifestações. Na vida real, por desejo de agradar aos que estão ao nosso redor, mentimos diversas vezes; para evitar choques e traumas, mentimos; para minorar a  dor e o sofrimento dos outros, mentimos; e, o que é pior, há momentos em que mentimos para nós mesmos, nos enganando a respeito de nossos próprios pensamentos e sentimentos... Obedecem a uma rígida classificação tantos tipos de mentiras? Estaríamos, assim, agindo como filhos do demônio? É claro que não! Para nos garantir, temos a nossa consciência. A consciência é o mecanismo abstrato da mente que registra o nosso conhecimento, isto é, o que acontece a nós mesmos e em torno de nós, nos dando a capacidade de ver, ouvir e sentir o que se passa ao nosso redor, com maior ou menor grau de análise, dependendo de uma pessoa para outra, conforme o equilíbrio da mente e na proporção direta da responsabilidade assumida perante a vida. Designa o conhecimento de nossos próprios pensamentos e ações, e, também, nossos estados internos no exato momento em que são vividos. De acordo com a escala evolutiva, o ser pode apresentar a autoconsciência, a consciência individual e a consciência do coletivo, nos níveis planetário e cósmico. Pode ser direta - ou expontânea - quando consiste na simples advertência ou percepção imediata dos fatos, coisas e ações presentes; e indireta - ou reflexiva - quando direcionamos a atenção para nossas próprias ações. Conforme nossas ações e reações ante fatos e pessoas, nossa consciência vai se desenvolvendo, plasmada pela concepção que fazemos de nós mesmos. Pela educação e pelo condicionamento que estruturamos em nosso íntimo, a consciência é fruto da ação da nossa vontade sobre os nossos mecanismos de relação, baseados na idéia de que não estamos separados do Universo mas, sim, envolvidos por ele, e, como sua parcela, contemos o todo. De acordo com a freqüência dos impulsos mentais, temos quatro estados conscienciais, inversamente proporcionais (quanto mais intensa for a freqüência menor será a capacidade consciencial, e vice-versa), determinados pelos níveis Alfa, Beta, Teta e Delta. Normalmente vivemos no nível BETA, estado de vigília, onde a freqüência cerebral é de 21 ciclos por segundo, podendo chegar, por fatores emocionais, a mais de 60 ciclos. Pela concentração, pela mentalização, pelas preces e pela mediunização, quando entramos em perfeita sintonia com os planos espirituais, podemos atingir o nível ALFA, com 7 a 14 ciclos por segundo de freqüência, ampliando nossa receptividade e sensibilidade a ponto de nos permitir contato com nossos Mentores. No nível TETA, a freqüência cai entre 4 e 7 ciclos por segundo, caracterizando o estado de vigília, onde nos mantemos conscientes, embora muito próximos do sono, nível onde ocorrem muitos fenômenos que nos levam à idéia de sonhar acordados. No nível DELTA, com ritmo de 0,5 a 4 ciclos por segundo, estamos dormindo, com a mente desligada do consciente, proporcionando condições de desdobramentos, desprendimento do espírito, que vai a outros planos, realizando trabalhos e aprendendo lições espirituais, convivendo com outros espíritos, de acordo com seu merecimento. Quando desenvolvemos uma capacidade de reequilíbrio constante, atingimos a consciência permanente. Equilíbrio e consciência são dois pólos de nossa mente. Trabalhando sempre juntos, deles dependem nossa sintonia com os planos espirituais. A consciência equilibrada nos torna focos de luz, de energia positiva que a tudo ilumina, nos dando a justa medida das coisas e a correta avaliação dos fatos que nos chegam à mente, gerados em qualquer dos três planos de nossa vida. Do grau maior ou menor de consciência dependem as constituições das esferas que compõem o nosso Centro Coronário, no Sol Interior. Para receber a projeção dos planos espirituais, é necessário que o médium - principalmente o Doutrinador - entre em perfeita sintonia, o que significa ter elevado nível de consciência. Nos Aparás, é preciso que cada um se habitue a ouvir sua própria consciência, para adquirir maior segurança nos trabalhos. Isso se aplica mesmo àqueles que têm incorporações do tipo denominado inconsciente, pois o consciente não se apaga totalmente. Nossos êxitos ou fracassos, nossa confiança e nossa fé, enfim, nossa jornada e nossa missão estarão permanentemente sendo avaliados e sofrendo ações de nossa consciência. Através da seleção de valores, separando o que válido do que apenas é convencional, pelo conhecimento acumulado, pela constância do nosso trabalho na Lei do Auxílio,  vamos melhorando nosso grau de consciência. Quando agimos fora de nossa conduta doutrinária, quando, por qualquer motivo, infringimos as Leis, de Deus ou dos Homens, sentimos o “peso da consciência”, que nos leva a tentar remediar nosso erro, reparar nossas más ações. Quando vivemos experiências numa existência, nossa consciência as registra de forma imperecível, passando-as para nosso espírito e compondo o carma de uma nova reencarnação.

46 - JESUS PERANTE PILATOS (18; 28-40)

Depois levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era cedo de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa. Então Pilatos saiu para lhes falar e lhes disse: Que acusação trazeis contra este homem? Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos. Replicou-lhes, pois, Pilatos: Tomai-o vós outros e julgai-o conforme vossa lei. Responderam-lhe os judeus: A nós não nos é lícito matar ninguém; para que se cumprisse a palavra de Jesus, significando o modo por que havia de morrer. Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta, ou to disseram outros a meu respeito? Replicou Pilatos: Porventura sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. Então lhe disse Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho nele crime algum. É costume entre vós que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa; quereis, pois, que eu vos solte o rei dos judeus? Então gritaram todos, novamente: Não este, mas Barrabás! Ora, Barrabás era salteador.

Já concluindo  sua passagem na Terra, Jesus fala aos espíritos a Caminho de Deus, assegurando a existência da vida eterna, em um plano superior, àqueles que souberem evoluir pelo fiel cumprimento de suas missões e pela dedicação na Lei do Auxílio: o Reino de Deus. Aqueles povos só entendiam a linguagem material, só percebiam a ajuda celestial em suas conquistas territoriais e vitórias sobre inúmeros inimigos, ignorando a grandeza dos espíritos. Por isso o Grande Mestre apenas lançou grandes perspectivas em poucas palavras, o suficiente para ser entendido por espíritos daquele nível de desenvolvimento ainda muito primitivo. Em nossa Doutrina, por todo o acervo de aulas de Koatay 108 e pelo esclarecimento que nos dá a Espiritualidade Maior, conseguimos alcançar a idéia de nossas origens, de um planeta chamado Capela, a caminho do qual estamos fazendo nossas jornadas, um caminho de retorno ao lar distante que deixamos para nossa missão na Terra. Capela se constitui em uma das muitas moradas do Pai, está no Reino de Jesus. Por isso o Jaguar consciente enfrenta todas as dificuldades e desafios de suas jornadas com amor e esperança, sem dúvidas e sem temores, porque sabe que está voltando para casa. Só depende dele o seu progresso. Resgatando seus débitos, reparando seus erros e buscando a perfeita sintonia com seus Mentores, o Jaguar amplia seus conhecimentos e aperfeiçoa sua sensibilidade, no preparo do seu espírito para a grande realização – o retorno a Capela. Depois de muitos séculos e muitas vidas, pelo poder da Doutrina do Amanhecer, pelo reconhecimento da Verdade e pelo Templo de Amor que erigimos em cada coração, conseguimos ouvir Jesus e certamente, conforme o merecimento de cada um, seremos incluídos em seu reino. Para isso, cada um de nós tem o seu Dharma. Na Corrente Oriental do Amanhecer, DHARMA significa O CAMINHO.  Depois de fazer o seu Desenvolvimento, o médium que vai fazer sua Iniciação recebe seu primeiro mantra - Dharman Oxinto que tem o significado “tenho ordem divina para te colocar a caminho de Deus!”. É o princípio de uma nova jornada visando o aprimoramento do médium, o impulso inicial para realizar a missão que, por nosso Pai, lhe foi confiada. Segundo João (15; 6) Jesus disse: “EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA E NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM!” Ora, se Jesus nos diz que Ele é o Caminho, isso significa que o caminho é AMOR. E amor é entendimento e harmonia. Portanto, o caminho consiste em entender e amar, transformando esse entendimento e esse amor em AÇÃO. Nosso Caminho deve ser percorrido com consciência, buscando, a cada momento de nossa vida, cumprir o melhor possível as leis e a conduta doutrinária. A forma como nos comportamos, como vivemos e como nos vestimos, como tratamos as pessoas, como respeitamos nossos limites e os limites dos outros, como protegemos e apreciamos a Natureza, como nos dedicamos à Lei do Auxílio, não só nos trabalhos do Templo, mas onde quer que estejamos, tudo faz parte de nosso Dharma. Lembremo-nos de que “o conhecimento de que tudo é bom nos libertou do mal!”  O Homem deve ter uma religião, ligar-se a valores em escala supramaterial, procurando o equilíbrio da mente com o Universo. A única religião verdadeira existente é a vida de cada um, com suas obrigações e pessoas que o cercam. Se houver um comportamento harmonizado, amor ao próximo, sintonia com as leis de sua religião, realização de seus anseios mais íntimos, ele se sentirá feliz com aquela religião, que será como um farol guiando-o em seu caminho. Mas, se viver de mau humor, inconformado, revoltado, mergulhado em baixo padrão vibratório, incomodando os que estão ao seu redor com queixas e agressões, que religião existirá nele? Por isso é importante sermos autênticos, sermos nós mesmos, sem tentar simulações ou enganar aqueles que nos cercam. O Jaguar deve ter preocupação em ser o que realmente é, despojado de vaidade e  preconceitos, com perfeita noção do que pode ou do que deve fazer - ou não fazer!  Sim, porque há momentos em que nada fazer é melhor do que praticar ações irrefletidas ou negativas. Buscar manter seu padrão vibratório equilibrado e de forma alguma vibrar negativamente. Manter-se tranqüilo em meio à tempestade, e deixar que ela passe. De que vale a revolta, a agitação, a ira, para aplacar a fúria da tempestade? Essas cargas negativas só servem para aumento da angústia e do temor daqueles que estiverem ao seu lado. Buscar viver, permanentemente, perfeita conduta doutrinária, cumprindo e fazendo cumprir as Leis do Amanhecer, é o caminho do Jaguar. O caminho, portanto, está para dentro de nós mesmos. Pelo conhecimento, pela compreensão, pelo amor e pelo entendimento cada um deve buscar tornar-se sereno, compreensivo e amoroso, transformando-se em um foco de luz, de paz, de harmonia, distribuindo forças positivas àqueles que o cercam no lar, nos locais de trabalho, nas ruas, nas conduções, enfim, realizando os anseios de sua individualidade numa personalidade útil para a sociedade em que vive. É importante que cuide da saúde de seu corpo e de sua mente, mantendo no melhor nível que puder suas condições físicas e psicológicas, absorvendo prana, o que irá lhe proporcionar uma vida melhor e, por conseqüência, lhe dará refinada harmonia para que, através dos ensinamentos de Jesus, evolua espiritualmente, percorrendo com a maior alegria e esperança o seu caminho. Assim, concluímos que cada um é o único responsável por seu Dharma. Não adianta procurar culpados, atribuir a alguém o motivo pelas coisas más que se atravessam em seu caminho. O que acontece de bom ou de ruim depende somente de seu interior, de sua consciência, de seus sentimentos, que lhe ditarão o que fazer ou não fazer, como agir ou não agir, sentir ou não sentir. O Jaguar deve saber que prestará suas contas à Espiritualidade Maior por todos os seus atos, por todas suas omissões, principalmente o que foi feito ou deixou de ser feito por preguiça, rancor ou displicência. Cada um sabe de sua missão, de seus compromissos, devendo ter plena consciência de seu caminho. Por isso, não cabem julgamentos, críticas ou interferências na vida dos outros. Nossa obrigação é somente conosco mesmo, com nosso Dharma. Cada um deve se preocupar apenas consigo mesmo, com suas obrigações, com sua conduta doutrinária, com seus sentimentos, consciente de que cada um faz sua própria jornada, que progride, no limiar de uma Nova Era, por uma senda cada vez mais estreita e difícil, levando aquele que não estiver firme em sua Doutrina a momentos complicados e muitas vezes fatais. Nossa evolução através dos nossos caminhos nos levou à atual condição espiritual de podermos entender e aceitar Jesus. Há dois mil anos, em nossas reencarnações como galileus, judeus, gentios, romanos, persas etc., estávamos diante de Pilatos e clamamos para que libertassem Barrabás e executassem Jesus. Não havíamos atingido a evolução espiritual que nos permitisse desvendar a presença do Divino e Amado Mestre. Pilatos não via crime na pregação de Jesus mas, atendendo ao clamor dos sacerdotes e fariseus, deixou que o povo decidisse. E nós condenamos Jesus!

47 – JESUS É CONDENADO (19; 1-16)

Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo. Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e vestiram-no com um manto de púrpura. Chegavam-se a ele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas. Outra vez saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele crime algum. Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto púrpura. Disse-lhes Pilatos: Eis o homem! Ao verem-no os principais sacerdotes e os guardas, gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós outros e crucificai-o, porque eu não acho nele crime algum. Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei e, de conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus. Pilatos, ouvindo tal declaração, ainda mais atemorizado ficou, e tornando a entrar no pretório, perguntou a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Então Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso quem me entregou a ti maior pecado tem. A partir desse momento, Pilatos procurava soltá-lo, mas os judeus clamavam: Se soltas a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César. Ouvindo Pilatos estas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, no hebraico Gábata. E era a parasceve (sexta-feira) pascal, cerca da hora Sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei. Eles, porém, clamavam: Fora! Fora! Crucificai-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César! Então Pilatos o entregou para ser crucificado.
         Nos outros Evangelhos existem maiores detalhes dessa passagem, inclusive com o fato de ter a mulher de Pilatos sonhado com Jesus, que se erguia luminoso aos céus, ficando ela certa da origem divina do acusado, o que comunicou ao marido. Também relatam que Pilatos tentou passar a Herodes, o rei dos judeus, a responsabilidade de julgar Jesus. Mas Herodes era esperto, espírito bem assistido pelo Vale das Sombras, e conseguiu convencer Pilatos de que somente ele estava em condições de julgar e condenar o Mestre. Pilatos era o espírito que fora preparado para essa missão. Por isso Jesus lhe disse que nenhuma autoridade teria se não a tivesse recebido de cima, isto é, uma determinante espiritual. Alertado pela esposa, Pilatos julgava Jesus sem vontade de condená-lo, expressando várias vezes não ver crime no acusado. Mas os judeus despertaram a sua atenção para o fato de que, se não condenasse Jesus pelo crime de querer ser rei, quando somente César era reconhecido como rei, iria abalar seu prestígio em Roma. Esse argumento fez Pilatos ficar entre a consciência e a vaidade. Obedecer aos seus sentimentos e libertar Jesus ou mandar executar o acusado e agradar aos judeus e a César, reforçando sua posição política? Mais uma vez prevaleceu o orgulho e a vaidade. Incluída entre as formas de soberba, a vaidade é o desejo imoderado de atrair a atenção dos outros; presunção de quem pensa que está conquistando admiração e homenagens. O vaidoso se acha o mais sábio, o mais bonito, o mais correto, o mais bondoso e o melhor em tudo, constituindo-se no caminho mais fácil para os abismos profundos. Estimulando a vaidade, nossos cobradores conseguem influenciar nossos espíritos de forma extremamente negativa. Vemos mestres que só trabalham se estiverem no comando, ninfas que só comparecem aos rituais onde irão fazer emissão e canto, médiuns que, esquecidos da natureza espiritual de suas missões, se prendem somente aos aspectos físicos de suas atuações, perseguindo classificações e posições de destaque na Corrente, sem consciência das qualificações realmente necessárias para ocupar esses postos. Atuam somente no plano horizontal, esquecidos da Espiritualidade com que teriam que se ligar no plano vertical, que exige a simplicidade, a humildade e a perfeita conduta doutrinária. Pilatos entregou Jesus para ser crucificado.

48 - A CRUCIFICAÇÃO (19; 17-27)
        
Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico, onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos escreveu também um título e colocou no cimo da cruz; o que estava escrito era: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos judeus leram este título, porque o lugar em que Jesus fora crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego. Os principais sacerdotes diziam a Pilatos: Não escrevas Rei dos Judeus, e, sim, o que ele disse: Sou o rei dos judeus. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi. Os soldados, pois, quando crucificaram a Jesus, tomaram-lhe as vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e a túnica. A túnica, porém, era sem costura, toda tecida de alto a baixo. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sorte sobre ela para ver a quem caberá – para se cumprir a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. Assim, pois, o fizeram os soldados. E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã dela, e Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena. Vendo Jesus sua mãe e, junto a ela, o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante o discípulo a tomou para casa.

João nos dá uma visão simplificada da crucificação, diferente das citadas nos outros três Evangelhos. Isso se deve à estrutura doutrinária do Evangelho de João, que se dedica a revelar os aspectos espirituais da passagem do Mestre nesta Terra, sem se preocupar com a parte física e, especialmente, com a paixão e morte de Jesus, que tanto é explorada pela humanidade quando na Semana Santa. Na missão de Jesus, seguindo as Escrituras, seu sacrifício era necessário para despertar aqueles espíritos embrutecidos. E o que muitas religiões fazem é usar o sofrimento com a finalidade de atrair a atenção e os sentimentos dos homens. Na nossa Doutrina do Amanhecer, a figura de Cristo é o Caminheiro, e não o crucificado, pois mantemos vivo o Evangelho através de nosso trabalho, tentando seguir suas pegadas na Nova Estrada. O Mestre nos deu um exemplo de resignação ao ser maltratado pelos soldados e pelo povo, demonstrando como devemos nos abster de acusações e insultos, porque nunca poderemos julgar sem erros, uma vez que não temos a visão dos quadros nos planos espirituais e, assim, só podemos ver o que se nos apresenta neste plano físico, material. Precisamos nos cuidar, especialmente nos preocuparmos em seguir a correta conduta doutrinária, para que, com pensamentos, palavras e obras, não maltratemos Jesus, que está dentro de nós. Não vamos crucificá-lo com nossos erros, as falhas que carregamos e que, em outras religiões, são chamadas pecados. Geralmente, o termo pecado é usado para definir a transgressão de preceitos religiosos, morais e sociais, sendo inerente aos espíritos menos desenvolvidos, com padrão vibratório muito negativo e gerando aura densa, propiciando, por afinidade, a atuação do Vale das Sombras. É, na verdade, o exercício de uma ação livre, originada na sede do “Eu”, que se opõe à própria Natureza e à Lei Crística, determinando, pela Lei de Causa e Efeito, retorno com perturbações do equilíbrio, da harmonia e, consequentemente, com sofrimento. Desde os tempos bíblicos, o pecador  era aquele que violava o costume dominante, que perturbava a ordem da comunidade. O sentido de pecado não existe na nossa Corrente. Para nós, o pecado é uma transgressão da Lei Divina, vindo a ser, por extensão, algo contrário à moral, à ética e à sociedade. Sabemos que tudo decorre de situações criadas pela individualidade e que são projetadas na personalidade, sendo, assim, deficiências do estágio espiritual do indivíduo, induzidas por sua própria mente ou sugestionadas por cobradores. O pecado difere do simples erro porque é consciente. A pessoa sabe que está errada, sua consciência a acusa, mas, por diversos motivos, ela continua vivendo a sua transgressão. Não é fácil libertar o pecador. Muitos trabalhos, muitas vibrações direcionadas a ele, tudo ajuda mas é preciso que ele mesmo se conscientize de seus erros para, então, começar a se aproveitar de qualquer ajuda. Foram listados, desde a antigüidade, os Sete Pecados Capitais: 1) AVAREZA – Apego demasiado ao dinheiro e às coisas materiais, gerando a falta de generosidade e a mesquinhez. É o amor descontrolado pelas riquezas, especialmente pelo dinheiro, causando o apego à posse do dinheiro por si mesma. Tem três componentes básicos: um interior – o apego desordenado – e dois exteriores – a busca sôfrega e a retenção tenaz. Opõe-se à prodigalidade e à virtude da liberalidade. Estimula a ligação dos espíritos, após o desencarne, com objetos e outros valores puramente materiais aos quais se apegaram quando ainda em vida. 2) GULA – Satisfação descontrolada do sentido do paladar e apego excessivo à comida e à bebida. O Homem fica escravo das lautas refeições, exagera  na quantidade e na qualidade da sua alimentação, desperdiçando tempo e dinheiro na satisfação de suas exigências alimentares. A gula gera degeneração da sensibilidade espiritual e euforia descontrolada. 3) INVEJA – Pesar ou desgosto pela felicidade e realizações dos outros e desejo violento de possuir bens de outras pessoas ou receber honrarias e prêmios conquistados pelos outros. Induz o Homem a ficar triste com o bem ou a se alegrar com o mal de seus irmãos, levando-o a atos desastrosos, a destruir vidas e faz com que ele busque anular ou inutilizar os esforços de progresso moral e material daqueles que estão ao seu redor. A inveja é poderoso veneno que destrói a mente por sua própria vibração: aquele que é invejoso, ao desejar a queda de seu irmão, emite uma vibração de ódio que, pela Lei de Causa e Efeito, a ele retorna, com a mesma intensidade, fazendo com que sua vida se torne um rosário de dores. Complexado e desajustado, o invejoso tenta destruir o que seu irmão conseguiu, o que ele gostaria de conseguir mas não tem capacidade nem  força de vontade para tal. O invejoso é o Homem sem potencial e sem confiança que deseja, apenas, ver-se livre daquele que, a seu ver, obstrui sua personalidade vazia. Não admite que alguém realize alguma obra de valor, que alguém se destaque, enfim, só pensa em sua própria projeção. A inveja é uma falha na própria individualidade, que se projeta na personalidade, fazendo com que o Homem se torne incapaz de assimilar as condições básicas de convivência e de fraternidade. 4) IRA – Cargas de ódio, raiva, indignação, rancor, desejos de vingança -  características de um sentimento negativo que impele o indivíduo a causar ou desejar mal a alguém, propensão muito acentuada nos espíritos de baixo padrão vibratório para a violência e a vingança.  É uma reação violenta e desordenada para com pessoas, animais, seres inanimados e objetos, que são causadores de algum tipo de contrariedade para quem emana o ódio. Este sentimento é altamente prejudicial para o próprio ser, causando seu aviltamento e traduzido por palavras, gestos e pensamentos pouco dignos, moralmente condenáveis, levando a tristes quadros. Quantos espíritos desencarnam no ódio, e ficam presos, por suas próprias vibrações, em pesadas camadas, vibrando naqueles a quem odeia, muitas vezes se transformando em elítrios e perdendo várias encarnações pela cegueira de que são acometidos. Cobradores e obsessores vivem nestas baixas vibrações, e muitos são atraídos pela energia emanada pelo Homem encarnado que vibra seu ódio, complicando seu quadro e gerando fantástica força negativa, de alto poder destruidor. 5) LUXÚRIA – Dissolução de costumes morais, devassidão, corrupção, gerando assédios sexuais e prostituição. Uso diversificado das funções sexuais, buscando tão somente um sentimento erótico-emotivo, afastado da razão e da pureza do sexo natural e harmônico. Tradicionalmente incluem-se como espécies de luxúria: fornicação, estupro, rapto, adultério, incesto, sacrilégio, onanismo, masturbação, homossexualidade e bestialidade. Com o desenvolvimento de estudos modernos, a lista diminuiu, por conta do aprofundamento dos componentes psicodinâmicos de cada um desses tipos de atividade sexual. Separada dos sentimentos do espírito, a luxúria revela apenas aspectos do desvio sexual, que passa a ser apenas atividade instintiva. 6) SOBERBA – Arrogância, orgulho excessivo, presunção, sentir-se superior aos demais, olhar todos como se estivesse muito acima deles. É o amor desordenado de si mesmo, que produz uma vibração extremamente negativa, impedindo o sentimento de solidariedade e de compaixão. Tem, conforme suas características, diversas formas de manifestação: presunção – julgar-se acima do que realmente é; ambição – perseguir honras e posições indevidas; vanglória – exibicionismo da própria excelência, real ou imaginária; vaidade – a preocupação exibicionista com coisas de  pequena importância; jactância – exagero das palavras na ação de feitos reais ou imaginários; ostentação – exagero das ações e demonstrações de posses e riquezas materiais; e hipocrisia – simulação de virtudes e  sentimentos. 7)  VAIDADE – Embora incluída entre as formas de soberba, a vaidade assume destaque como um pecado largamente difundido, do qual já falamos no item anterior, comentando a posição de Pilatos. Jesus sofreu muito nesta passagem, porque sentia as vibrações violentas dos judeus e dos guardas romanos que, enfurecidos, agrediam-no. Essas agressões também fazemos nós ao nos entregarmos às vibrações negativas e atitudes violentas. Os guardas, embora espíritos rudes, sentiram a emanação da túnica e decidiram, pelos dados, quem ficaria com ela, pois não a quiseram rasgar. E num último ato de amor, Jesus confiou Maria, sua Mãe, a João, o discípulo amado, seu irmão espiritual, que dela cuidaria por muitos anos ainda, em Éfeso.

49 - A MORTE DE JESUS (19; 28-42)

Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede! Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre uma esponja e, fixando-a num caniço de hissope, lha chegaram à boca. Quando pois Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito. Então os judeus, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação, pois era grande o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Os soldados foram e quebraram as pernas do primeiro e ao outro que com ele tinham sido crucificados; chegando-se, porém, a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que isto viu, testificou, sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais. E isto aconteceu para se cumprir a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado. E outra vez diz a Escritura: Eles verão aquele a quem traspassaram.  Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. Pilatos lho permitiu. Então foi José de Arimatéia e retirou o corpo de Jesus. E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro. No lugar onde Jesus fora crucificado havia um jardim e, neste, um sepulcro novo, no qual ninguém tinha sido ainda posto. Ali, pois, por causa da preparação dos judeus, e por estar perto o túmulo, depositaram o corpo de Jesus.
      
         Maltratado até o último alento, Jesus teve seu corpo recolhido por José de Arimatéia, membro do Sinédrio, pessoa de elevada posição social, que se recusara a condenar Jesus. O que sabemos é que se tratava de espírito de elevado grau de evolução, sendo assistido diretamente pela poderosa força dos Himalaias, e que solicitou discretamente a Pilatos poder sepultar o corpo do Mestre. Obteve a permissão e, junto com Nicodemos, preparam um enterro típico dos judeus, e colocaram o corpo no sepulcro que José de Arimatéia havia adquirido para si próprio. Embora em Jerusalém haja uma capela do Santo Sepulcro, atualmente administrada por quatro linhas cristãs, que, por tradição, marca o local onde Jesus foi enterrado, ainda existem dívidas sobre o verdadeiro sepulcro do Mestre. Na Doutrina do Amanhecer não nos preocupamos com a exatidão física da palavra, e sim com seu aspecto espiritual. Não importa o lugar certo em que ocorreram esses fatos, pois nossa atenção se volta para o fato em si, independentemente do tempo e do espaço. É importante o Evangelho por tudo que traz para o nosso espírito apreender e absorver, deixando os detalhes físicos e penetrando no conhecimento das palavras de Jesus. Na caminhada para dentro de nós mesmos, que é o objetivo da Doutrina, vamos firmando nossos passos na medida em que nos conscientizamos do Sistema Crístico, que nos aplicamos na Lei do Auxílio e que aprimoramos nossa capacidade de manipulação de múltiplas forças. Koatay 108 nos disse que onde poderíamos viver sem medo, com a mente erguida, era na Doutrina do Amanhecer, onde o saber é livre!  Também nos explicou que quem entra nesta Corrente se torna um Jaguar e se assemelha a um viajante que atravessa uma região nunca antes percorrida, caminhando, sem guia, confiante em sua formação e entregue à sua perspicácia, com sua mente aberta e a visão ampliada de todo o Universo que o cerca. Na realidade, nossa Doutrina, se aprendida com dedicação e amor, nos revela conhecimentos que nos fazem felizes, mesmo quando aos olhos do mundo, deveríamos estar desesperados e sofrendo. O toque da Iniciação Dharman Oxinto equilibra nosso plexo, energiza nossos chakras e nos torna mansos como a pomba e sagazes como a serpente! Para nós, Deus é a Verdade Absoluta e não procuramos defini-lo e nem temos preocupação com isso. Não nos atrevemos a dizer que Deus tem essas ou aquelas qualidades, que gosta ou não gosta disso ou daquilo, que assume essa ou aquela forma. Nosso caminho é a Nova Estrada, onde trilhamos porque acreditamos ser Jesus de Nazareth o portador da Verdade, que nos levará a Deus. Jesus edificou a Escola do Caminho, estabelecendo um perfeito sistema que nos chegou através dos Evangelhos, pelo qual sabemos, percebemos e sentimos tudo o que precisamos a respeito de Deus, não sendo necessário desgastar nossas energias especulando a natureza de Deus. Ela é implícita e tranqüila em nossa vivência crística. Nossa Doutrina se resume nas três proposições básicas de Jesus: AMOR, TOLERÂNCIA e HUMILDADE - que constituem os três Reinos de nossa Natureza. Com a aplicação deste princípio o Homem consegue reformular sua existência, atenuando seu carma, sendo útil e utilizando seu potencial mediúnico para a ajuda de irmãos encarnados e desencarnados, na Lei do Auxílio. O convite para entrar na Doutrina, para o primeiro passo no Desenvolvimento daquele ser que se debate na vida, ignorando as forças que atuam em sua mediunidade causando-lhe dores e sofrimento, só deve ser feito por  uma Entidade de Luz, em seu atendimento nos Tronos. Nosso cuidado com isso deve ser imenso, pois temos a tendência a querer que as pessoas que estão sofrendo, enfrentando graves problemas físicos e espirituais, ingressem na Corrente, com a intenção de ajudá-las em seus caminhos cármicos, desfrutando dos benefícios e graças que tanto vimos acontecer. O Homem, em sua jornada, tem como dever lutar por tudo aquilo que deseja, dentro de seu livre arbítrio, tanto em sua vida material, buscando o conforto e bem-estar daqueles que lhe foram confiados, como na sua vida religiosa. A sua mente precisa irradiar sua força e seu amor em todos os sentidos, como um sol radiante emite seus raios. Aquele que estaciona, se acomoda, para de lutar e se conforma com sua vida torna-se irrealizado. O conformismo é o símbolo da derrota do espírito. O Homem deve ter sempre, em sua mente, a consciência de que jamais encontrará tranqüilidade na Terra. Convidar um ser humano a abandonar a luta seria o mesmo que sugerir que se suicidasse. Mas permitir que ele prossiga sua luta sem saber o que está fazendo, sem se conscientizar do poder mediúnico de que dispõe, deixando-o entregue à perda da oportunidade reencarnatória, é lhe propiciar o suicídio do espírito! Temos que nos conter, pois não cabe a nós fazer esse convite. Podemos ajudar, vibrar com amor, mas temos que deixar que ele chegue até nós por sua própria iniciativa. Na Doutrina do Amanhecer ele vai aprender a trilhar a Nova Estrada e se surpreender ao sentir que caminhará para dentro de si mesmo, descortinando um mundo maravilhoso que existe no seu interior, tornando mais sensível sua percepção do Universo que o rodeia, analisando e compreendendo as palavras e as ações daqueles que estão ao seu redor, aprendendo a manipular todo o maravilhoso arsenal de energias de que poderá dispor pela correta aplicação de sua mediunidade. Nossa Doutrina é diametralmente oposta aos conceitos vigentes na fase atual de nosso planeta, onde se propaga a idéia de que o mundo é como é e não como nós o vemos, o que gera angústia pela insegurança do Homem, que deixa de perceber o Universo pela sua sensibilidade e passa a escravo do que lhe é dito e ensinado, anulando sua individualidade, massificando-o de forma a torná-lo simples personalidade padronizada, apenas uma parcela do coletivo. Aqui aprendemos que o Universo está de acordo com o dimensionamento da consciência de cada um, que tomará suas decisões com base nos estímulos originários de três fontes:  física - o corpo; psicológica - a alma; e espiritual - o espírito. E não ficará réu de qualquer julgamento. Na nossa Doutrina não preconizamos formas de comportamento, aceitando cada pessoa como ela é, sem qualquer tipo de discriminação. Pobre ou rico; preto ou branco; analfabeto ou diplomado; feio ou bonito; simpático ou feroz; nada influi, porque o conhecimento de si mesmo nivela todos. Quanto pior for a situação de um ser humano, tanto em relação a si mesmo como ao meio em que vive, maior nossa necessidade de recebê-lo com amor e tolerância. Só com essa aceitação, sem julgamentos, críticas ou recriminações, poderemos proporcionar meios para que possa se reequilibrar. Só com amor podemos despertar sua capacidade de amar;  só com tolerância lhe abriremos a oportunidade para se reencontrar. E o amor e a tolerância só podem existir se houver humildade! Ao ingressar na Corrente do Amanhecer aquele ser humano vai adquirindo uma Doutrina que lhe permite ampliar  os conhecimentos de si mesmo e do Universo, aprendendo a melhor sobreviver e a melhorar sua convivência com os demais, ao mesmo tempo em que modifica suas atitudes, ações e reações, buscando o aperfeiçoamento de seu comportamento com base nas normas estabelecidas pela Espiritualidade na conduta doutrinária.  Embora separando a conduta doutrinária da conduta individual, sabemos que existe uma ligação muito sutil entre as duas. A conduta doutrinária não fica restrita ao Templo nem aos trabalhos: ela nos envolve e aprimora, devendo ser obedecida a cada momento de nossas vidas, seja onde for. Ela é a base, o alicerce da evolução mediúnica. Cada um receberá de acordo com o seu merecimento, pela dedicação aos trabalhos, e por sua conduta doutrinária. Todos os trabalhos existentes em nossa Corrente foram trazidos através de Leis ditadas pela Espiritualidade Maior, que também determinou as formas, as cores, os uniformes e indumentárias, nada havendo no Templo e nos demais locais de nossos trabalhos que tenha sido aplicado pela vontade de Koatay 108 ou de quem quer que seja neste plano físico. A Doutrina do Amanhecer é uma Linha Branca Oriental, trabalhando energias da Corrente Indiana do Espaço e das Correntes Brancas do Oriente Maior, sob o comando supremo de Pai Seta Branca, o Simiromba de Deus, cuja Falange está distribuída estrategicamente pelos diversos planos do Sistema Crístico, desde os mais sutis, com a mais elevada faixa vibratória, até os densos, físicos, de baixo padrão vibratório.  Consideramos que a razão básica pela qual uma pessoa precisa se desenvolver, ingressando na Doutrina, é seu equilíbrio pessoal, proporcionado pela realização do seu programa reencarnatório, feito com sua anuência, antes de seu nascimento. A mediunidade foi a arma que Deus lhe deu para se defender e agir. Conforme o uso que fizer dela, poderá ferir-se a si mesmo. Logo que iniciar seu Desenvolvimento na Corrente, é revelada sua mediunidade: Apará, se for médium de incorporação, ou Doutrinador. Aquele que se dedica à Lei do Auxílio, na Doutrina do Amanhecer, e busca dentro de si mesmo o conhecimento das leis universais e das energias que nos envolvem, tende a cumprir melhor a jornada de sua Vida e desvenda os mistérios da Morte. Sua mente se torna mais clara,  suas decisões são mais firmes,  suas ações e reações são mais seguras, suas dores são menos sofridas! Melhoram sua convivência porque passam a vibrar o Bem e a receber boas vibrações. Já nos foi dito que podemos avaliar nossa posição neste nosso Universo, a cada momento, pelo balanço entre as vibrações positivas e negativas que nos atingem. Outro ponto importante, na Doutrina, é quanto a dificuldades que aparecem no caminho daquele que está começando a trilhar a Nova Estrada. Para ilustrar, vamos pensar uma situação material: eu estou devendo um bom dinheiro a diversas pessoas, mas estou em situação terrível, sem nada, morando debaixo de uma ponte. É claro que nenhum dos meus credores vai se abalar, gastando tempo e dinheiro para me cobrar, pois sabem que não tenho como pagá-los. Um belo dia, lêem nos jornais que ganhei uma vultosa loteria. Imediatamente, farão fila diante de mim, querendo receber o que lhe devo. Na nossa jornada, temos cobradores, espíritos que há séculos se perderam no ódio e na vingança, que pretendem que paguemos pelo mal que lhes causamos. Ora, enquanto não temos uma doutrina, sofremos, caímos, mas não temos como pagar esses débitos transcendentais. Podem até se passar algumas reencarnações, mas não encontramos nossa meta. Ao começar numa doutrina, como a do Amanhecer, vamos tendo consciência e adquirindo bônus, que já nos permitem alguns resgates, poucos a princípio, mas crescendo conforme vamos caminhando com nossos trabalhos na Corrente, progredindo conforme nossas consagrações. Nesta fase, cientes de que já estamos em condições de resgatar alguns desses débitos, os espíritos cobradores chegam até nós, para o reajuste. E isso não acontece somente no plano espiritual. Muitos de nossos cobradores encarnados também iniciam seus reajustes, o que leva muitos a pensarem que a vida se complicou simplesmente porque entraram para a Doutrina. Pela consciência e pelo conhecimento, o Homem em desenvolvimento saberá fazer a distinção dos fatos e situações que o envolveram em decorrência de seus atos em outras encarnações, dando mais firmeza em seus passos na Nova Estrada. Em nossa Doutrina temos a assistência de diversos Espíritos de Luz: Pretos Velhos, Caboclos, Cavaleiros de Oxosse, Médicos do Espaço, Povo das Águas,  Grandes Arcanos, Cavaleiros de Oxan-by, Ministros, Cavaleiros e Guias Missionárias que nos dão proteção e nos ajudam a cumprir nossos trabalhos e nossas metas cármicas, com amor e tolerância. Cumprimos e devemos zelar pelo cumprimento das Leis que nos regem, trazidas por Tia Neiva juntamente com suas mensagens e instruções, que formam a estrutura da Doutrina. O Jaguar, assim chamado o médium do Amanhecer porque porta a força da Terra, é burilado, por seu trabalho na Lei do Auxílio, como uma pedra tosca que se transforma em fulgurante diamante, tornando-se uma espada viva e resplandecente a brilhar por todo o Universo. Sempre atento, sempre alerta, é a força viva da Doutrina do Amanhecer. Aqui, aprendemos a amar ao próximo como a nós mesmos, respeitando a vida de cada um, sem julgamentos e sem preconceitos, na certeza de que aquele que cumpre suas obrigações com as pessoas que o cercam, que tem um comportamento harmonizado, dentro da conduta doutrinária, com amor em seu coração, se sentirá feliz e realizado na Doutrina do Amanhecer. Todavia, aquele que não assimila os ensinamentos, vivendo no mau-humor, inconformado e revoltado, mergulhado na inveja e no ciúme, emitindo baixas vibrações, incomodando todos com suas queixas e agressões, certamente não se realizará nesta Corrente, pois que Doutrina poderá existir nele? 

50 - A RESSURREIÇÃO DE JESUS
 (20; 1-18)
             
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida. Então correu e foi  ter com Simão Pedro e com o outro discípulo a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram. Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro. Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e abaixando-se, viu os lençóis de linho; todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus e que não estava com os lençóis, mas deixado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu. Pois ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar ele dentre os mortos. E voltaram os discípulos outra vez para casa. Maria, entretanto, permanecia junto à entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava, abaixou-se e olhou para dentro do túmulo, e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e outro aos pés. Então eles lhe perguntaram: Mulher, por que choras? Ela lhes respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. Tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus. Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, supondo ser ele o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dizes-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse em hebraico: Rabôni! Que quer dizer Mestre. Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com meus irmãos e dizes-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus. Então saiu Maria Madalena anunciando aos discípulos: Vi o Senhor! E contava que ele lhe dissera estas coisas.

         Os outros Evangelistas dão visão mais detalhada dessa passagem, inclusive relatando que Maria Madalena e mais duas mulheres chegaram ao sepulcro no momento em que ocorria um abalo sísmico e a pedra que lacrava a tumba se deslocou. Houve, também, a presença de dois Espíritos de Luz, que anunciaram a ressurreição de Jesus. Mas João relata de forma simples e direta o fenômeno que iria confirmar a natureza divina do Mestre, que teve que morrer como um ser humano, assim como tivera que nascer como qualquer outro homem, para que os espíritos da época entendessem, sem escândalos, a sua missão. Os guardas romanos que estavam diante do sepulcro testemunharam o desaparecimento do corpo, e correram aos sacerdotes para relatar o fato surpreendente, pois montaram guarda o tempo todo e nada haviam notado de estranho. Com medo de que a verdade fosse divulgada, os judeus deram moedas aos guardas para que dissessem que, durante a noite, os discípulos de Jesus haviam arrebatado seu corpo e sumiram com ele. Essa vontade de negar a ressurreição do Mestre permanece até hoje, quando procuram montar um quadro de farsa e falsidade, alegando que Jesus não estava realmente morto e deixara o sepulcro nas sombras da noite, ajudado pelos discípulos. Existem, sempre, contestadores que procuram explicar os fenômenos à luz de uma pseudo ciência, esquecidos de que, na verdade, a fé e a ciência caminham juntas. A fé é o resultado do conhecimento e da confiança. Pelo conhecimento das leis que, do plano etérico, nos foram trazidas, e pela confiança nos ensinamentos que nos chegaram pelas palavras de Jesus, porque Ele nos trouxe uma Nova Estrada, com verdades reveladas à luz natural da razão, que por sua origem divina não pode se enganar e nem nos enganar. Durante a vida na Terra, Jesus nunca teve uma constituição física, um plexo físico, pois sua natureza divina não precisava do invólucro que os espíritos reencarnados utilizam como instrumento. Ao se apresentar a Maria Madalena, não foi por ela imediatamente reconhecido, pois demonstrava uma vibração e uma aparência que Maria, ainda presa de grande emoção, não conseguiu identificar. Logo, Maria se maravilhou com Jesus ressuscitado e correu a relatar aos discípulos o que acontecera.

50 - JESUS APARECE AOS DISCÍPULOS
(20; 19-29)

Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos, com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz esteja convosco! E dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo! Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos. Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe então os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir em suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado, de modo algum acreditarei. Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos e Tomé com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz esteja convosco! E logo disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!

         A materialização do Mestre devia ter um aspecto esplendoroso, algo diferente daquele que apresentara em sua jornada na Terra, porque, da mesma maneira como Maria Madalena não o reconhecera prontamente, aos discípulos Jesus se identificou mostrando os estigmas nas mãos, bem como a ferida feita pela lança. Demonstrando todo o seu divino poder, entregou a sublime missão aos seus discípulos, como nós, na Doutrina do Amanhecer, recebemos diretamente do Céu a condição de missionários de Jesus. De modo geral, os médiuns que se desenvolvem e se tornam mestres de nossa Corrente, são missionários. Por seguirem a Igreja de Cristo, obedecendo ã base de amor, tolerância e humildade, existem milhares de missionários, Espíritos de Luz que reencarnam para cumprir determinada missão, nesta ou em outras Doutrinas, para auxiliar a Humanidade a encontrar os caminhos do Bem. São cientistas, médicos, professores, magistrados, enfim, ocupam lugares de destaque na sociedade para cumprir a sua missão. Existem muitos, também, que nascem em uma família cármica, para ajudar os reajustes que seus componentes têm que enfrentar. Nossos filhos, de modo geral, são compostos por cobradores, que vêm fazer seus reajustes, e, de acordo com nosso merecimento, por geralmente um missionário, que vem nos amparar e nos dar força nos momentos difíceis que temos com os demais. Para desespero dos que convivem com ele, o missionário normalmente tem vida não muito longa, desencarnando tão logo atinja os objetivos que o levaram a reencarnar. Mas isso vai depender de sua missão. Existem casos de missionários que viveram muitos anos na Terra, exemplos de dedicação e amor a serem observados pelo Homem que, pelo avanço tecnológico, tem como apreciar esses irmãos através dos meios de comunicação, aprendendo os caminhos do Evangelho. Com a proximidade da Nova Era, muitos espíritos surgiram como portadores de verdades até então ocultas, de crenças revividas de remota antigüidade, dizendo-se missionários de Deus. Sobre isso Jesus nos advertiu (Mateus, 7; 15 a 23): “Guardai-vos dos falsos profetas que vêm a vós com vestes de ovelhas e, dentro, são lobos rapaces. Pelos seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem uvas de espinhos ou figos de abrolhos? Assim, toda árvore boa dá  bons frutos e a árvore má dá  maus frutos. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bom fruto será cortada e metida no fogo. Assim, pois, pelos frutos deles conhecê-los-eis. Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus; mas o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, este sim, entrará no Reino dos Céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, porventura não profetizamos em teu nome, e em teu nome não expelimos os demônios, e em teu nome não operamos prodígios? E eu então lhes direi: Pois eu nunca vos conheci. Apartai-vos de  mim, que operais a iniquidade!” Por isso, temos que ter muito cuidado ao ler, ver e ouvir as coisas que surgem neste período de transição. Koatay 108 nos explicou que, em muitos casos, Pai Seta Branca coloca um Jaguar num determinado cargo ou função, em locais perturbados por ações de diversas naturezas, para que ele possa, ali, ser um ponto de força para os trabalhos que precisam ser feitos em benefício de todos. Nas repartições governamentais, presídios, hospitais, grandes empresas, e, enfim, onde haja muita gente, onde haja muita coisa importante a ser feita, sempre encontramos um Jaguar, um missionário em seu posto, manipulando e distribuindo forças em benefício daqueles espíritos, encarnados e desencarnados, que estão ao seu redor.

51 - O OBJETIVO DESTE EVANGELHO
 (20; 30 E 31)

 Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

João nos fala dos outros Evangelhos, com relatos mais extensos e detalhes registrados pelos outros autores, que tiveram o objetivo de nos dar mais confiança em nossas missões. Ter confiança é ter fé, esperar, acreditar que tudo o quanto aprendemos em nossa Doutrina, com Tia Neiva e com nossos Mentores, corresponde à Verdade que veio de Deus Todo Poderoso pelas palavras de Jesus. Do conhecimento progressivo das Leis que nos regem, da atuação da Espiritualidade Maior, do desempenho que                                                                                                                                                          vamos tendo no cumprimento de nossa missão, vamos criando, em nosso íntimo, a confiança em nós mesmos e nos Mentores que nos protegem e nos ajudam em nossa jornada. Se nos esforçarmos para dar o melhor de nós, agindo sempre dentro da conduta doutrinária, devemos confiar na Espiritualidade, sabendo que receberemos o que precisarmos, conforme nosso merecimento. Nossos bons ou maus momentos, nossas dificuldades e provações são apenas conseqüências de nossos atos transcendentais, de nosso carma, da Lei de Causa e Efeito. Nada há a reclamar de quem quer que seja. Nossa felicidade ou nosso desastre depende de nós mesmos. Nosso Céu e nosso Inferno dependem de nossa criação própria. Por isso, há coisas que temos que passar, de uma forma ou de outra. Se trabalharmos com amor, vivermos pautados pela conduta doutrinária, com tolerância e humildade, podemos cofiar na ajuda superior, que eliminará ou diminuirá algumas passagens cármicas. Caso contrário, só não existirá aquela proteção, e teremos que enfrentar esses difíceis trechos entregues a nós mesmos, com todo o impacto e conflitos que plantamos no passado. Assim, conscientes de que estamos fazendo o melhor possível para retribuir essa grandeza que nos rege, temos que confiar na ajuda que sempre teremos, entrando em crises e passagens estreitas, na certeza de que iremos receber as palavras e as vibrações dessas Entidades de Luz, sem revoltas ou desesperanças, sabendo que estamos colhendo apenas uma pequenina parcela do mal que plantamos.

52 - JESUS APARECE A SETE DISCÍPULOS
 (21; 1-23)

Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos discípulos junto do mar de Tiberíades, e foi assim que ele se manifestou. Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e mais dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe os outros: Também vamos contigo. Saíram e entraram no barco, e naquela noite nada apanharam. Mas ao clarear da madrugada, estava Jesus na praia; todavia os discípulos não reconheceram que era ele. Perguntou-lhes Jesus: Filhos, tendes aí alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. Então lhes disse: Lançai a rede à direita do barco, e achareis. Assim fizeram, e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes. Aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! Simão Pedro ouvindo que era o Senhor, cingiu-se com sua veste porque se havia despido, e lançou-se ao mar; mas os outros discípulos vieram no barquinho puxando a rede com os peixes; porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados. Ao saltarem em terra viram ali umas brasas e em cima peixes; e havia também pão. Disse-lhes Jesus: Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar. Simão Pedro entrou no barco e arrastou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e, não obstante serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Porque sabiam  que era o Senhor. Veio Jesus, tomou o pão e lhes deu, e de igual modo, o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos discípulos, depois de ressuscitado dentre os mortos. Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar. Acrescentou-lhe: Segue-me. Então Pedro, voltando-se, viu que também o ia seguindo o discípulo a quem Jesus amava, o qual na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus, e perguntara: Senhor, quem é o traidor? Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: E quanto a este? Respondeu-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me. Então se tornou corrente entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não morreria. Ora, Jesus não dissera que tal discípulo não morreria, mas: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?

         Jesus determina a missão de Simão Pedro e também a de João, encarnação de nosso Pai Seta Branca, Espírito de Luz que conduziria milhares de espíritos em suas diversas passagens neste planeta. Pai Seta Branca é um dos nomes recebidos pelo luminoso espírito de Oxalá, irmão espiritual de Jesus, Orixá poderoso que preside todo o desenvolvimento cármico do nosso planeta, a quem foi dada a missão de espiritualizar o Homem. É o grandioso guardião do Oráculo de Simiromba, que administra todo o potencial de forças que agem e interagem na Terra. Simiromba significa, em nossa Corrente, “Raízes do Céu”, e Pai Seta Branca é o Simiromba de Deus! De seu Oráculo, Simiromba realiza toda a grandeza presente em nossos trabalhos. Chegou aqui, liderando a missão dos Equitumans, quando ficou conhecido como Jaguar, e dos Tumuchy. Na condição de espírito irmão de Jesus, foi seu mais amado discípulo – João, que escreveu o IV Evangelho e o Apocalipse. Oxalá retornou no século XII, na Itália, como Francisco de Assis, junto com sua alma gêmea - Mãe Yara - como Clara de Assis, desenvolvendo magnífica obra dentro da Igreja Católica Apostólica Romana, criando a Ordem Franciscana, implantando as bases de sua Doutrina: Amor, Humildade e Tolerância, idéias das quais os Homens estavam afastados. Foi em reencarnação como Manco Capac que fortaleceu as raízes andinas. Na época da conquista da América, no século XV, Oxalá era o grande cacique de uma tribo Inca, estabelecida em Machu-Pichu, tendo recebido o nome de Seta Branca por causa de sua lança armada com a presa de javali. Com as conquistas espanholas na região andina, houve uma ocasião em que os espanhóis chegaram nas proximidades daquela tribo, ameaçando-os. Seta Branca e seus oitocentos guerreiros aguardavam os invasores em um descampado. Quando estavam próximos para iniciar a batalha, Seta Branca começou a falar, ao mesmo tempo em que, com sua seta branca nas mãos, fazia como que uma oferenda aos céus. Sua voz ressoava por toda aquela região,  gerando campo de forças que trouxe um clima de paz e tranqüilidade o qual influenciou todos aqueles corações. Guerreiros dos dois lados sentiram aquela emanação, e foram se ajoelhando. Seta Branca terminou sua invocação, trouxe sua seta até o plexo, e ficou em silêncio, de cabeça baixa, aguardando os acontecimentos. Os espanhóis foram se levantando e abandonando o campo, e retornaram para seus acampamentos, no oeste, sem qualquer confronto. Os Incas retornaram à sua cidade, sentindo o poder do amor sobre a força bruta. E ali viveram por muitos anos ainda, totalmente isolados. Esses espíritos retornaram no limiar do Terceiro Milênio, liderados por Oxalá, na roupagem de Pai Seta Branca, tendo como líder, no plano físico, Tia Neiva, que reuniu os Jaguares sob a Doutrina do Amanhecer. O aniversário natalício de Pai Seta Branca é reverenciado no dia 14 de fevereiro. Mensalmente, no primeiro domingo de cada mês, no Templo-Mãe, faz-se o ritual da Bênção de Pai Seta Branca, quando quatorze ninfas se revezam na incorporação do Pai, dando a bênção a centenas de pacientes e mestres, com a presença de Ministros que incorporam em Ajanãs.

53 - O TESTEMUNHO DE JOÃO (21;24 E 25)

Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas, e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.

Este o Evangelho de João, com os comentários que achamos pertinentes fazer, para que se pudesse tornar o EVANGELHO DO JAGUAR. Muita coisa mais foi escrita por Mateus, Marcos e Lucas, e é sempre aproveitável a leitura desses Evangelhos, porque, como acontece com cada um de nós, dependendo da situação em que estivermos, vamos entender e absorver melhor as palavras do Divino e Amado Mestre Jesus. Lendo e relendo as passagens do Novo Testamento, meditando, buscando manter-se em equilíbrio e mediunizado, dentro da conduta doutrinária, o Jaguar mantêm-se em desenvolvimento contínuo, praticando o amor e a misericórdia, tornando-se verdadeira fonte de água viva.

PARTE II
AS EPÍSTOLAS DE JOÃO

As três cartas de João Evangelista são apenas exemplos que conseguiram escapar da destruição e dos extravios. Podemos notar a confirmação de diversas passagens do seu e de outros Evangelhos, em simplicidade de linguagem e estilo apropriadas para a época, mas sempre fixando a idéia do amor de Jesus e a importância de nos amarmos uns aos outros. Temos, na 1ª Epístola, um reforço do início do Evangelho, com referência ao pecado e à confissão, entendido que esta seria feita diretamente a Deus, pelo reconhecimento de nossos erros. Assim, não existe o intermediário entre nós e Jesus, não temos que confessar a ninguém nossas faltas, porque Deus nos ouve, nos julga e nos atende, de acordo com o nosso merecimento, a qualquer hora e em qualquer lugar. Foi o próprio Jesus que nos assegurou ser ele o caminho, a verdade e a vida, e ninguém iria ao Pai senão por ele. Fica bem explícito, quando fala da intercessão, que Jesus é o único intermediário entre nós e o Pai. João nos fala, também, dos filhos de Deus e dos filhos do diabo, dos anticristos e dos falsos profetas, fazendo um conjunto de idéias muito importantes, principalmente para os mestres Doutrinadores. Na 2ª Epístola, João nos adverte sobre os perigos de ultrapassarmos a Doutrina, isto é, como vemos acontecer com alguns Jaguares, complicam as coisas simples, porque o Sistema Crístico é muito simples, embora profundo, e se perdem pela vaidade de querer demonstrar pseudo verdades que só existem na cabeça deles. Modificam leis, alteram rituais, esquecidos de que Koatay 108 sempre nos alertou para o risco que corremos de, se não cumprirmos as leis, nada realizar no plano espiritual. Na 3ª Epístola podemos sentir que o problema da arrogância e prepotência é tão antigo quanto o homem. João se refere aos feitos de Diótrefes, e vemos, refletido nos dias de hoje, situação análoga em alguns mestres que conduzem povos nos Templos do Amanhecer. Possam chegar a eles essas longínquas palavras e conselhos de João Evangelista. Salve Deus!
PRIMEIRA EPÍSTOLA

PRÓLOGO. O VERBO DA VIDA E A COMUNHÃO COM DEUS (1; 1-4)
O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.
DEUS É LUZ. O PECADO, A CONFISSÃO, O PERDÃO, A PROPICIAÇÃO
(1; 5-10 E 2; 1-6)
Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é Luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na Luz, como ele está na Luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai: Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço - e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele. Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.
O ANTIGO E O NOVO MANDAMENTOS: O AMOR FRATERNAL (2; 7-11)
Amados, não vos escrevo mandamento novo, senão mandamento antigo, o qual, desde o princípio, tivestes. Esse mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas se vão dissipando, e a verdadeira Luz já brilha. Aquele que diz estar na Luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão, permanece na Luz, e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos.
A VITÓRIA SOBRE O MALIGNO (2; 12-14)
Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome. Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o maligno. Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pai, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o maligno.
NÃO DE DEVE AMAR O MUNDO (2; 15-17)
Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
OS ANTICRISTOS (2; 18-26)
Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora. Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento. Não vos escrevi porque não saibais a verdade; antes, porque a sabeis, e porque mentira alguma jamais procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai. Permaneça em vós o que ouvistes desde o princípio. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis vós no Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele mesmo fez, a vida eterna. Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar.
A UNÇÃO DO ESPÍRITO SANTO (2; 27-29)
Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou. Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda. Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a Justiça é nascido dele.
DEUS É PAI E É SANTO. SEUS FILHOS SÃO TAMBÉM SANTOS (3; 1-6)
Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro. Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.
OS FILHOS DE DEUS E OS FILHOS DO MALIGNO (3; 7-10)
Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a Justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica Justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.
O AMOR AOS IRMÃOS E O ÓDIO AO MUNDO (3; 11-24)
Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia. Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si. Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade. E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranqüilizaremos o nosso coração; pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou. E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu.
OS FALSOS PROFETAS E OS VERDADEIROS CRENTES (4; 1-6)
Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo. Eles procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.
 DEUS É AMOR (4; 7-21)
Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deu; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito. E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele, em Deus. E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso, pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão.
A FÉ QUE VENCE O MUNDO (5; 1-5)
Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e praticamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos, porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?
O TRÍPLICE TESTEMUNHO SOBRE CRISTO (5; 6-12)
Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo; não somente com água, mas também com a água e com o sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na Terra: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito. Se admitimos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior; ora, este é o testemunho de Deus, que ele dá acerca do seu Filho. Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho, tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.
O PODER DA INTERCESSÃO (5; 13-19)
Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus. E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quando ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhes temos feito. Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue. Toda injustiça é pecado, e há pecado não para a morte. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, aquele que nasceu de Deus o guarda e o maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no maligno.
CRISTO É O VERDADEIRO DEUS E DEVE SER ADORADO (5; 20-21)
Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.
SEGUNDA EPÍSTOLA
PREFÁCIO E SAUDAÇÃO (1-3)
O presbítero à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade, por causa da verdade que permanece em nós e conosco estará para sempre, a graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor.
O AMOR FRATERNAL (4-6)
Fiquei sobremodo alegre em ter encontrado dentre os teus filhos os que andam na verdade, de acordo com o mandamento que recebemos da parte do Pai. A agora, senhora, peço-te, não como se escrevesse mandamento novo, senão o que tivemos desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é que andeis nesse amor.
OS FALSOS ENSINADORES E COMO TRATÁ-LOS (7-11)
Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo. Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão. Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más.
INFORMAÇÕES FINAIS. SAUDAÇÕES (12-13)
Ainda tinha muitas coisas que vos escrever; não quis fazê-lo com papel e tinta, pois espero ir ter convosco, e conversaremos de viva voz, para que a nossa alegria seja completa. Os filhos da tua irmã eleita te saúdam.

TERCEIRA EPÍSTOLA

PREFÁCIO E SAUDAÇÃO (1-4)
O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade. Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma. Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade.
O BOM EXEMPLO DE GAIO (5-8)
Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus; pois por causa no Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios. Portanto, devemos acolher esses irmãos, para nos tornarmos cooperadores da verdade.
DIÓTREFES, O AMBICIOSO. DEMÉTRIO, FIEL CRISTÃO (9-12)
Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja. Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus. Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho; e sabes que o nosso testemunho é verdadeiro.
INFORMAÇÕES FINAIS. SAUDAÇÕES (13-15)
Muitas coisas tinha que te escrever; todavia, não quis fazê-lo com tinta e pena, pois, em breve, espero ver-te. Então, conversaremos de viva voz. A paz esteja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos, nome por nome.


PARTE III


O SERMÃO DA MONTANHA



Vamos recordar as palavras de Pai Seta Branca em sua mensagem de 31.12.80: “Jaguar, meu filho, alertai! Poderás caminhar em praias desertas, sem te encontrares com um irmão... Poderás atravessar um castelo sem te encontrares com o dono que te deu o endereço... (...) O Homem é uma entidade espiritual que só pode ser feliz conhecendo o caminho de volta ao seu lar espiritual, de sua origem, o seu reino, a personalidade em Deus. O processo para se voltar ao Supremo é um ramo de conhecimento diferente e é preciso aprendê-lo no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo!” Em carta de 27 de abril de 1983, Tia Neiva nos transmitiu o que seria a Partida Evangélica em nossa Doutrina: “Filhos: Agora eu quero a vida evangélica: vamos, agora, fazer algumas renovações e enfrentar as coisas que eu nunca tive oportunidade de fazer. Quero uma nova distribuição de mestres para um curso evangélico. Teremos novas instruções para esses mestres e irei formar novos instrutores para o Desenvolvimento de médiuns a caminho das Iniciações. Estes terão que adquirir conhecimentos evangélicos, onde se tratará de Jesus ou de Sua vida. Serão conhecimentos de precisão, com mestres escolhidos com muito amor. Quero Jesus, o Caminheiro; quero Jesus, o Nazareno; quero Jesus redivivo; quero Jesus de Reili e Dubale. Eu não gosto que falem em Jesus crucificado. Quem somos nós para entrarmos nesse mérito? Jesus crucificado, ao lado do bom ladrão e do mau ladrão. Na maioria, os Homens só dão valor a Jesus por ter sido crucificado, e muitos já querem, também, se libertar do Jesus crucificado, dizendo que Ele tinha corpo fluídico. Não é verdade: Jesus passou por todas as dores do Homem físico da Terra. Não gosto que falem em Jesus crucificado porque poucos entendem, poucos sabem de Sua dor! Sabemos que Ele olhava para o Céu e estava perto de Deus, naquele grande cenário. Porém, olhando para baixo, sentiu-se entristecido ao ver o regozijo dos planos inferiores, a incompreensão daqueles que o olhavam sofrer na cruz. Jesus chorou porque, subindo tão alto, deixando seus irmãos na individualidade, viu que eles ainda não acreditavam que era Ele, realmente, o Messias, obedecendo às leis de Deus Pai Todo Poderoso. Exato: os Homens, há pouco, Lhe haviam permitido tudo, pensando ser Ele um rei, mas igual a um rei deste mundo físico. Entramos com a filosofia de Mãe Yara, que nada é obrigatório. O povo daquela época não raciocinava como se aquela atitude de Jesus fosse de humildade. Raciocinava, sim, como se fosse uma falta de força. Continuando com a filosofia de Mãe Yara, até hoje Deus não nos quer obrigado às doutrinas. O Homem só tem confiança no outro quando o vê com uma força maior. Longe estavam de sentir o poder de Jesus e, então, nos diz Mãe Yara: O Homem deixa sua grande força e vai buscar outra força, uma pessoa que, às vezes, nada promete. Assim, ele não permite que seu sexto sentido faça uma análise do seu Sol Interior, nos três reinos de sua natureza, rejeitando, na sua vida, a busca do que é seu. Jesus veio com todo aquele sofrimento e deixou que cada um o analisasse por si mesmo, em sua própria filosofia. O que eu quero é que vocês se conscientizem em Jesus, no Seu amor que era tão grande. Foi tão grande, é tão grande, e veio para nos mostrar que a felicidade não é somente neste mundo. Meu filho Jaguar! Neste mundo de provações, num mundo onde as razões ainda se encontram, a cada dia nos afloram novos pensamentos, novas lições. Porém, os planos espirituais ainda não conseguiram apagar as imagens de Jesus crucificado. Aqui no plano físico, desde quando foi escrito o Santo Evangelho, seus ensinamentos são iguais e, até hoje, ninguém se atreveu a mudá-los. O Homem ama pela força perceptível e receptível. Ninguém acredita na ressurreição dos mortos e, sim, na ressurreição do espírito vivo, mais alto que o Céu! O Homem só quer crer nas alturas, acima do seu olhar... Estamos no limiar do Terceiro Milênio e temos que afiar nossas garras! É hora da religião, do desintegrar das forças, e não podemos nos esquecer, por um só momento, da figura de Jesus, o Caminheiro, e de Seu Santo Evangelho. E para que sejamos vivos ao lado de Jesus, temos que respeitá-Lo em todos os sentidos e, no sentido religioso, temos que respeitar as tradições, porque a religião exige o bom propósito moral e social. Assim, a única maneira que podemos dizer é: vivemos num mundo onde as razões se encontram. No descortinar da minha mediunidade, minha instrutora - Mãe Yara - não me deixou cair no plano de muitos, e me advertia a toda hora. Eu podia sofrer, mas Mãe Yara e Pai João não me deixavam sem aquelas reprimendas. Não tinha importância que eu sofresse, desde que minha obra seguisse seu curso normal e eu fosse verdadeira. Em 1958, eu estava no auge de minhas alucinações, como diziam as demais pessoas que me conheciam. Quando eu trabalhava na NOVACAP, um dia me sentei num restaurante, porque me distanciara de casa. Estava conversando com três colegas e falávamos sobre nosso trabalho. Entramos no Maracangalha, um restaurante da Cidade Livre. Trouxeram uma travessa com bifes, por sinal muito bonitos. E era sexta-feira da Paixão! Eu tinha os princípios da Igreja Católica, mas nada levei em consideração e coloquei o bife no prato. Naquele instante (na vibração e na desarmonia em que eu vivia), ouvi uns estampidos e vi Mãe Yara. “Filha - disse Ela - continuas como eras... Já estás tão desajustada que esqueces dos princípios da Igreja Católica Apostólica Romana? Alerta-te! Cuida dos teus sentimentos. O dia de hoje representa, em todos os planos, os mesmos sentimentos por Jesus crucificado. Em todos os planos deste Universo que nos é conhecido sentimos respeito! Filha, está na hora: devolva o teu bife para a travessa do restaurante!” Eu estava na companhia de três pessoas, como já disse, e vi que não comiam a carne. Eles ainda não acreditavam em mim, entre a mediunidade e a loucura... “Coma amanhã - continuou Mãe Yara -. Não irás mais festejar as incompreensões, as fraquezas daquele pobre instrumento que foi Judas!...” Naquele instante comecei a pensar. Começaram a passar por minha cabeça imagens de Judas, que vendeu Jesus por trinta dinheiros. Mãe Yara, alheia aos meus pensamentos, continuava: “Judas não foi um traidor. Foi, sim, um supersticioso. Na sua incompreensão, acreditou ser Jesus um líder político. Judas tivera grandes oportunidades de conhecer Jesus, pois O acompanhava desde sua chegada do Tibete.” Nesse período, como já nos esclarecera Mãe Yara anteriormente, Jesus passou dos 12 aos 30 anos nos Himalaias, para onde fora levado com a permissão de Maria e José, Seus pais. Lá, Ele fora iniciar-se junto às Legiões em Deus Pai Todo Poderoso e formar o que hoje conhecemos como Sistema Crístico, os mundos etéricos. De lá Ele voltaria para o início da Sua tarefa doutrinária evangélica. Foi quando Jesus chamou aqueles humildes pescadores para serem pescadores de almas, e que viriam a ser em número de doze, estando Judas entre os escolhidos. Junto a Jesus, Judas sofreu humilhações nas sinagogas, quando os rabinos voltaram as costas para ele... Enfim, quantas lições recebidas, fenômenos testemunhados!... Mas só os pobres e os miseráveis O conheciam, analisava Judas em sua incompreensão, já cansado das perseguições naquela época, e pensando que, ao forçar um confronto entre Jesus e os homens que O perseguiam, Jesus, com um simples olhar, colocaria por terra toda aquela gente. Pensava, assim, forçá-Lo a usar os Seus poderes e ser, realmente, o rei do mundo. Lembrou-se, também, de quando foram convidados por Jesus para O acompanharem e que o dia estava ruim para pescar, e o Amado Mestre, atirando a rede sobre as águas, a trouxe cheia de peixes. Enfim, Judas não acreditaria que o Grande Mestre passaria por todas aquelas humilhações. Porém, não foi assim. O que viu foi Jesus ser amarrado e, a pontapés, ser levado à presença de Pôncio Pilatos... Não foi remorso. Foi um grande arrependimento, uma grande dor por não haver compreendido a grande missão de Jesus que o levou, chorando, pensando, a enforcar-se numa figueira. Formou-se um temporal, o céu escureceu, como escureceu sua própria alma. Por que vamos rir, festejar a sua grande desgraça?  Entre os diversos conceitos da Igreja que nós respeitamos e, como se tornou uma tradição em todos, ou quase todos sacerdócios, digo: nós não comemos carne às quintas e sextas-feiras da Semana Santa. Nós respeitamos esses conceitos. Eles não nos atrapalham em nossa vida evangélica. E respeitamos as tradições da Igreja Católica, que foi a base de todas as religiões. Veja até onde vai a superstição do Homem, veja o que aconteceu quando um grupo de mestres distribuiu suas forças e poderes de Magia, de sábios conhecimentos permitidos por Deus. Todos já ouviram falar em homens que recitavam a vida dos outros, que levantavam móveis, enfim, realizavam fenômenos e de que não vamos entrar no mérito agora. Um desses homens, muito sábio, sabia que levantava móveis, podia até mesmo fazer voar a sua tenda, mas viu que não curava a si mesmo, que as curas eram muito relativas. Ele tinha uma enorme ferida na perna e sabia que existiam muitas espécies de mediunidades, de forças. Sim, existem muitas espécies e, para ser mais prática, como sendo o Doutrinador e o Ajanã, que têm força universal, têm uma espécie de força de cura para perturbações do espírito ou limpeza das vidas materiais. E é assim, também, com outros tipos de curas. Sim, falamos em força universal. Esta expressão está sendo mal atribuída no nosso tempo. Os Pretos Velhos falam em força universal e muitos pensam que ter essa força é ter duas mediunidades. Não é verdade! A força universal é a de um médium - digamos, um Doutrinador - com uma espécie de força que cura todas as enfermidades. Veja isso num Apará, distribuindo bem a sua mediunidade. No Homem, é bem distinta essa força. O velho sábio supersticioso tinha força universal, mas não acreditava na força do carma. E aquela ferida nada mais era do que a voz do seu carma! Então, o velho sábio soube de um homem que curava, e se encaminhou para ele. Não sabia ele que ali em sua tenda, estava sob a regência da Lei do Auxílio, e sua perna, ali mesmo, recebia as gotas do prana. O velho sábio, incrédulo à sua própria força, partiu ao encontro do famoso curador. Era longe. No caminho, sua perna doía. As gotas de prana, não o encontrando na tenda, voltavam. Com muitas dificuldades, chegou lá e qual não foi sua surpresa dolorosa: a casa do curador estava cheia de outros sofredores, como ele, ali também lhe pedindo a misericórdia da cura. Foi quando o velho curador se aproximou dele e falou: “Meu Deus! Eu estava com uma ferida na perna, morrendo de dor, pensando em ir atrás do velho sábio de Venal, e ei-lo que chega! Eu já estou curado, já cicatrizou a ferida. Graças a Deus, estou bom! Oh, graças me foram dadas!  Meu mestre de Venal, em que lhe posso ser útil?” O nosso velho sábio, olhando de um lado para outro, pensava: havia se preocupado somente com a sua própria dor! É verdade, filho: cada fracasso de nossa vida nos ensina o que necessitamos aprender. Ajude a todos sem fazer exigências, confiando primeiramente nessa força que vive dentro de você, porque a fé em você mesmo firma a sua personalidade. Volte-se para si mesmo. Resolva os seus problemas sozinho. Escolha os seus amigos. Com a sua mente calma melhor poderá sentir os seus instintos, a sua capacidade, onde você poderá chegar e vencer a si mesmo. Conhecemos a Vida quando conhecemos a Morte! Então, o velho sábio, levantando as mãos, exclamou: “Ó, meus Deus, perdoa-me por duvidar da minha própria força!” E, envergonhado, sem coragem de olhar para o Céu e sentir o olhar de Deus, se entregou à sua força e pediu ao velho curador que trouxesse toda aquela gente para atendê-los, se aproveitando do prana. Enquanto isso, passava por sua mente: “Ó, Deus Pai Todo Poderoso! Seja feita a Sua santa vontade. Deixa que doa a minha ferida, que eu me levante do meu orgulho de sábio a caminho de Deus... Dá-me forças para que eu possa curar. Não tire minha ferida!” Quando viu, as pessoas já estavam curadas e ele, também curado, caminhava. (...) Estamos em alto conceito nos Oráculos de Obatalá e de Olorum. É chegada a hora de movimentar nossa força. Temos um Sol Simétrico. Somos remanescentes de Amon-Ra e, portanto, temos que viver na simetria deste Sol. Não podemos nos afastar do que é nosso, não podemos, absolutamente, trabalhar inseguros. Vivemos em um mundo onde as razões se encontram e a grandeza desta Corrente Mestra é a segurança de uma verdade sã e pura. Onde estivermos, aqui neste mundo, viveremos todo este acervo. Não é para buscar provas ou coisas que a valham. Provamos com nossa perseverança e com os fenômenos espontâneos trazidos pelos nossos Mentores. Passamos o tempo de brincar. Vivemos sob a aura da Natureza, respiramos o seu aroma, sentimos que somos diferentes da constituição dos demais. Só Deus conhece Deus, nos revelou um sábio do nosso Terceiro Sétimo! A vida de Deus é a nossa vida, e com Ele vibramos com amor e integridade! É chegada a nossa hora! Estamos pisando no limiar do Terceiro Milênio. Sei que seremos nós os primeiros a socorrer a pressão provocada pelos grandes fenômenos que virão, que surgirão. Sim, surgirão de muitos planos da Terra, nos horizontes das águas e, também, luzes, mil luzes que, junto a nós, nos ajudarão. A vida, filhos, se tornará além das nossas forças, das nossas dores... Não se esqueça, filho, da multiplicação do seu coração. Não cresça em si mesmo. Procure, sempre, ser pequeno para caber no coração dos demais. Cuide de si mesmo: o Homem só sabe que está evoluindo quando deixa de se preocupar com os malfeitos do seu vizinho.”

         Pelo Evangelho temos a manifestação de Deus na Terra, a concentração de todas as leis e de todos os profetas, é feita a ligação entre este mundo físico e a Espiritualidade. É o caminho, a Nova Estrada que devemos trilhar, renovando nossa energia mental, firmando-nos na conduta doutrinária e deixando nossas cargas negativas de invejas, ciúmes, orgulho, rancores, vinganças, estupidez e desentendimentos, para nos revestirmos de bondade e amor pelo conhecimento da Doutrina Crística. Não é uma simples coletânea de conhecimentos filosóficos a serem aprendidos, mas sim uma profunda dedicação à nossa transformação íntima, à renovação de nossos pensamentos, à gradativa ampliação de nossa sensibilidade, do aprofundamento de nossos sentimentos. Pelo Evangelho recebemos os ensinamentos de Jesus e os preceitos libertadores para que nossos espíritos possam sair da escuridão e evoluir para a Luz, com conhecimento e confiança, com total esperança de se redimir de suas deficiências. Tiago (3:17) nos ensina: “Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.”  Por sua Doutrina de puro Amor e Harmonia, Jesus faz brotar o que de bom existe no íntimo de cada um. Na medida em que vamos absorvendo a Luz do Evangelho, individualmente, vamos nos conscientizando de nossa posição na Doutrina. Não é preciso correr atrás de postos de comando, de posições onde emitimos nossas origens e nosso canto, pensando, vaidosos, chamar a atenção de mestres e pacientes para nossa atuação firme. Vamos nos deixar ficar como simples porém efetivos participantes dos trabalhos – como Doutrinador ou Apará, que ali se projetam nos planos elevados pelo Amor, pela Tolerância e pela Humildade, cumprindo as Leis do Amanhecer. Paulo, na I Carta aos Coríntios (1:17), declara: “Porque o Cristo me enviou, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz do Cristo se não faça vã!” É claro que não podemos, contidos por esses limites terrestres do espaço e do tempo, ir em busca de toda estas grandezas e, por isso, buscamos um ponto em que teríamos uma grande visão de toda a Doutrina Crística, uma semente que foi plantada nos corações daqueles espíritos, há dois mil anos, e que germinou, através dos séculos e que ficou conhecida como o Sermão da Montanha. Foi nas colinas de Kurun Hattin, a sudoeste do lago de Genezareth, na Galiléia, que Mateus relata: E ao ver Jesus a multidão, subiu a um monte e, tendo-se assentado, chegaram-se a Ele os seus discípulos. E abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:

1. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!

Jesus está fazendo uma referência àqueles que são pobres “pelo” espírito, conforme está registrado no texto grego do Evangelho, isto é, aqueles que se tornam pobres pelo desapego às coisas materiais, superando-se internamente, concluindo que os bens espirituais são mais importantes. Geralmente, o Homem Cientista e o Intelectual se elevam na vaidade e na soberba, achando-se melhores do que a maioria das pessoas e até mesmo superiores a Deus. Não aceitam os caminhos da mediunidade e desprezam os que se tornam místicos – estes, sim, para eles, verdadeiros pobres de espírito. Jesus nunca foi contra os ricos, como muitos querem dar a entender, e quando disse que seria difícil para um homem rico entrar no Reino dos Céus é porque, geralmente, este homem tem sua mente presa à sua fortuna, preocupando-se com manter e aumentar os seus bens materiais, acomodando-se no seu bem-estar, com isso dificultando sua progressão espiritual. Os que enriquecem apegados à riqueza começam a se afastar de seus compromissos cármicos, evitam até mesmo a proximidade de parentes e antigos amigos, preocupados somente em evitar pedidos de auxílio dos menos favorecidos, e mergulham num abismo tenebroso de egoísmo e orgulho. São comuns os casos de famílias abastadas que sofrem terríveis provações com seus jovens, criados sem uma escala de valores correta e sem conhecer seus limites e, o que é mais grave, sem evangelização, ingressando na violência e nas drogas. Na verdade, muitos desses espíritos vieram para despertar aqueles familiares para as responsabilidades que assumiram nos planos espirituais e que não estão sendo cumpridas, acomodados em suas vidas por causa do conforto material proporcionado pelos bens terrenos. Todavia, o homem cientista, intelectual ou rico pode ser pobre pelo espírito se conseguir não se escravizar por suas próprias idéias nem pelo ouro. Esse apego aos bens materiais pode ocorrer até com quem não seja rico: alguém que seja pobre materialmente pode ficar dominado pela ambição de possuir ouro e prata, e cai num verdadeiro inferno pelo apego aos bens materiais que sonha obter. O importante é saber ter, bem como saber não ter! Nós somos bons ou maus pelo que fazemos e somos, e não pelo que temos e nem pelo que nos acontece. Jesus não considera culpa ser rico nem virtude ser pobre. Koatay 108 assegurou que o importante é saber ser rico e saber ser pobre. Aí reside a virtude, e é por onde podemos transpor a fraqueza e a insegurança da nossa personalidade para penetrar na força e na segurança da nossa individualidade. Quando em qualquer Templo do Amanhecer, encontramos os Jaguares - mestres e ninfas - de diversas camadas sociais, de diferentes níveis culturais, trabalhando ombro a ombro na Lei do Auxílio, aplicando as técnicas de manipulação das forças que lhes chegam dos Planos Espirituais, emanando com suas vibrações de amor todos os que ali estão, encarnados ou desencarnados, despojados de seus bens materiais e igualados em seus uniformes, com simplicidade de coração e humildade espiritual, acumulando nos planos etéricos o inestimável tesouro de seus bônus-horas, entendemos o que é ser pobre pelo espírito. Lembramos que Jesus advertiu: “Quem se exaltar, será humilhado, e quem se humilhar será exaltado!”. Dos humildes é o Reino dos Céus!

2. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra!

No cotidiano da vida, por conta de pressões psicológicas e sociais, o Homem é levado por sentimentos de ambição, ódio e vaidade que asfixiam sua natureza divina e o arrastam para conflitos em seus lares, em seus locais de trabalho material, sempre pronto para protestar, acusar e criticar. O Jaguar é o Homem que conseguiu superar seus instintos e sua força nativa, sua personalidade e seus conflitos, harmonizando seu Sol Interior e, consciente, conhecendo as técnicas dos trabalhos na Corrente do Amanhecer, equilibra sua individualidade. Torna-se o Homem manso, que desistiu de qualquer forma de violência, tanto física como mental - o poder da sua inteligência  - ou cósmica - a força de suas vibrações -, para conseguir atingir seus objetivos, para obter o que deseja. A História demonstra que todas as conquistas violentas tiveram um fim igualmente violento, porque não pode o Homem ser conquistado pelo ódio, pela luxúria, pela ambição - somente pelo amor! Em Mateus (11:29), temos a palavra de Jesus: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas!” Observando a conduta doutrinária, com o auxílio de seus Mentores e dentro dos ensinamentos da Doutrina do Amanhecer, o Homem se transforma no Jaguar e aprende a direcionar e a controlar o poder da inteligência e do seu padrão vibratório, abdicando do uso da violência, sabendo que está protegido pelos Planos Superiores. Entende que toda palavra ofensiva carrega forte impregnação de ódio e desarmoniza aqueles que estão ao seu redor. Assim, preocupa-se em manter sua conduta doutrinária, sem violências, ofensas, xingamentos ou palavrões, contendo-se para não proferir palavras nem assumir atitudes que possam ferir ou magoar o próximo. Mas esse comportamento  tem que ser feito de maneira sincera, sem disfarces, vindo do fundo de seu coração, sem vaidade nem orgulho. Isso o torna manso, equilibrado, transmitindo paz, segurança e tranqüilidade aos que estão ao seu redor. Sabe que tudo lhe virá por acréscimo, pelo seu merecimento. Passa, então, a possuir a força da benevolência e a suavidade espiritual, a ser manso de coração, passando com segurança e confiante na Espiritualidade Maior pelas tempestades que se desencadeiam nos carreiros terrestres, neste limiar do Terceiro Milênio, era em que será feita a separação do que é bom e do que é mau. Terminada a ceifa, em que o trigo será separado do joio, não haverá, neste planeta, lugar para os violentos e prepotentes, e os mansos herdarão a Terra!

3. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!

         Algumas traduções trazem a palavra “triste” em lugar de “que choram”, como se significassem a mesma coisa. Entendemos que Jesus quis designar o Homem insatisfeito internamente, aquele que ainda não encontrou a sua verdade, a sua realização íntima. Em sua jornada neste planeta, marcada pelo aprendizado e pelos reajustes, o Homem enfrenta grande variedade de dificuldades e dores, que vão desde sua vida familiar, seus esforços para melhorar sua condição social e financeira, para a realização de seus desejos, os desencontros e as separações de entes queridos, as enfermidades, enfim, toda uma série de conseqüências de suas atitudes egoístas, do orgulho e da vaidade. Isoladas pelos ressentimentos e amarguras, vemos muitas pessoas fugindo do silêncio e da solidão que as obriga a encontrar-se consigo mesmas, pelas manifestações ruidosas, pelas expressões da falsa alegria, com isso buscando enganar àqueles que as observam. E essa falsa alegria aumenta a tristeza e o choro, que  precipitam o Homem em terríveis abismos, conduzido pela incompreensão, pela solidão que o leva ao desespero, ao álcool e aos tóxicos. Pelo atendimento espiritual e por ação do desenvolvimento mediúnico iniciam a jornada numa estrada iluminada, onde poderão ser consolados e obter a graça da libertação de suas tristezas. Todavia, o Jaguar é muitas vezes considerado um Homem triste, porque, praticando a Doutrina, equilibrado em seus sentimentos e sabendo conter suas manifestações, não costuma dar grandes demonstrações exteriores de euforia ou tristeza e nem explosões de alegria ou de dor, limitando-se a viver em busca da verdade, da calma, da paz e de sua satisfação interior, entendendo o porquê de suas passagens em faixas estreitas e difíceis, que se alternam com períodos de bonança e tranqüilidade. A alegria íntima de quem está em sintonia com Jesus é silenciosa, imponderável. Para quem não entende nossa Doutrina, para aqueles que estão escravos das alegrias do mundo, sem capacidade de penetrar na suave alegria do Homem em paz com Deus e consigo mesmo, o Jaguar parece triste porque não sabe “aproveitar a vida”, desperdiçando seus momentos no Templo ao invés de ir para clubes e boates divertir-se, trocando sua vida social mundana por sua ação na Lei do Auxílio. Mas esses “tristes” - que não choram porque têm consciência de suas missões - já recebem o seu consolo pela remissão de faltas transcendentais e sabendo que estão aliviando seus carmas. Quando Jesus disse, em outra oportunidade, que “quem quiser seguir-me, negue a si mesmo, carregue sua cruz e me acompanhe, pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder sua vida por minha causa, encontrá-la-á. Pois, que adianta ao Homem ganhar o mundo inteiro com prejuízo de sua alma? Ou o que dará o Homem em troca de sua alma? Porque o Filho do Homem virá e retribuirá a cada um segundo as suas obras!”  estava se referindo a isso. Perder a vida não é desencarnar, mas, sim, renunciar às coisas mundanas e materiais. É claro que devemos equilibrar nossa vida material com a espiritual e agregar a Doutrina sem fanatismo ao nosso dia-a-dia. Mas o espírito sabe diferenciar as coisas e, com o passar do tempo, entendendo progressivamente o nosso íntimo, sabendo avaliar os campos vibratórios por onde passamos, vamos, intuitivamente, selecionando nossos passos, e verificamos a troca vantajosa que fazemos quando, em lugar de diversão em locais onde proliferam as más vibrações, as fofocas, a hipocrisia, o interesse e a falsa moral, podemos utilizar nosso tempo e nossas forças nos trabalhos da Lei do Auxílio. Pode parecer triste, mas o Jaguar se sente realizado e feliz no cumprimento de sua missão – e consolado!

4. Bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça, porque serão fartos!

         O Homem que não desenvolve a sua mediunidade na prática da Lei do Auxílio corre o risco de viver insatisfeito, descontente consigo mesmo, sofrendo os tormentos do infinito e a saudade de suas raízes. Sente que poderia fazer mais do que faz, e se inquieta por não encontrar o caminho que lhe dê paz e tranqüilidade. Entre a Paz e a Justiça que pretende em seu futuro, sofre a angústia e o peso de seus erros do passado, sem saber como manipular essas poderosas correntes que agem sobre tudo o que faz, o que pensa e o que fala. O Jaguar é aquele que se decidiu por um caminho, trilhando-o consciente e confiante, fiel à sua Iniciação e outras consagrações, buscando sua realização espiritual, na grandiosa jornada cujo final a mente humana não tem como alcançar. Sabe que a Justiça Divina o observa e o compreende quando age e reage de acordo com seu nível vibratório, seu amor, sua dedicação, e nos momentos difíceis, em que atravessa pontes estreitas, crises consigo mesmo e com aqueles que o cercam. O Jaguar se eleva, conhece cada vez melhor sua individualidade, é gradativamente menos influenciado por sua personalidade, e, consciente de seus compromissos transcendentais, passa a encarar o mundo de outra forma: passa a ter fome e sede de Justiça! Uma Justiça que não lhe causa temor, por ter seu coração purificado e por sua marcha dentro da conduta doutrinária. Sentindo a iniquidade e o egoísmo dos responsáveis pelos destinos materiais e sociais da humanidade, que mais impõem a Vingança do que a Justiça, o desequilíbrio moral e os descaminhos dos condutores de grande parte dos povos da Terra, a crescente interferência do Vale das Sombras nessas mentes, enlaçando líderes religiosos e cientistas em tenebrosos planos e experiências, o Jaguar trabalha e aguarda que a Justiça possa ser feita conforme ensinou Jesus. Não quer destruições ou vingança: dedica-se ao trabalho espiritual para que possa levar a Luz do Cristo, o mais intensamente que puder, até onde imperam as Trevas e a incompreensão. Suas vibrações tendem a  alcançar, um a um, aqueles que, encarnados ou desencarnados, caminham nas sombras da vaidade, da ambição, da inveja e do ódio, buscando despertar neles o conhecimento da Luz e do Amor. E, para todos, o Jaguar espera Justiça Divina!

5. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!

         Ser misericordioso é praticar o amor incondicional, o amor ensinado por Jesus, que nos ensinou a amar o feio, o doente, o fraco, o ignorante e o que se diz nosso inimigo com a mesma intensidade que amamos os saudáveis de corpo e mente, bonitos e agradáveis. É claro que existem vários aspectos do mesmo sentimento – Amor – e isso se evidencia em todos os casos que temos em nossa jornada. Amamos nossos filhos, nossos pais, nossos cônjuges, nossos parentes, nossos amigos, nossos animais – sempre dentro do mesmo princípio, porém com suas características próprias. Temos que despertar mais uma variante para esse elevado sentimento, para acolher aqueles que se dizem nossos inimigos e as coisas que nos são desagradáveis. Em Mateus (7:14 e 15) encontramos: “Porque se vós perdoardes aos homens as ofensas que tendes deles, também o vosso Pai Celestial vos perdoará os vossos pecados. Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará os vossos pecados!” Ter a consciência de sua missão faz o Jaguar ser misericordioso, porque aprende a amar todos os seus irmãos deste Universo, mesmo aqueles necessitados e incompreendidos, projetando seu ectoplasma iluminado por seu Sol Interior para a cura desobsessiva, na ajuda caridosa da Lei do Auxílio. Vemos o alcance do perdão na passagem relatada por Mateus (18:15, 21 e 22): “Portanto, se teu irmão pecar contra ti, vai e corrige-o entre tu e ele somente; se te ouvir, terás ganho o teu irmão... Então, chegando-se Pedro a Ele, perguntou: Senhor, quantas vezes poderá um irmão pecar contra mim para que eu lhe perdoe? Será até vezes sete? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes até setenta vezes sete”. Vemos, assim, que o que caracteriza a misericórdia é o perdão das ofensas, o total esquecimento daquilo que nos fizeram de mal, sem que sintamos ódios nem rancores. O Homem, enquanto simples cidadão que não desenvolveu sua mediunidade, é predominantemente social. Vive momentos complicados, mas somente vislumbra a situação pela ótica materialista. Se penetra em caminhos mais elevados da sua intelectualidade ou se envolve pelo misticismo, tende, de modo geral, a se tornar solitário. O Jaguar, o Homem que desenvolveu sua mediunidade, que superou a intelectualidade e o misticismo pelo conhecimento doutrinário, torna-se solidário! Aprende, em sua missão, que a passividade não pode dominá-lo, porque ninguém pode ser bom se não fizer o Bem. Lança-se ao trabalho espiritual, agindo não só no Templo, mas em qualquer lugar que esteja, com a consciência de sua força, da assistência de seus Mentores, procurando agir onde houver dor, desesperança, sofrimento ou aflições, levando a harmonia e a paz, vivendo ativa e intensamente as 24 horas de cada dia. Na II Carta aos Tessalonicenses (3:13), Paulo nos exorta: “E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem!”, alertando-nos para muitos casos em que vemos nossos irmãos interromperem suas jornadas sob a alegação de cansaço. O trabalho na Lei do Auxílio, feito com amor e dedicação, jamais nos cansa. Pelo contrário, nos dá a força e o entusiasmo de podermos servir ao próximo, nos abastecendo com energias que se renovam e nos ajudam em nosso progresso espiritual. O Jaguar aprendeu que a misericórdia tem suas qualificações corporais e espirituais, como o Cristo exemplificou, tratando das feridas do corpo e do espírito, curando, ensinando, enxugando as lágrimas, corrigindo, perdoando e amando! Confia nas palavras de Jesus: “...e aquele que viver e praticar a misericórdia, receberá a misericórdia divina!...”  Em outra passagem, relatam os Evangelistas que os fariseus criticaram duramente Jesus porque estava sentado à mesa, da qual participavam pescadores humildes e desprezíveis coletores de impostos, tendo o Divino e Amado Mestre respondido: “Não necessitam médicos os que estão com saúde, mas sim os doentes! Ide e aprendei o que quer dizer misericórdia! Misericórdia é o que eu quero, não sacrifícios!... Vim, não para chamar os justos, e sim os pecadores...” . E quando Jesus explicou que o maior mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas, mas que, de igual importância, é o que manda que amemos nosso próximo como a nós mesmos, entendemos que devemos exercer a misericórdia com todos e, também, conosco. Preso no invólucro material, deve o Jaguar cuidar da higiene e da saúde de seu corpo, descansando, trabalhando, dormindo e com pleno exercício de todas as suas atividades mentais e físicas, tratando-se quando for necessário consultas com médicos da Terra, cumprindo recomendações médicas e dando o apoio, principalmente, aos seus familiares, sob todos os aspectos - material, social e moral -, atentando para o fato de que o Jaguar harmonizado é aquele que sabe manter equilibrados os dois pratos da balança: o físico e o espiritual. Praticar a misericórdia sem sacrificar seu lar, sua família ou a si próprio. Misericórdia, sim; sacrifício, não!

6. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus!

         O Jaguar é o Homem que busca limpar seu coração, tirando a terra que o impediria de cumprir sua missão, superando sua personalidade e modificando-se internamente. Tem o Jaguar de se livrar de seu ego, libertar-se dos valores materiais, harmonizar-se com o Universo, abrigando o amor e desprezando o egoísmo, o orgulho e a vaidade. No Evangelho de Marcos (10: 14 a 16) vemos a reação de Jesus quando os discípulos repreenderam as pessoas que haviam trazido crianças para serem abençoadas: “Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e lhes disse: Deixai vir a mim os pequeninos! Não os embaraceis, porque deles é o Reino de Deus! Em verdade vos digo: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele! Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava.” Esse o exemplo para que tenhamos sempre a doçura e a inocência – ou falta de maldade – que vemos nas crianças, para termos limpos os nossos corações. Só sabe amar o Homem livre do seu egoísmo, que faz uma reforma profunda em seu interior, libertando-se do jugo de sua personalidade e reformulando sua escala de valores. Quantos casos conhecemos de pessoas que empregam negativamente grandes dons inatos que receberam para missões grandiosas, e, por isso, têm existências angustiosas e mesquinhas, invejando os menos aquinhoados pela vida material mas que desenvolvem suas forças mediúnicas e, trabalhando na Lei do Auxílio, cumprem em paz suas jornadas. O Jaguar busca sua evangelização progressiva, melhorando, com isso, o alcance da sua emissão e a captação de forças cósmicas e telúricas, tornando-se instrumento cada vez mais afinado da Espiritualidade Maior. Entende e analisa o momento vivido, captando a centelha divina que se projeta de cada fato, de cada acontecimento que enfrenta. Assim, torna puro o seu coração e desempenha com maior eficiência sua missão. Sem maldade e sem malícia, consciente de suas obrigações, cumprindo e fazendo cumprir as Leis da nossa Doutrina do Amanhecer, vivendo equilibrado e harmonizado dentro da obediência à conduta doutrinária, o Jaguar tem confiança nas palavras do Cristo, reunindo condições de ter limpo o seu coração e, com isso, poder ver Deus!...

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